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Cradle Of Filth - «V Empire (Or Dark Faerytales In Phallustein)»

CRADLE OF FILTH
"V Empire (Or Dark Faerytales In Phallustein)"
[EP - Cacophonous]

Será sempre difícil prever que um mini-CD, uma reduzida lista de temas que muitas vezes só serve para tapar algum buraco editorial/temporal, consiga catapultar uma banda e constituir presença obrigatória no seu repertório em mais de 15 anos. Pois é assim o papel de "V Empire.." na vida dos revolucionários Cradle Of Filth, cuja visão do black metal deixou marcas intemporais na música extrema.

Contudo, como se dizia atrás, as bandas poucas vezes encaram registos deste género como algo criativamente importante e neste caso também não foi um acto propriamente natural. "V Empire..." surge no trânsito para a Music For Nations e como cumprimento do contracto com a Cacophonous, mas, nem por isso, os Cradle Of Filth, aqui acompanhados por uma nova fornada de músicos onde constam Stuart Anstis (guitarra), Damien Gregori (teclados) e Sarah Jezebel Deva (segundas vozes) - isto em relação ao disco de estreia "The Principle Of Evil Made Flesh" (1994) -, deixaram de se empenhar ao máximo na sua música.

É com "V Empire...", em 1996, que o sexteto de Suffolk (Inglaterra) mostra toda a sua intenção de se demarcar dos demais projectos de black metal que despontavam, sobretudo, da Noruega no início da década de 90. O ódio contra a religião não era uma obsessão e para além da parte musical fundir algo muito mais abrangente como o gothic e o symphonic metal, a banda tinha em Dani Filth um literato de excelência deslumbrado pela poesia, mitologia e pelo vampirismo, onde a sensualidade feminina era factor de destaque. Daí, para além da sua voz estridente e absolutamente impar à altura (mais tarde fielmente emulada pelos Hecate Enthroned), estavam letras que davam aos temas de "V Empire" um ar guloso, em que os fãs não resistiam em besuntar-se até não sobrar uma única palavra (mesmo que fossem debitadas, por vezes, a um ritmo alucinante).

"V Empire..." é praticamente perfeito, talvez também por ser um registo de curta duração (apesar dos cerca de 35 minutos). Não há espaço para fillers e tudo flui com a maior mestria e inspiração. Por esse motivo, é difícil destacar um tema, mas pela sua dinâmica, poder, mensagem, misticismo e ar de peça progressiva, "Queen Of The Winter, Throned" torna-se um marco, não só deste disco mas de toda a carreira dos Cradle Of Filth. Se Dani é alma e o timoneiro do grupo, também sempre se notou o papel fulcral do baterista Nicholas Barker. Aliás, percebe-se perfeitamente a sua influência quando deixa os Cradle Of Filth, em 1999, e ingressa nos Dimmu Borgir onde, curiosamente, grava dois dos mais poderosos e bem-sucedidos álbuns do grupo norueguês ("Puritanical Euphoric Misanthropia", de 2001, e "Death Cult Armageddon", de 2003). Não é possível também contornar o excelente contributo do guitarrista Stuart Anstis que, apesar de não ser dos mais recordados na vasta lista de elementos que passaram pela banda, acaba por estar presente - sem se acreditar em coincidências - em dois dos álbuns mais importantes dos Cradle Of Filth - "Dusk... And Her Embrace" (1996) e "Cruelty And The Beast" (1998). Curiosidade ainda que Stuart é o Jared Demeter creditado neste EP como segundo guitarrista. Diz-se que foi uma intenção da banda preservar a imagem de sexteto.

Numa altura que despontava uma segunda vaga do black metal, aquele que os mais ferrenhos consideram o genuíno, soprado da Noruega por nomes como Mayhem, Darkthrone, Immortal e Emperor, e no mainstream o grunge acabava de assinar o seu óbito para dar o lugar ao nu-metal, não deixa de ser interessante que uma banda, ainda assim, tão extrema e profana, conseguisse criar tanto furor junto das massas ao que não fica alheio a imagem chocante tanto em álbum, como ao vivo e muito particularmente no merchandise (quem não se lembra de ouvir falar de fãs e músicos presos por usarem a t-shirt "Vestal Masturbation/Jesus Is A Cunt, onde se vê uma freira a masturbar-se?).

Apesar do caminho descendente, tanto a nível de popularidade como de criatividade, que os Cradle Of Filth tomaram sensivelmente desde "Damnation And A Day" (2003), o mundo nunca se livrará da importância histórica de um grupo que mostrou a virtude de escrever música extrema sem preconceitos. E neste particular encontramos, claro está, "V Empire...". N.C.

Data de lançamento: 22 de Abril de 1996
Nota de estúdio: produzido nos Academy Studios (Inglaterra)
Estilo: black/gothic/symphonic metal
Origem: Suffolk (Inglaterra)
Formação: 1991

Alinhamento:
1. "Ebony Dressed For Sunset" (2:50)
2. "The Forest Whispers My Name" (4:41)
3. "Queen Of Winter, Throned" (10:27)
4. "Nocturnal Supremacy" (5:53)
5. "She Mourns A Lenghtening Shadow" (3:42)
6. "The Rape And Ruin Of Angels (Hosannas In Extremis) (8:55)
Duração: aprox. 35 minutos

Elementos:
- Dani Filth (voz)
- Stuart Anstis (guitarras)
- Robin "Graves" Eaglestones (baixo)
- Damien Gregori (teclados)
- Nicholas Barker (bateria)
- Sarah Jezebel Deva (segundas vozes)

Discografia (álbuns de estúdio)
- "The Principle Of Evil Made Flesh" (CD - 1994)
- "Dusk... And Her Embrace" (CD - 1996)
- "Cruelty And The Beast" (CD - 1998)
- "Midian" (CD - 2000)
- "Damnation And A Day" (CD - 2003)
- "Nymphetamine" (CD - 2004)
- "Thornography" (CD - 2006)
- "Godspeed On The Devil's Thunder" (CD - 2008)
- "Darkly, Darkly, Venus Aversa" (CD - 2010)




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