Review - Testament - "Dark Roots Of Earth" | SounD(/)ZonE

TESTAMENT

"Dark Roots Of Earth"

[CD - Nuclear Blast]

Como uma das maiores instituições do thrash metal, cada álbum é um manifesto de responsabilidade e uma celebração para os fãs. Idem, para uma das bandas mais "azaradas" da cena metálica - com várias graves patologias diagnosticadas aos seus membros e inúmeras mexidas na formação da banda ao longo dos anos - a vida dos Testament merecia a aparente e relativa estabilidade que regista ultimamente.

Pese embora Paul Bostaph não transite de "The Formation Of Damnation", de 2008, para "Dark Roots Of Earth", o regresso de Gene Hoglan é também muito saudado e um certo remexer na história do grupo, já que também gravou "Demonic", em 1997, e é, per si, um dos maiores trituradores de baterias do planeta.

Depois de um regresso muito aguardado com "The Formation Of Damnation", e bem sucedido por sinal, quebrando um silêncio de nove anos e tentando suster o pesado legado de um bombástico "The Gathering", de 1999, este "Dark Roots Of Earth" passava por vários prognósticos. Se a banda nunca soube fazer maus álbuns e possui um conjunto de intérpretes da melhor casta existente, também é certo que é cada vez mais difícil criar algo verdadeiramente distinto dentro de um estilo muito explorado e com regras bem definidas. Até dentro da banda as regras já estão perfeitamente discriminadas.

De qualquer forma, "Dark Roots Of Earth" é, no cômputo geral, mais um disco muito sólido e perfeitamente digno da carreira histórica dos Testament. Para quem sabe que a banda já passou por algumas fases criativas diferentes, com o death metal a acenar com maior agravo em "Low", de 1994, ou mesmo com o manifestar de uma certa predisposição para polvilhar o seu thrash com melodia - o que valeu grandes dores de cabeça a Alex Skolnick, em 1993, que saiu mesmo para ingressar nos Savatage -, ou mesmo com o homenagear das raízes mais clássicas do heavy metal em "Souls Of Black", de 1990, este disco acaba por ser uma interessante suma do espírito saudavelmente eclético que estes monstros da Bay Area cravaram em dez discos em quase 30 anos de carreira.

Senão vejamos: o single "Native Blood" tem o balanço e o magnetismo harmónico de "The Formation Of Damnation"; "True American Hate" tem a bujarda dos primeiros anos da banda e uma fugaz brutalidade death metal; "Throne Of Thorns" tem o modernismo preciso para estar num disco como "The Gathering" ou "Cold Embrace" é a pseudo-balada que a banda tanta vez tentou em vários álbuns no início dos anos 90 (e aqui com Chuck Billy ligeiramente a lembrar Chad Gray dos Mudvayne - ou vice-versa).

Por estas e outras, e por este disco soar verdadeiramente honesto, até porque a banda já não tem que se preocupar em provar o que quer que seja, "Dark Roots Of Earth" não vai revolucionar a carreira da banda nem a face do thrash metal, mas escorre uma face de obscurantismo, rebeldia e até melancolia que pode muito bem ser a perfeita purga para uma banda que viveu entre sucesso e muito desafio pessoal e colectivo. A distinção de "Disco do Mês" é também um preito a toda esta conjuntura. [8.5/10] N.C.

Data de lançamento: 27 de Julho de 2012

Nota de estúdio: produzido, misturado e masterizado por Andy Sneap; temas-bónus (edição especial) captados, misturados e masterizados por Juan Urteaga.

Estilo: thrash metal

Origem: Berkeley, Califórnia

Formação: 1983

Alinhamento:

1. "Rise Up" (4:18)

2. "Native Blood" (5:21)

3. "Dark Roots Of Earth" (5:45)

4. "True American Hate" (5:27)

5. "A Day In The Death" (5:38)

6. "Cold Embrace" (7:46)

7. "Man Kills Mankind" (5:06)

8. "Throne Of Thorns" (7:05)