Review - Disaffected - "Rebirth"
DISAFFECTED
“Rebirth”
[CD –
Massacre Records]
Perfeitamente a preceito, o título deste álbum é uma
homenagem directa ao regresso de uma das mais promissoras bandas nacionais dos
anos 90. Do lado de cá da barricada, leia-se público, entre a nostalgia dos
veteranos e a curiosidade dos mais novos, a esperança generalizada de que o
novo futuro não lhes seja efémero.
E o desejo justifica-se pela interessante desenvoltura com
que a banda formada em Cascais, em 1991, se apresenta neste sucessor do
longínquo “Vast”. Para os que não sabem, os Disaffected acotovelam-se em
espaços tão díspares como o death metal, o progressivo e, em grande foco neste
disco, o jazz.
Sendo que os Atheist ou mesmo os Cynic foram capazes de
ensinar como esta mistura podia ser tão reactiva e explosiva (e note-se que
para os Cynic há aqui a homenagem às vozes robóticas), não temos propriamente os
Disaffected a inventarem a pólvora, mas a dar uma interpretação honesta desta linguagem, onde cabem virtuosismos técnicos e estruturas
dinâmicas capazes até de nos remeterem a ocasiões para um bar de subúrbio que
fede a tabaco e bebidas brancas (o jazzístico final de “Arrival” é a prova
perfeita).
Enquanto isso, o espírito deste álbum não se distância muito
do de “Vast”, até porque há um sentido de irmandade como se comprova pela
sequela “Dreaming III (A Nightmare)”. E nesta senda de entrosamento mais
cerebral, encontramos riffs que marcam presença em vários temas, numa tentativa
de tornar “Rebirth” numa peça devidamente encadeada.
Entretanto, não seria de esperar que este fosse um disco
muito simpático para os ouvintes menos calejados. Mesmo assim, crê-se possível que
a banda possa tornar toda esta ousadia experimental em algo momentaneamente
mais digerível, como sugere o fantástico piano de Bianca Pintea em “Miracle
Dance” ou a superior voz de Célia Ramos (Mons Lunae) em “Evilution Within”. E
por falar em participações, não há como não referir as de Mike Gaspar
(Moonspell) e Joaquim Aires (Before The Rain) na bateria.
E é com um sentimento de crença na sua música e uma
vontade de ver recuperar algo que dirá muito da adolescência de Sérgio Paulo
(guitarrista), António Gião (baixista) e José Costa (vocalista), bem como do
underground nacional, que saudamos este regresso... quando já ninguém esperava. [7.2/10] N.C.
Nota de estúdio: produzido por Fernando Matias (The Pentagon
Studios, Lisboa)
Estilo: death metal progressivo
Origem: Cascais (Portugal)
Formação: 1991
Alinhamento:
1. “Mankwala” (1:48)
2. “C.ult O.f M.y A.shes” (9:48)
3. “Getting Into The Labyrinth” (8:19)
4. “Dreaming III (A Nightmare)” (9:05)
5. “Evilution Within” (7:09)
6. “Miracle Dance” (2:08)
7. “Our Will” (5:38)
8. “Hypnotic Prophecy” (8:02)
9. “The Rebirth Of…” (5:02)
10. “1460 Steps To Divine” (4:56)
11. “Arrival” (3:46)
Duração: 66:42 minutos
Elementos:
- José
Costa (voz)
- Sérgio Paulo (guitarra, flauta, trompa)
- António Gião (baixo)
- Rodrigo Domingues (teclado)
- Octávio Custódio (bateria, segundas vozes)
Discografia:
- “…After”
(Demo – 1992)
- “The
Birth Of A Tragedy” (CD compilação – 1992)
- “Vast” (CD – 1995)
- “Slatanic Slaughter II” (CD compilação – 1996)
- “Rebirth” (2012)