Entrevista - WeParasites (Especial Roquefest)
ALERTA VERMELHO - O
HOMEM EM DECADÊNCIA
"O ser humano é odioso"
Um dos mais jovens
projectos de peso dos Açores estreou-se nos lançamentos no início de Abril com
o EP "State Of Decay". Mais um manifesto anti-sistema fundido num
metal moderno, onde o groove e a melodia são os
maiores trunfos. Hoje com Bruno Carreiro [Zymosis, ex-Hatin' Wheeler] na
guitarra, o grupo olha para o futuro com realismo e alguma resignação, ainda
que sonhe com algo mais auspicioso. Enquanto isso, o Roquefest adivinha-se um
dos capítulos mais marcantes de uma carreira iniciada apenas em 2011. O que
esperar deles no dia 18 de Maio, em São Roque, e o ponto de situação sobre o
seu primeiro lançamento nas palavras do vocalista/guitarrista Telmo
Benevides.
Estão em
plena fase de promoção do vosso primeiro registo. Que balanço vos é possível
fazer até ao momento?
Temos tido um
excelente feedback das pessoas que
ouvem o nosso EP, o que é muito
gratificante.
Que
esforços estão a diligenciar para fazer chegar "State Of Decay" a uma
plateia mais vasta?
Estamos a utilizar o Facebook, pelas razões óbvias, pois praticamente toda a gente o usa. Daí que seja mais fácil ter uma boa quantidade de pessoas a aceder ao nosso material. Infelizmente, não temos muitas mais escolhas, porque muitos dos outros meios de promoção custam dinheiro e isso é algo que não temos.
Estamos a utilizar o Facebook, pelas razões óbvias, pois praticamente toda a gente o usa. Daí que seja mais fácil ter uma boa quantidade de pessoas a aceder ao nosso material. Infelizmente, não temos muitas mais escolhas, porque muitos dos outros meios de promoção custam dinheiro e isso é algo que não temos.
Com quem e
como decorreu o processo de gravação? O resultado final é o que esperavam?
A gravação decorreu
com o Dave Melo [Neurolag] e teve início em Maio de 2012. Pode-se dizer que o
resultado é muito próximo daquilo que a banda tinha em mente. Estamos muito
satisfeitos com o trabalho do Dave.
O
alinhamento deste EP inclui exclusivamente temas compostos antes de o Bruno
Carreiro ingressar na banda. Como acha que será daqui para a frente em termos
musicais, sendo que o Bruno tem um background
diferente?
Sim, ele vai trazer,
de certeza, novas influências. Iremos trabalhar para que a sonoridade dos novos
temas não se distancie muito do que temos feito até ao momento e tentaremos sempre
agradar ao máximo o nosso público.
Já
trabalham em material novo, portanto...
Sim, a nossa banda
nunca pára de construir temas novos. Inclusive, alguns riffs do Bruno já estão
sendo utilizados.
Ainda
considerando a fase promocional de "State Of Decay", podemos dizer
que é um sonho apresentá-lo fora dos Açores ou é simplesmente uma utopia?
É óbvio que o sonho
de qualquer banda é tocar para um público vasto e fora da região, mas, como
todos sabemos, é muito difícil sair dos Açores para apresentar um trabalho,
nomeadamente devido às condições financeiras. Mas um sonho é um sonho
e não podemos deixar de sonhar e tentar atingir os nossos objectivos.
Depois da
presença no Live Summer Fest, o Roquefest será um dos momentos mais
marcantes da vossa ainda curta carreira. O que esperam desse espectáculo e como
estão a prepará-lo?
Sim, é sempre bom participar
em eventos grandes. Temos ensaiado muito ultimamente, porque também, além do
Bruno ser novo na banda, o nosso baterista, o Rafael Soares, infelizmente, vai
emigrar. Contudo, para nosso bem, vamos ter de volta um dos nossos elementos fundadores para o seu lugar, o Mário Cabral. Isso faz-nos estar mais à vontade
para o evento, porque também ele fez parte da composição dos temas do EP.
Com o país
numa situação financeira grave e os Açores ainda mais prejudicados em alguns
sectores, nomeadamente no que respeita ao metal, o que espera do dia 18 de Maio?
Esperamos que o
evento conte com muita gente, porque, afinal, a entrada é livre. Além disso, tem
havido poucos eventos dessa categoria e, pelo que sei e tenho visto nas redes
sociais, o pessoal está sempre com "fominha" por concertos de metal.
O que acha
que será preciso para os Açores retomarem a força que tinham em termos de metal,
nomeadamente na década de 90?
Sinceramente, será
muito difícil voltar à situação daquela altura, mas penso que é possível. Tem
de haver mais incentivos à pratica do metal e mais pessoas a irem aos
concertos. Acho que esse cenário também se deve à falta de condições financeiras, o
que faz com que muitas pessoas não adiram, principalmente à ida aos concertos e
à organização dos mesmos.
Para quem
ainda não descarregou "State Of Decay", o que é possível esperar em
termos de sonoridade e mensagem?
Misturamos um
bocado de groove com melodia e
agressividade, tentando ter uma sonoridade própria, um pouco diferente do que é
habitual na cena regional. A nossa mensagem pretende, como o próprio nome
do registo indica, anunciar o estado de decadência provocado pelos humanos no
nosso planeta. Falamos do consumismo, da política, do capitalismo e
referenciamos o ser humano como um ser odioso que faz de tudo para conseguir o
que quer.
Nuno Costa