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Mufasa: vencedores do Angra Rock 2013 mandam «tirar o pau do cu»



"Ti Alberto", "Somos uma Merda"... Querem mais? "Tira o Pau do Cu"! São esses alguns dos títulos mais provocadores e "acanalhados" do repertório dos Mufasa. São uma das mais jovens bandas de peso dos Açores e a fórmula assente em letras corriqueiras e thrash/punk/crossover já lhes valeu um importante marco na carreira: a vitória no Concurso Angra Rock 2013. Despretensiosamente, mas agora com o céu como limite.

2010 marca o início da era "Mufasa". Sim, porque hoje até Pedro Santos [voz, baixo], Bryan Freitas [guitarra] e Flávio Santos [bateria] não se livram do pseudónimo inspirado directamente na mítica personagem da Disney. "Sim, foi inspirado no Rei Leão! Somos grandes fãs do filme (quem não é?) e o nome sempre esteve na nossa cabeça", confessa Pedro Santos. "Primeiro surgiu como brincadeira e nem era suposto ser esse (pensou-se em Slutmaker). O nosso baterista não gostava nada e dissemos que seria só por um concerto. O pessoal acabou por achar piada e agora todos adoramos o nome. Com isso, as nossas alcunhas acabaram mesmo por se tornar 'Mufasa'! Sou o Pedro 'Mufasa' para muita gente", reconhece com uma espécie de orgulho.

A história é simples e trivial. "Crescemos juntos e, consequentemente, descobrimos o metal. A 'fervura' foi crescendo até falarmos sobre fazer uma banda e como seria fixe estar em palco a fazer a nossa cena", recorda Pedro. Foi tudo uma questão de arranjarem instrumentos, o que nem sempre é fácil quando se tem entre dezoito e vinte anos. "O Bryan finalmente arranja uma guitarra velha, o Flávio compra uma bateria e eu um baixo. Fizemos apenas jams num ano até que a Isabella Jimenez nos convidou para o festival Shredding Night. Até então não tínhamos uma única música", conta o frontman do robe rosa e porquinhos ternurentos.

E que ídolos inspiram tão tenras criaturas a encarnar uma atitude tão amotinada? "Somos bastante influenciados pelos Municipal Waste, Slayer, Entombed e Havok. Basicamente, tudo o que tiver rapidez e energia e acharmos que cria um bom clima ao vivo, mas também outros estilos. No entanto, os nossos temas surgem, sobretudo, de jams."

Enquanto isso, se a música podia ser o prato principal e as letras apenas um aperitivo, no caso dos Mufasa a refeição completa é essencial. "Temos a característica de todas as letras serem quase sempre 'comédicas', algumas surgindo por coisas que apenas achámos piada na sala, até a uma forma de podermos criticar de maneira descontraída. No princípio escrevíamos em inglês, mas começámos a ver que a mensagem era transmitida de maneira mais directa e perceptível em português. Assim, toda a gente podia perceber sobre o que brincávamos e com sorte até podem ficar no ouvido."

E desta maneira se criam potenciais hinos da música urbana na língua de Camões... ou talvez não. Destaque para... "Tira o Pau do Cu". "Foi a última música que fizemos e quando a compus estava muito na onda daquele thrash mais raivoso e rápido. A letra tinha que vir a condizer e então decidi escrever sobre algo que acho extremamente irritante na cena musical: o pessoal que vai aos concertos e prefere meter 'veneno' às bandas, encostado a um canto, ao invés de curtir e celebrar o que supostamente gosta e se faz com tanto esforço na Terceira. Ou seja, esta música é para eles 'tirarem o pau do cu' e apenas curtirem a cena! É uma musica rápida, com cavalgada à Motörhead e perfeita para o mosh, o que esperamos um dia ter."

Talvez para infelicidade de muitos, este não será um dos temas contemplados no seu primeiro registo, já concluído. Mas há outros. "O nosso primeiro EP foi gravado, misturado e masterizado no estúdio Waveyard, aqui na ilha, pelo Tiago Alves, guitarrista dos Anomally. Foi tudo captado num ambiente bastante amigável e familiar e só podemos dizer coisas boas pelo modo de trabalho do produtor. Foi simplesmente excelente, não é publicidade! Contará com três músicas: 'Party's Over', 'Ti Alberto' e 'Somos uma Merda'. Pretendemos lançá-lo este Verão ainda."

Se antes já podia fazer sentido o lançamento de um disco, os Mufasa encontraram no Angra Rock um grande estímulo para perseguirem os seus sonhos. E falam do episódio, ocorrido há uma semana, visivelmente sentidos. "Devo confessar que até hoje foi provavelmente a maior surpresa da minha vida. Até foi bastante irónico, porque estávamos para não entrar este ano, pois como tínhamos ficado em terceiro lugar no ano passado (o que foi uma enorme surpresa), não queríamos mexer no que 'já estava bom'. Decidimos ir, nem ensaiámos em especial. Queríamos apenas mostrar as músicas novas e fazer o pessoal rir um bocado e foi sempre numa atitude bastante descontraída e sem pretensões. Escusado será dizer que quando a apresentadora nos chama para primeiro lugar, foi gritaria, saltos, berros e lágrimas de alegria! Esperemos que seja uma rampa para o pessoal conhecer melhor o nome da banda ou para mais gente se identificar com o projecto. E também, finalmente, para poder comprar material de jeito!"

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