Rui Sousa [Live Summer Fest]: «As bandas de covers não são cultura»
Rui
Sousa tem sido um dos maiores dinamizadores do cenário de peso dos Açores nos
últimos anos. Organizador de eventos e músico, queixa-se da dificuldade
crescente em reunir apoios e duvida da política governamental que não contempla
o heavy metal como um importante cartaz cultural e turístico para a região.
"A
edição 2013 do Live Summer Fest está em risco por falta de apoios financeiros,
uma vez que as entidades que apoiavam o festival deixaram de o fazer este ano.
Mas estão a apoiar eventos de natureza duvidosa, no sentido em que muitos têm
apenas fins lucrativos e proporcionam o consumo de drogas e álcool a muitos
jovens", criticou o jovem micaelense. Rui Sousa contrapõe a questão
dizendo que "o Live Summer Fest não tem fins lucrativos e impõe um
controlo rigoroso do público, impedindo o consumo de ilícitos a menores". "Para
além disso, apresenta um sentido de responsabilidade social ao atribuir
donativos a duas instituições, a Cáritas e a Fedra", exemplificou.
Rui
Sousa considera ainda que o Governo Regional devia ter a responsabilidade de
filtrar a quantidade de bandas de covers
em eventos comparticipados pelos dinheiros públicos. "As pessoas pagam um
bilhete para ver um artista e deparam-se com bandas de covers a tocar músicas dos artistas que se seguem no cartaz. Essas não
são cultura açoriana nem promovem a música açoriana", atira.
Ainda
sobre o assunto, Rui Sousa acredita que a opção de muitos músicos do metal em
deixar os originais para enveredar pelas versões mais "soft" traduz-se em "falta de
convicção" e aponta que "muitos são influenciados para ir a eventos
de dance music".
E
se a crise podia ser um factor de contracção consumista, Rui Sousa prefere
encontrar explicação na posição fragilizada que ocupa a música açoriana actualmente.
"O público que vai a eventos prefere pagar 10 ou 15 euros para ver um DJ
ou ir a uma rave do que pagar 5 euros
para ver um músico ou banda açorianos. Neste mês de Junho quem for a todos os
eventos que têm acontecido irá gastar, só
em bilheteiras, mais de 60 euros para ver DJ's. Onde está a crise?"