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Músicos Avulso - Ricardo Dias (Heavenwood)

"O portuense transmite um feeling diferente às músicas que cria"

Aqui começa o verdadeiro “striptease” intelectual aos músicos da nossa praça e arredores, do mais reconhecido ao anónimo. Sem descriminar ninguém e fazendo jus ao título desta rubrica, a SoundZone tentará dar a conhecer ao público o lado menos visível e mais humano dos artistas desprendendo-se do conceito de banda. A filosofia é a da descompressão, do entretenimento, de um certo “recreio dos sentidos”, mas sempre com o intuito de se tentar transmitir pontos de vista, personalidades e vivências que nos possam servir de referência. A SoundZone pretende também com este um espaço interactivo. Por isso, fazemos o apelo aos nossos leitores para que nos sugiram por e-mail questões e artistas que gostariam de ver neste formato. Aqui (quase) nada ficará por dizer.

Data de nascimento e naturalidade.
13 de Outubro de 1977 (34 anos). Natural de Paranhos ou terra do clássico Salgueiros.

Como descreve sua terra natal e que sentimentos esta lhe traz? Gosta de ter crescido lá ou se pudesse tinha escolhido outra localidade ou mesmo país para nascer?
Jamais. Portugal abraça os extremos da chamada personalidade humana, é capaz do melhor e do pior. Talvez seja o melhor local para evoluirmos em matéria de espírito e mente. Abusamos do materialismo e depois refugiamo-nos no espiritualismo. No meio está a virtude. Respondendo concretamente à questão, o Porto é tradicionalmente conhecido por ser acolhedor, um bom “garfo” e as pessoas com a resposta sempre na ponta da língua. No Porto existe desde sempre um espírito de unidade e companheirismo. Desde cedo ficámos com as tripas para as embarcações levarem as carnes na época dos descobrimentos e isso marca gerações. Acredito que os portuenses orgulham-se dos seus feitos mas têm consciência dos seus defeitos. As restantes regiões portuguesas que me desculpem, mas o portuense transmite um feeling diferente às músicas que cria, independentemente do estilo musical em causa.

Que traço faz da sua infância? Lembra-se das brincadeiras e traquinices que tinha? Que tipo de miúdo é que era?
Andava sempre com a "cabeça na lua", um pequeno filósofo preocupado com harmonia nos pequenos grupos criados desde o futebol, às escondidinhas ou juiz dos traquinas e problemas de consciência relativos às campainhas de porta, fisgas ou à "apanha das amoras". No futebol senti sempre a necessidade de defender a equipa e os resultados, ou seja, ia sempre para a baliza por imposição minha e impulsionava a "armada ".

Na escola era um aluno empenhado? Que matérias/áreas mais o entusiasmavam e, por outro lado, quais as que mais detestava?
Sim, as áreas que mais me interessavam eram todas aquelas nas quais podia apanhar e apontar defeitos ou via alternativas ao que me tentavam "impingir". Por outro lado, era fascinado pela Educação Visual. 

Lembra-se de algum momento marcante enquanto estudante? Alguma curiosidade, brincadeira, traquinice, alguma contenda com um professor?
Tive bastantes problemas no futuro em termos universitários por colocar sempre em xeque as teorias dos gurus da gestão, porque na minha óptica a visão deles jamais seria possível de ser aplicada à nossa realidade e daí questionar qual a “lógica da batata”. Recordo-me perfeitamente de ter levado uma nota baixa em Gestão por não ter falado acerca dos gurus "estandardizados" escolhendo Richardo Branson da Virgin como um padrão/modelo a seguir no futuro pelas novas gerações. Esse” choque" desmotivou-me ao perceber que queriam fazer de mim mais um carneiro.

Concorda com o novo acordo ortográfico?
Não.

A sua ligação ao metal surge quando e como?
Aos 13 anos ao som dos Iron Maiden em alta rotação!

Como aprendeu, neste caso, a tocar guitarra ou mesmo a cantar já que faz também algumas vozes nos álbuns dos Heavenwood?
Praticando e simulando o "…And Justice for All" com uma raqueta de ténis adaptada com uma corda de forma a simular um cinto de guitarra. Sou autodidacta e comecei directamente na guitarra eléctrica oferecida pelos meus pais num sábado de Agosto. O meu primeiro kit foi, e ainda o tenho guardado, uma Yamaha RGX 110 e um amplificador Samick de 15w.

Qual foi o primeiro disco de metal que ouviu e o que comprou?
Os singles “2 Minutes To Midnight” e “Aces High” dos Iron Maiden.

Sempre ouviu metal ou teve aquela fase em que ouvia tudo o que lhe aparecia? Tem, por exemplo, vergonha de certas coisas que ouvia?
Não, tenho muito orgulho nos meus Duran Duran!

Qual foi o primeiro concerto a que assistiu?
Peste & Sida com Censurados, perto do Rio Douro.

E o que mais o marcou até hoje e porquê?
Carcass no Pavilhão Infante de Sagres. O "Heartwork" marcou muitos portugueses.

Quais são as suas habilitações literárias e qual é a sua ocupação profissional?
Estudei Gestão de Recursos Humanos. Trabalho com guitarras, mas tenho pouco tempo para tocá-las... Surreal!

Para si, qual seria a profissão ideal?
Toda aquela que nos encha a alma e o bolso

Qual é o seu grande hobby?
Fazer viagens ao abismo da minha alma.

Qual a viagem que mais o marcou até hoje e qual é o seu destino preferido de férias?
Todas as viagens que faço com a minha filha e com a minha mulher, desde casa ao infantário até às efectuadas por Portugal fora. Os meus destinos preferidos de férias são Vila Praia de Âncora e Alentejo.

Que local ou país deseja mais conhecer?
O Universo, a Antártida e a Austrália.

Tem um disco, canção, filme ou série da sua vida?
O filme da minha vida será “Blade Runner” [Ridley Scott, 1982].

No sentido inverso: pior disco, canção, filme…
Não tenho por hábito ouvir o que não aprecio... 20 segundos chegam para chegar a uma conclusão.

Pratica ou acompanha algum desporto?
Pratico os desportos que todos os portuguese praticam… 

É adepto de algum clube de futebol nacional? Qual?
Sim, sou fã da Selecção Nacional!

Utiliza as redes sociais? Que visão tem dessas e que papel lhes atribui?
Sim, considero ferramentas imprescindíveis quando utilizadas da forma correcta.

Consome ou já consumiu ilícitos?
Não.

Uma noite perfeita?
Em família, em estúdio ou num concerto dos Heavenwood.

É casado? Tem filhos?
Sim, tenho uma filha.

Que facto mais o orgulha e envergonha na história nacional e/ou internacional?
Tenho orgulho do nosso passado, tristeza (não vergonha) do nosso presente, mas acredito que no futuro Portugal terá um papel fundamental (não digo crucial) nas forma de ver, estar, pensar e sentir neste globo chamado Terra.

Acredita em Deus? É devoto de alguma religião?
Sim, acredito no conceito de Deus como ser no qual vivemos e fazemos parte. Temos de uma vez por todas que entender, se quisermos perceber, que fazemos parte de um organismo. Custa assim tanto perceber isso?

Acredita em fenómenos paranormais? Já presenciou algum?
Acredito. Então quando vou ao Multibanco ou tenho de pagar contas… ui!

E em extraterrestres?
Sim.  

Para si, qual é o maior flagelo mundial?
Toda e qualquer atrocidade para com um ser humano.

Qual é a sua opinião sobre o aborto e o casamento homossexual?
O Homem como ser é livre de fazer o que entender desde que essa liberdade esteja limitada a si próprio no que respeita à causa-efeito. A singularidade também irá dar que falar em termos de evolução.

Gosta de animais? Tem algum?
Sim. Tenho um pássaro.

Gosta de videojogos? Qual o seu tipo e/ou jogo favorito?
Já gostei mais. Não tenho tempo para "videojogar" mas fui completamente addicted ao fenómeno ZX Spectrum!

Enquanto músico, qual foi o momento mais marcante da sua carreira?
A gravação do álbum "Diva” e saber que vendeu 20 mil cópias na Europa, bem como a primeira tour com Atrocity e In Flames. O suicídio do nosso primeiro baixista Rui Santos foi, e ainda é, uma sensação estranha.

E o mais insólito?
No primeiro concerto dos Heavenwood como Disgorged, em 1993, no Largo de Canela (Vila Nova de Gaia), esqueci-me de ligar o amplificador!

Arrepende-se de algo que fez na música?
Não me arrependo de nada do que faço. Penso antes de o fazer.

Tem ainda algum sonho por cumprir na música?
Desafiar-me cada vez mais de forma a fazer mais e melhor música.

Qual é a sua banda/artista nacional e internacional preferidos?
Carlos Paredes e os Iron Maiden.

O que acha da qualidade dos músicos e bandas nacionais?
Estamos de boa saúde.

O que acha que falha, se é que alguma coisa falha, no panorama musical nacional? Acha que há qualidade e quantidade de infraestruturas e público suficientes?
A nível da cena internacional, mas falta ainda mais carisma, emotividade e entidade de forma a cortar caminho. De resto, as bandas portuguesas, finalmente, têm todas as condições para tentarem entrar no comboio e disfrutar da viagem.

A internet é um problema ou uma virtude para os músicos e/ou a indústria discográfica?
Para ouvir, não vejo quaisquer problemas. Quem apreciar irá comprar certamente ou segundo a lei de defesa do consumidor não temos o direito a devolver se não ficarmos satisfeitos com o produto? Já imaginaram os Metallica verem devolvidos os milhares de "Lulus" nas lojas por insatisfação? Quanto a sacar e vender ilegalmente, logicamente que sou contra.

O que acha dos organismos que gerem os direitos de autor, nomeadamente a SPA?
Sou membro há bastante tempo da SPA, mas até á data não tive qualquer proveito. Por isso, pergunto para que serve no meu caso, bem como a GEMA por causa do "Diva" e do "Swallow" e recentemente temos o "Abyss Masterpiece" da Listenable Records via Warner, mas não ganho nem perco com isso.

Concorda com as leis que estão a ser estudadas para combater a pirataria (ACTA, SOPA, etc)?
Essas leis, mais tarde ou mais cedo, deixarão de surtir efeito, porque irão de depender de leis acima. As pessoas queixam-se da pirataria no termo de sacar para ouvir ou sacar para vender?

O que é que o irrita mais?
A mentira e faltarem à palavra.

Qual é a maior surpresa que o podem fazer?
Paz.  

Já praticou algum acto de solidariedade? Se sim, qual?
Pratico-os todos os dias com crianças carenciadas. Sugiro a todos aqueles que, por exemplo, pensam que não andam a fazer nada no mundo ou que vivem alheios da realidade, ora aqui está uma missão! 

Acha que ainda tem algum dom escondido por revelar?
Tenho a certeza que sim.

Prefere o Verão ou o Inverno? O sol ou o frio? A praia ou a neve?
O Outono, sol, praia.

Qual é o carro dos seus sonhos?
Não tenho carros de sonho, não sou materialista.

Sente-se dependente do telemóvel?
Infelizmente, sim.

Qual é a sua comida favorita?
Toda a comida cá de casa!

E a bebida?
Água e Vinho Maduro Tinto.

Sabe cozinhar? Qual o prato que confecciona com maior mestria?
Estrelar ovos e batatas fritas não conta, certo? 

Qual é o seu maior medo?
Tenho mais medo de tudo aquilo que existe contra o que não existe ou possa vir a existir.

Tem alguma fobia?
Não.  

Neste momento está optimista em relação à recuperação económica do país?
Terá de recuperar de qualquer das formas, quanto mais não seja do ~4 para ~2 já é uma falsa recuperação!

Identifica-se com alguma ideologia política?
Não comento.

Se pudesse recuar no tempo, até onde e quando recuava?
Ao tempo dos Descobrimentos.

Acredita na reencarnação? Em quem ou no que gostava de reencarnar numa outra vida?
Sim, mas a reencarnação não se processa dessa forma.

É supersticioso?
Não.

Para si, como se descobrem as verdadeiras amizades? O que é uma verdadeira amizade?
Com os gestos, atitudes directas e indirectas e com o tempo. A verdadeira amizade significa "irei contigo até ao fim".

Tem tatuagens?
Não. Sinceramente, é algo que nunca me fascinou o suficiente para fazer, mas não posso dizer "desta água nunca beberei".

Considera-se vaidoso? Que cuidados tem com a aparência e a saúde?
Penso que todos nós somos minimamente "vaidosos ". A auto-estima é importantíssima no equilíbrio da nossa personalidade ou do nosso eu.

Que tipo de roupa nunca seria capaz de usar?
Uma mini-saia não é lá grande ideia…

Qual o seu maior defeito e a sua maior virtude?
Por vezes sou exigente e injusto. Outras vezes sou pouco exigente e justo.
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