Entrevista Riding Pânico
ROCK
INSTRUMENTAL DE EXPANSÃO MENTAL
"Criámos
um monstro com coração de manteiga"
Os
Riding Pânico estão de volta e trazem-nos “Homem Elefante”, um álbum cheio de
emoções, experimentalismo e de grande qualidade. Shela e João Nogueira
falam-nos do novo registo, do processo criativo, das mudanças e do futuro que
se avizinha bem risonho para a banda lisboeta.
Passaram-se cinco anos desde "Lady Cobra", o vosso último registo. O que
levou a esta demora?
Acho que está relacionado com o facto de existir
"Pânico" no nome da banda. É sempre uma incerteza, nunca se sabe bem
o que vai acontecer, mas há uma coisa que é sempre certa: assim que metemos na
cabeça que vamos fazer um disco, as músicas fluem como devem. Isto já deve
estar relacionado com o facto de existir "Riding" no nome! Talvez tenha demorado um pouco demais, mas estamos
muito satisfeitos com o resultado.
Quais são as maiores diferenças entre
"Lady Cobra" e "Homem Elefante"? Sentem que mudaram muito a
sonoridade?
Como já foi referido, passaram-se cinco anos. É
normal e de esperar que muita coisa mude. Mudaram as nossas influências, as
nossas "mãos", os nossos instrumentos, saiu o Miguel e entrou o Fábio
que, como alguém disse, "foi como ter saído o 'camião dos bombeiros' e
entrado uma 'máquina de algodão doce'"...
Falem-nos um pouco sobre o novo álbum. Como começaram a aparecer as ideias
para conceber "Homem Elefante"?
Não querendo cair num lugar comum, mas sendo
inevitável, começámos a juntar-nos para tocar. O Fábio aparece com uma série de
riffs de guitarra, o Jorge sai-se com outros, o Jonas transforma-se num 'monge
mau', etc., etc.. Comparativamente ao que
aconteceu para o "Lady Cobra", acho que foi praticamente igual.
Já agora, o que significa o título?
Não existe nenhum conceito definido por trás
dele. O álbum aparece agora mas foi um processo do qual fizeram parte não só os
Riding Pânico mas também todas as pessoas com quem tocámos que nos inspiraram a
criar este "monstro" com "coração de manteiga".
Que impacto tiveram as mudanças de line-up?
Acho que de alguma maneira já respondemos a essa
questão. O Chris, tal como todos os outros que passaram pela banda, deixaram o
seu contributo. Aprendemos uns com os outros e a memória que fica é a de
querer fazer, querer tocar, querer partilhar a música com amigos e depois
com o público. O impacto foi maior nas nossas vidas, com as amizades que
fizemos, do que propriamente na banda.
Os Riding Pânico são uma banda muito acarinhada no espectro underground
nacional. Como surgiu este projecto?
Dois gajos conhecem-se em 2003 e sacam uns
riffs... até hoje.
Quais são as vossas influências e como lidam com elas no processo de
gravação de um álbum?
A influência do Jorge é o BB, a do BB é o Shela, a do Shela é o Makoto, a
do Makoto é o Fábio, a do Fábio é o Jonas e a do Jonas é o Jorge... Nem sempre é fácil lidar com estas influências todas
mas nada que duas cervejas não resolvam.
Sabe-se que têm alguns projectos paralelos. Falem-nos um pouco do que está a
acontecer com esses mesmos?
If Lucy Fell e Men Eater estão de "licença sabática" e Paus está bem,
muito obrigado.
Agendaram alguns concertos de apresentação ao novo álbum. Há mais planos nesse
contexto para 2013?
Para já temos agendadas datas a 5, 6, 20 e 28 de Julho no Texas Bar
(Leiria), Fábrica da Pólvora (Barcarena), GNRation (Braga) e Milhões de Festa
(Barcelos), respectivamente. A 10 de Agosto vamos ao Festival Esvoaça
(Esposende). Mas o objectivo é sempre
tocar o máximo possível.
O que acham do panorama musical hoje em dia com a explosão da música em
formato digital?
Para uma banda como a nossa que não vende muitos álbuns, é uma mais-valia.
Interessa-nos muito mais que o nosso som seja ouvido pelo maior número de
pessoas e que isso se traduza em concertos ao vivo, do que aparecer no Top+
porque vendemos não sei quantas dúzias de cópias. Daí lançarmos o "Homem
Elefante" apenas em vinil para quem gosta de comprar o objecto físico.
Esperamos que digitalmente se propague por essa rede fora e que nos
proporcione, no mínimo, a oportunidade de voltarmos a gravar um novo disco.
Mark Martins