Dico: autor de «Breve História do Metal Português» debate novo livro e underground luso
Dico,
autor da obra inédita "Breve História do Metal Português" (já
disponível aqui),
concedeu uma entrevista à página nacional Undeground's Voice, em que debate o
seu recente projecto, pontos marcantes do mesmo e estabelece uma comparação
entre o passado e o presente do underground nacional.
O
autor do influente blogue Metalincandescente começou por dizer que o livro que
agora edita preenche uma lacuna incompreensível no mercado luso. "Sempre
houve livros editados sobre rock português, fado, música popular portuguesa,
pop, biografias de músicos e de bandas... mas nada sobre metal. Porquê?",
começou por questionar.
"Por
outro lado, em simultâneo, verifiquei que a crença de que o metal português
havia surgido apenas nos anos 80 estava profundamente enraizada no underground
em concreto e nos agentes musicais em geral. Fãs jornalistas e mesmo os ditos
'especialistas' acreditavam nisso. Entendi que era urgente desmistificar esta
crença e trazer a realidade à tona", argumentou.
O
ex-baterista dos Sacred Sin e Dinosaur adiantou também algumas passagens
curiosas de "Breve História do Metal Português": "As cenas mais
hilariantes são, sem dúvida, as que António Garcez protagonizou nos Arte &
Ofício e Roxigénio. Uma delas foi num concerto com os Roxigénio, em que o
público o insultava por cantar em inglês, gritando-lhe 'vai cantar para a
América'. Como resposta, Garcez tirou o 'material' para fora e vociferou ao microfone:
'A América está aqui!'."
O
lisboeta de 42 anos lamenta ainda que a evolução da oferta e das tecnologias tenha
roubado um pouco do "romantismo, a magia e a espontaneidade" dos agentes
do underground nacional.
"Falta
[em Portugal] uma estrutura editorial mais forte, com mais empresas. São
precisas mais editoras, com maior capacidade negocial, de licenciamento e
distribuição, especialmente no estrangeiro", defende Dico.
"Por
fim, uma abordagem mais original à música, à estética e às letras por parte dos
grupos certamente colocaria o nosso underground nas bocas do mundo",
vaticina, acrescentado que "falta quebrar barreiras mentais" e
"realizar projectos de formas nunca pensadas".
Leia
a entrevista na íntegra aqui.