Entrevista - Lost Society
DE PEQUENINO SE
TORCE O... THRASH
A Terra dos Mil Lagos pariu mais um foco de potencial extra em pack mini mas sem restrições de idade. Ora
com menos de vinte anos, quatro finlandeses absolutamente obcecados por Megadeth
e Anthrax viram a sua vida mudar quando um concurso lhes levou às mãos da
poderosa Nuclear Blast. É aquele tipo de sonho molhado cada vez mais difícil de
se concretizar, mas certo é que é bem real para os Lost Society e para os amantes do
thrash metal à lei da maior força, este é um projecto a não perder de vista.
Fomos por isso falar com o líder desta pandilha prodigiosa, o
vocalista/guitarrista Samy Elbanna.
"Sempre tivemos em mente tornarmo-nos grandes"
Aparentemente tem
sido vítima de uma chuva de entrevistas. Porque não coloca algum dos seus
colegas também a respondê-las?
Escolhi respondê-las porque na verdade gosto, mas também por estar inteirado
dos detalhes sobre o nosso início de carreira. Os restantes elementos da banda
deve estar a criar riffs em algum lado neste momento! [risos]
A história parece
querer dizer-nos que a Finlândia tem algo de misterioso no que concerne ao
metal. Porque acha que tantas bandas do género são muito populares no seu país,
algo que não acontece em Portugal, por exemplo?
Definitivamente, há algo de especial sobre a Finlândia. O metal é um
estilo de referência e é, de facto, comum que lidere tabelas de vendas
frequentemente. Talvez ajude também o facto de no Inverno isto cá ser muito
escuro e frio, mas também o ensino finlandês na área musical é fantástica, desde
o momento em que entras na escola até saíres! Com isso, as pessoas pensam muito
mais em agarrar numa guitarra ou num baixo e quando pensam em tocar a maioria
pensa em metal. É excelente viver aqui.
Acha que se
tornaram tão populares por esses motivos ou, principalmente, pela participação
no GBOB?
Diria que desde que começámos a praticar como loucos e a compor os
nossos próprios temas que sempre tivemos em mente tornarmo-nos grandes. A
música é a coisa mais importante para nós e todos adoramos fazer o que fazemos.
É muito positivo que na Finlândia a palavra se espalhe muito rapidamente quanto
se trata de boas bandas, por isso notámos que nos primeiros concertos lá
estavam cerca vinte, no próximo 40, etc.. Também esse concurso mostrou-nos de
verdade a um público maior.
“Fast Loud Death”
foi escrito antes de todo o “ruído” em vosso torno ou mesmo antes de assinarem
pela Nuclear Blast e participarem no GBOG? No fundo, escreveram-no sem pressão,
algo que até pode mudar no futuro?
A maioria dos temas do nosso álbum de estreia foi criada depois do
Verão de 2011, com excepção do “Kill (Those Who Oppose Me)”, que foi escrito em
2010. Foi nesse período que a banda assumiu o seu formato final. Mas muitos
temas foram escritos depois do GBOB e de assinarmos pela Nuclear Blast. O nosso
processo de criação é muito natural. Fazemos umas jams em torno de um riff e logo surgem mais riffs e os temas ficam
compostos. Mesmo de depois gravarmos o nosso primeiro disco, continuamos a
escrever a toda a hora e já olhamos para um novo lançamento dos Lost Society.
Como estão a reagir
os vossos pais e amigos a essa súbita mudança de rotina? Será que também estão
preocupados, fazem-vos muitas perguntas? Há também mais pretendentes femininas?
[risos]
Todos nos têm apoiado imenso. Tem sido muito bom tê-los em redor. Sem
eles teria sido mais difícil. Endereçamos um enorme agradecimento para família
e amigos. Diria que os nossos concertos agora estão mais compostos de
guedelhudos do que de raparigas! [risos]
E terão menos tempo
para os estudos também?
É sempre um pequeno problema lidar com esses dois aspectos, mas para
nós a música está acima de tudo! Na verdade, tem sido muito positiva a forma
como temos gerido a situação. As escolas apoiam-nos muito no que concerne à
música e estão sempre a incentivar-nos a continuar.
E como se gere a
relação com uma empresa tão exigente e profissional como a Nuclear Blast?
É uma enorme honra trabalhar com eles. Cuidam muito de nós e têm feito
uma promoção muito boa. Sem dúvida que estamos entregues aos melhores e
desejamos trabalhar com eles durante muitos anos. Tem sido absolutamente fantástico!
Que mensagem está
implícita em “Fast Loud Death”? Já afirmaram que algumas letras até nem fazem
sentido…
Penso que o título do disco explica muito bem a sua temática… pelo
menos musicalmente. Trata-se de catorze temas originais e uma cover de pura rapidez e volume que vos
vão dominar. Há um sentido de agressividade ao longo de todo o disco. As letras
carregam muitos elementos. Um dos aspectos principais é que tudo reflete pura
raiva! [risos] As nossas influências líricas vêm de filmes, diversos problemas,
do South Park e, no geral, coisas que nos irritam. São mesmo muitos e diversos
os temas que abordamos.
Garantem que
algumas ideias para música surgiram na casa de banho. Qual é a vossa relação
com um género que nasceu muito antes de vocês? Respiram-no 24 horas por dia?
Basicamente estamos sempre a fazer algo relacionado com música.
Acontece por vezes que estamos afastados da sala de ensaios e surgem-nos ideias
muito boas. A partir daí, trabalhamos sobre ela quando estamos a ensaiar
juntos. Adoramos este tipo de música e o thrash é algo que nos está no sangue.
Que bandas mais vos
marcam no estilo? Incluem-se no lote dos que não suportam a discografia dos
Metallica pós anos 80?
As minhas bandas preferidas de thrash sempre foram os Anthrax e os
Megadeth. Aponto essas duas porque foram as que me apresentaram o género e os
seus primeiros três álbuns são algo do melhor que alguma vez foi lançado.
Quanto aos Metallica, a opinião é um bocado a que referiu. Fizeram algo de bom naquele tempo, mas depois disso…
Atendendo ao
momento de alguma euforia que vos rodeia actualmente, é fácil manterem os pés
na terra e ter em consciência que o showbiz também tem um lado mais obscuro?
Olhe-se, por exemplo, para o caso do Dave Lombardo…
Tudo o que nos tem acontecido é fantástico. Estamos muito felizes com
a reacção das pessoas ao álbum. Somos apenas quatro tipos que adoram tocar
thrash e que estão a passar por um bom bocado. Esperamos estar a tocar música
durante muitos anos e divertir-nos. A situação com os Slayer é muito infeliz,
mas não sei verdadeiramente o que dizer porque ninguém, no final de contas,
conhece a totalidade dos seus factos.
Aproximam-se datas
de relevo, em especial uma digressão finlandesa com os Overkill. Já pensaram
que questões vão colocar ao lendário Bobby Ellsworth?
Estamos muito ansiosos por cumprir esta digressão. É daquele tipo de
situações que nos faz pensar: “Todos ouvimos Overkill e adoramos a sua
sonoridade e agora temos a honra de estar em digressão com eles”. Fantástico!
Espero conhece-los, será óptimo, e os concertos serão arrasadores!
O que acham que têm
para oferecer a mais do que as bandas seminais do género?
Diria que um dos pontos mais fortes dos Lost Society é divertirem-se
com o que fazem. Não levamos as coisas demasiadamente a sério. Apenas adoramos
o que fazemos. Na nossa música destaca-se a energia. É possível perceber que
gostamos efectivamente do que fazemos e que damos sempre o nosso máximo. O
humor é uma parte importante dessa equação e gostamos que seja assim. Todo o
nosso trajecto tem sido regado de diversão e só esperamos poder tocar para o
resto das nossas vidas com esse tipo de humor.
Por falar em humor,
explique-nos quem é o Assko. Estão a tentar destronar o Eddie [Iron Maiden]?
[risos] Boa questão! O Assko é a nossa mascote oficial. Construímo-lo
há um mês e estreámo-lo no concerto de lançamento do "Fast Loud
Death". Creio que se enquadra muito bem com o nosso thrash metal com algum
humor. Portanto, com ele temos um grande cu em palco ali mesmo ao nosso lado!
Esperamos que o público recorde esse espectáculo. Mas nada consegue bater o
Eddie!
Nuno Costa