Cérebro activo e curioso atrasa envelhecimento
O médico especialista em Bioética Daniel Serrão defendeu hoje, em Vila Nova de Gaia, que à semelhança do que acontece com o exercício físico deve apostar-se em atividades que mantenham o cérebro ativo para atrasar o envelhecimento.
"Manter o cérebro curioso, em curiosidade permanente, faz com que o indivíduo se mantenha 'ativamente vivo', porque é no cérebro que envelhecemos", afirmou Daniel Serrão, na conferência "Seniores -- um novo estrato etário e social", integrada nas Jornadas sobre Envelhecimento Ativo, organizadas pela Santa Casa da Misericórdia de Gaia.
Com 85 anos, este investigador frisou que "as articulações podem não funcionar bem, mas não é o envelhecimento corporal que conta, é o envelhecimento do cérebro. Vemos isso muito bem nos doentes com Alzheimer e com demências senis. Os corpos podem estar perfeitos, mas o cérebro deixou de funcionar porque envelheceu".
"As pessoas são cérebro e é em relação ao cérebro que é preciso trabalhar, a par do exercício físico, com certeza. E a melhor forma de ativar o cérebro é mantê-lo curioso e voltado para o mundo exterior", disse.
Daniel Serrão referiu que esta faixa etária, com mais de 65 anos -- que ronda os "dois milhões" de indivíduos -- "é hoje muito cobiçada por aqueles que espreitam o negócio. Reparem no elevado número de instituições privadas que oferecem uma vida boa, com estimulação cognitiva, atividade física e viagens, entre outras".
Daniel Serrão apontou três grupos de pessoas na terceira idade: as pessoas saudáveis, ativas e independentes e que ainda podem prestar um contributo para a sociedade, os indivíduos que tendo alguns problemas de saúde arranjam pretextos para nada fazerem, tornando-se assim inativos e dependentes de outros, e o idoso que entra no processo de morrer.
Considerou ainda que a declaração de 2012 como "Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações", instituído pelo Parlamento Europeu, tem toda a razão de ser, dado que em Portugal um quinto da população (cerca de 2 milhões de pessoas) têm mais de 65 anos.
Por Lusa
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