Entrevista - From Fire We Rise (Especial Roquefest)
REACÇÕES LÁVICAS
"O underground
regional não sofreu um grande desenvolvimento a nível quantitativo mas sim
qualitativo"
O passado une-se com o
presente. Ou talvez nem tanto. Anthropology e First Commandment foram algumas
das bandas que tiveram um breve suspiro numa nova geração de peso açoriana
alicerçada no início da década transacta. Como "a música sempre fez parte
das nossas vidas", afirma o vocalista/guitarrista Luís Correia, juntaram-se
quatro velhos conhecidos e erigiram uma nova entidade de título inspirado nas
raízes vulcânicas dos Açores. Death metal, é assim que descrevem a sua obra,
mas ainda pouco se sabe desta jovem banda formada em 2011. Por esse motivo,
torna-se ainda mais imprescindível a presença no Roquefest nos próximos dias
16, 17 e 18 de Maio, em São Roque.
Na vossa biografia sublinham o facto de regressarem às lides musicais
"após muitos anos fora do activo". Esta é a primeira grande
curiosidade: porquê regressar neste momento, até porque o metal açoriano
atravessa uma fase menos áurea?
A música sempre fez
parte das nossas vidas. Apesar de durante esse tempo não estarmos envolvidos em
nenhum projecto nunca deixamos de praticar. O facto de o metal açoriano estar a
passar uma fase menos positiva não nos desmotiva, pois tocamos, acima de tudo,
para nosso próprio prazer e satisfação.
E para além dessa forma descomprometida de estar, estabeleceram no
início algumas metas mais sérias?
Inicialmente a ideia
foi tocar sem compromisso mas isso não significa que não sejam estabelecidas
algumas metas mais sérias ao longo do nosso percurso.
De que forma a experiência de alguns dos vossos elementos nos
Anthropology e First Commandment tem favorecido o vosso trabalho/composição
enquanto banda?
O único aspecto em que
esses projectos nos favoreceram foi o de terem sido as nossas primeiras experiências
em ambiente de banda. Tudo o que fazemos agora é completamente distinto, especialmente
os métodos de trabalho e composição.
Sendo que fizeram parte do underground regional no início do novo
milénio, como analisam a forma como este se desenvolveu? Há aspectos mais positivos
ou negativos a salientar depois de todos estes anos?
O underground regional, na nossa opinião, não sofreu um
grande desenvolvimento a nível quantitativo mas sim qualitativo. Achamos
que há menos bandas e menos eventos mas o nível de qualidade aumentou,
provavelmente fruto de um maior acesso a informação e a equipamento de
qualidade a preços mais acessíveis. Estes são os aspectos positivos. Quanto aos
negativos podemos realçar a falta de iniciativas para a realização de eventos.
Mas quanto a isso não há muito a fazer, pois é um mal geral. A indústria musical evoluiu noutra direcção e o metal deixou
de ter o peso que tinha, pois não vende como os outros estilos musicais.
Curiosamente, o Paulo Sousa passou de vocalista a baixista e o Luís
Correia junta agora à voz a guitarra. Também o Hélder Pinheiro agora canta e
toca guitarra. Porque se processaram todas essas mudanças nos vossos percursos
enquanto músicos?
Quando os nossos antigos
projectos terminaram dedicámo-nos a um instrumento, pois berrar em casa não dá
muito certo... [risos] Quando iniciámos este novo projecto, a ideia era termos
um vocalista e dedicarmo-nos apenas aos instrumentos. Porém, após algumas
tentativas com outros vocalistas, achámos que o melhor seria sermos nós próprios
a canta. Assim estamos em total sintonia a nível criativo.
Consta que realizaram pelo menos um concerto até à data. Querem
descrever-nos como correu e como foi o sentimento de estarem juntos em palco -
o entrosamento, o próprio público?
Correu relativamente
bem. O sentimento de estarmos juntos em palco foi sensacional e o entrosamento
foi bom, pois já nos conhecemos há muito tempo e temos uma boa química como
banda. O público reagiu bem, acho que até houve alguns aplausos. [risos]
Para a maioria do público são ainda um "mistério". Pedia-lhes
uma descrição detalhada do vosso som e influências.
Gostamos de nos
classificar como uma banda de death metal com umas nuances de alguns dos seus diversos subgéneros. Quanto às
influências musicais é difícil especificar, pois é todo o som que ouvimos no
dia-a-dia. Portanto, a lista seria interminável.
Como olham para o facto de actuarem num festival com história como é o
Roquefest?
É sempre um prazer
actuar, especialmente num festival como este. Esperamos que o público adira em
força e que seja uma noite memorável.
Que setlist podemos estar à
espera? Será que teremos um concerto especialmente preparado para a ocasião?
Podem esperar um setlist à altura do Roquefest.
Para quando um primeiro registo e em que contornos gostavam que se
apresentasse?
Já estamos a ponderar
sobre esse assunto mas ainda é cedo para adiantar pormenores. Assim que
tenhamos novidades serão os primeiros a saber.
Nuno Costa