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Entrevista - Brutal Brain Damage

CULINÁRIA PARA ESTÔMAGOS RIJOS
"Temos tido bastante feedback positivo, o que nos motiva ainda mais"

Ali mesmo ao lado de onde surgiram os Pussyvibes há cerca de dez anos, dá à luz uma nova, poderosa e provocadora corja de grindcorers. De Ourém, os Brutal Brain Damage decidiram, em 2011, seguir o caminho musical que mais os apaixona, quer o género seja bem ou mal amado pelas massas. Como cereja no topo do bolo está uma boa disposição que torna a sua música numa forma de expressão tão extrema quanto gulosa, tão honesta quanto descontraída. Uma das maiores surpresas do underground nacional dos últimos meses para conferir em "Brain Soup" e nas palavras do vocalista Carlos Lopes. 

Tanto quanto é possível constatar, não regista actividade anterior ligada à música. Mas serão mesmo os Brutal Brain Damage a sua primeira experiência na área?
Sim, os Brutal Brain Damage são a minha primeira experiência a nível musical. Sempre tive interesse em fazer algo a nível vocal e surgiu a oportunidade de concretizar uma ideia que tinha tido há uns anos. Acabei por agarrá-la sem a mínima noção e experiência como vocalista. A minha evolução, nestes últimos tempos, tem sido muito grande, bem como a dos restantes membros da banda.

A resposta pode parecer óbvia, mas porquê logo uma banda de grindcore? Nunca pensou que a longo prazo podia ser desmotivante estar num país tão pequeno a tocar um subgénero tão alternativo? 
Sempre foi uma ideia minha ter uma banda com este estilo, sempre o adorei. Tratou-se de seguir por aquilo em que me sentia mais confortável a fazer e tudo surgiu naturalmente.
Este projecto não foi criado com a finalidade de tocar ao vivo, mas como um “projecto de fim-de-semana” para passar um pouco de tempo com os meus amigos e libertar um pouco a nossa veia criativa. 

Falando de motivação, como se sentem depois de concluídos cerca de três meses de promoção a "Brain Soup"? Algum tipo de feedback que vos faça estar particularmente optimistas?
Sentimo-nos todos bastante realizados neste período, é verdade. Tem sido uma experiência incrível e temos tido bastante feedback positivo, o que nos motiva ainda mais. Com o desenrolar do tempo as coisas parecem estar a surgir e estamos radiantes com o produto final, tanto a nível crítico, como nos concertos.

Pedindo-lhe que tente ser minucioso na descrição, como são os concertos de grindcore em Portugal? Há público fiel que comparece e vibra verdadeiramente ou é um tormento para os promotores (e mesmo para as bandas) tornar esses eventos minimamente viáveis?
É uma boa questão. Os concertos de grindcore a nível nacional estão um pouco no escuro e ainda há poucas pessoas que compreendem o que o género envolve. É um estilo que pouco a pouco vai ganhando mais adeptos, daí, por vezes, sermos surpreendidos pela adesão das pessoas nos concertos. Também depende muito da zona do país onde se vai tocar. Há sempre um público fiel e que gosta realmente do estilo um pouco mais extremo do que o “normal”, e também há a outra parte do público que vai mais pela curiosidade. Também se vêem cada vez mais jovens em festivais, etc., o que mostra que em Portugal a cena está cada vez mais forte, não falando de grindcore em específico, mas no metal em geral.

Aliás, é durante um concerto que são "descobertos" pela Vomit Your Shirt. Poderá depreender-se que, apesar da dimensão reduzida do nosso meio, há gente atenta e disposta a apostar em talentos nacionais. 
Sim, é verdade. Tudo surgiu depois de uma conversa com o pessoal da editora em que foi combinado um concerto para que eles pudessem ver a banda ao vivo. Além de grandes músicos e excelentes pessoas, são um grande pilar para nós. Estamos completamente satisfeitos com a editora. Correu tudo bem. É devido ao trabalho deles que o nosso álbum se encontra em todo o mundo. Adoramos chegar ao mail e Facebook da banda e ver as mensagens de gente de todas as partes do mundo a felicitarem-nos pelo nosso trabalho! Tivemos grande sorte em poder contar com a Vomit Your Shirt, mas, para isso, também tivemos e temos que fazer a nossa parte. Com isso esperamos também ajudar ao máximo a editora que nos está a ajudar.

Olhando para o percurso do género em termos nacionais, encontram alguma referência que vos inspire ou que entendam que tenha aberto caminho para o que agora fazem?
Existem sempre bandas que nos inspiram. No meu caso, a nível nacional são os Grog, Pussyvibes, Dead Meat, entre outros. Dentro da banda, o Luís [Neves, baixista] tem sido um membro bastante activo na composição musical e ajudado a banda a evoluir bastante desde a sua entrada. Todos temos as nossas ideias e daí é que nasce este som que podemos dizer que é nosso. Cada elemento na banda tem as suas influências que acabam por se interligarem da maneira que se pode observar claramente no nosso álbum. As participações do Pedro Pedra [vocalista, Grog] e do Bruno Roberto também vieram enriquecer o disco de uma certa forma.

Em termos internacionais, poderão enumerar referências mais óbvias ou até fora do metal? Será que foram daqueles que fizeram questão de ir ao último Vagos Open Air ver o concerto dos Nasum? 
A nível internacional são bastantes as nossas influências. Algumas delas são Nasum, Napalm Death, Rotten Sound, Gutalax… podia escrever uma lista imensa, mas estas são as que mais nos influenciam. Pessoalmente, oiço de tudo um pouco mas sempre me senti mais virado para o death metal e grindcore. Em relação ao Vagos Open Air, nem gosto de me lembrar. Infelizmente não pude estar presente, mas os restantes membros da banda foram e viram Nasum. É algo que me vai atormentar para o resto da vida! 

O preconceito pode levar grande parte das pessoas a pensar que compor neste contexto, nomeadamente com temas tão curtos, é relativamente fácil. Desmistifique-nos os bastidores de uma banda de grindcore, sobretudo na hora de compor.
Normalmente é dito que é só barulho, mas não é bem assim. Como disse anteriormente, o Luís tem assumido a maior parte da composição ultimamente e seguimos as ideias dele. Por vezes, há vários acertos que são feitos de acordo com as opiniões dos restantes membros. Tudo tem o seu processo que demora algum tempo. É como em tudo. Por vezes até compomos todos em conjunto nos ensaios quando o nosso estado de espírito nos permite tal coisa. Ultimamente temos composto muito e aproveitado ao máximo para prepararmos da melhor forma o próximo lançamento.

E a vossa costela mais humorística, em que se inspira?
Acho que foi algo que surgiu naturalmente. Somos todos bem-dispostos e bem-humorados. É uma amizade já com vários anos e acho que isso também ajuda. Apenas demonstramos que podemos fazer as coisas bem feitas sem deixarmos de ser nós próprios.

A imagem é, regra geral, uma das grandes armas do grindcore (até em Portugal temos o caso mais visível dos Holocausto Canibal). Dado até o reconhecimento já manifestado pela qualidade do trabalho de André Coelho, como olham para esta parte do showbiz?
Sempre quisemos fazer as coisas da melhor forma e por isso mesmo é que optámos por falar com o André Coelho. O trabalho dele - que já tínhamos visto - adequava-se perfeitamente ao nosso. A capa formou-se a partir de uma ideia que já tínhamos e depois foi aperfeiçoada pelo André. Ficou um excelente trabalho.

Pela frente já têm algumas datas confirmadas, certo? Fale-nos dos vossos próximos meses e do que poderão estar a planear até mesmo fora do âmbito dos concertos (videoclips, novo álbum, etc). 
De facto, nos próximos meses já temos alguns concertos agendados. Ultimamente temos tocado bastante ao vivo e sentimo-nos cada vez mais à vontade para fazê-lo. Algumas das próximas datas já confirmadas são em Março nos dias 16 em Elvas, no Hellvas Metal Fest, e 22/23 no Moita Metal Fest. Depois temos outras datas ainda à espera de confirmação, fora do país. Também andamos a preparar-nos para entrar em estúdio para gravar umas faixas para um split com uma banda conhecida a nível nacional, que não podemos anunciar para já. Como as coisas ainda estão em desenvolvimento, mais tarde daremos novidades acerca deste trabalho.

No mês de Janeiro participaram no Wacken Open Air Metal Battle Portugal. Quer recordar-nos o momento? 
Foi uma experiência bastante agradável. Fizemos bastantes amigos e fomos bastante bem recebidos. Quanto à Metal Battle, acho que é uma iniciativa espectacular, já que todas as bandas sonham tocar no maior festival de metal do mundo e este evento é como uma oportunidade. Há muito grupo com muita qualidade! Saíram os resultados da Metal Battle deste ano há pouco tempo, e só tenho é a felicitar os finalistas que agora vão tocar ao Barroselas. Que o vencedor parta tudo e que mostre lá fora um pouco do que se passa cá dentro!

Nuno Costa


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