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Músicos Avulso - Ricardo Rodrigues (Calamity Islet)

"Em todo o lado existe talento desperdiçado, mas Portugal abusa"


Aos vinte anos pode-se considerar um novato para a música. No entanto, a garra e ambição são, muitas vezes, os principais indicadores da substância de um artista. Posto isso, tanto nos Calamity Islet como noutras actividades musicais que encetou entretanto, Ricardo Rodrigues demonstra uma crença inabalável nos seus sonhos e princípios e nem a insularidade lhe faz baixar os braços. "Trazido" para o metal através dos Metallica, com o apadrinhamento do wrestling e skating, nem uma educação mais religiosa o fez desviar de um caminho mais "selvagem" - ele que até integrou um coro católico. Assumidamente egoísta quanto baste, é generoso o suficiente para perceber que precisará de trabalhar muito para desbravar a enorme concorrência dos dias de hoje, mas a forma romântica como vê a música - dava uma boa religião, diz ele - parece antever um futuro auspicioso para o jovem funchalense. A "vida" de mais uma figura do metal nacional vista à lupa.

Data de nascimento e naturalidade?
Nasci no dia 16 de Junho de 1993 no Funchal, Região Autónoma da Madeira, mais precisamente na Clínica da Sé (ao pé da catedral que normalmente aparece nos folhetos turísticos referentes à Madeira). [risos]

Como descreve sua terra natal e que sentimentos esta lhe traz? Gosta de ter crescido lá ou se pudesse tinha escolhido outra localidade ou mesmo país para nascer?
Tenho a dizer que é dos poucos sítios no mundo que ainda não foram completamente destruídos pela estupidez humana. Quem quer viver uma vida calma e desfrutar das pequenas coisas, deve, sem dúvida, pensar em ir para a Madeira - a qualidade de vida é espectacular! No entanto, os contras da vida insular são evidenciados naqueles que querem algo mais, e esse é o caso dos músicos ambiciosos, e não só! Os jovens madeirenses emigram não por não quererem viver na sua terra, mas porque não conseguem obter tudo o que querem dela. Eu agora saí da Madeira e tinha mesmo de o fazer. Mas não, não gostava de ter crescido em lugar nenhum senão na "Pérola do Atlântico". E porquê? Porque a óptima e calma vida que nela se vive, proporcionou-me uma infância perfeita da qual retiro as melhores recordações e ao mesmo tempo, devido à distância do resto do mundo e das dificuldades que isso implica, endureceu-me para perseguir com garra os meus objectivos.

Que traço faz da sua infância? Lembra-se das brincadeiras e traquinices que tinha? Que tipo de miúdo é que era?
Era "passado" da cabeça! Sempre estive a "milhas" de tudo, não pela positiva ou pela negativa mas simplesmente porque não estava consciente do que se passava à minha volta. Tinha o meu mundo próprio. Descobri o que era o futebol entre o primeiro e segundo ano de escolaridade, porque todos gostavam e jogavam e eu não percebia nada daquilo. E sim, cresci a não gostar de futebol. [risos] Passei a maior parte do meu tempo até aos quatro anos ao cuidado da minha avó que é, provavelmente, uma das pessoas mais importantes para mim. Ela ainda hoje fala a toda a gente da destruição que eu lhe causava em casa. Sempre tive as minha brincadeiras estranhas e sempre imaginei muitas coisas. Ainda o faço, e desde pequeno que falo sozinho imenso, sobre os mais variados temas, desenvolvo conversas comigo próprio sempre que estou sozinho e a maior parte das pessoas que me conhece pergunta-se a si mesmo e, eventualmente, perguntam-me se sou hiperactivo. Nop, não sou.

Na escola era um aluno empenhado? Que matérias/áreas mais o entusiasmavam e, por outro lado, quais as que mais detestava?
Até ao fim do secundário não, nunca fui empenhado. Quero dizer, fui mas não por iniciativa própria. Empenhava-me por causa dos meus pais, e ainda bem que assim foi porque não tinha motivação nenhuma para a escola! Sempre adorei línguas e Ciências e odiei Matemática e Educação Física. Um facto curioso é que hoje em dia e já há muitos anos que não sobrevivo sem música, e a música é tudo para mim, mas do quinto ao sétimo ano tinha Educação Musical na escola e odiei, odiei mesmo. Odiava tocar flauta e tudo o que tivesse a ver com música por causa das aulas serem terríveis. Oh, a ironia...

Lembra-se de algum momento marcante enquanto estudante? Alguma curiosidade, brincadeira, traquinice, alguma contenda com algum professor?
Frequentei uma escola religiosa! [risos] Portanto, só me metia em porcaria. Estive perto de ser expulso imensas vezes mas não fazia nada de hardcore. Eram mesmo coisas pequenas e sem importância que os padres levavam muito a sério. Por conseguinte, escusado será dizer que traquinices não faltam, dentro de tantas existem sempre algumas que saltam sempre à mente quando penso no assunto e uma delas foi numa aula de Português. Costumávamos fazer uma mini festa quando era a aula número 100 de cada disciplina e levávamos sumos, etc.... Na aula 100 de Português do sétimo ano levámos aguardente e misturámos com os sumos. E sim, fomos apanhados como não podia deixar de ser! [risos]

Concorda com o novo acordo ortográfico?
Nem pensar. Entendo que a língua tem que progredir mas no caso deste acordo não considero uma progressão, antes uma regressão. Assimilar o português de Portugal ao do Brasil não é o caminho a percorrer na minha opinião. Temos uma língua riquíssima e bastante complexa que está em risco de ser arruinada com medidas como esta. Já para não falar no caso do Egito – egípcio...

A sua ligação ao metal surge quando e como?
Por volta do sétimo ou oitavo ano de escolaridade, porque o meu grupo de amigos começou a ouvir Metallica, Slipknot, etc.... Mas tudo isso veio do wrestling e do skate! [risos] O wrestling porque quando o assistia na televisão estava sempre exposto a rock e metal como soundtrack. E quando comecei a andar de skate, e devido à sua própria cultura, passei a ouvir mais e mais heavy metal até ao ponto em que percebi que era, de facto, o único género musical que estava o mais perto possível de satisfazer-me. 

Como aprendeu, neste caso, a cantar?
[risos] No chuveiro! Quando era pequeno, no primeiro ciclo, pertenci ao coro da escola religiosa que frequentava - inicialmente entrei porque tinha duas raparigas muito bonitas que queria conhecer mas depois acabei por adorar - mas no quarto ano saí e não voltei a fazer nada do género. No entanto, o chuveiro tem sido, desde que me lembro, o meu melhor ouvinte e como adoro cantar fui sempre cantando as músicas de que gostava. Portanto, foi algo muito natural para mim.

Qual foi o primeiro disco de metal que ouviu e o que comprou?
O primeiro que ouvi foi o "S&M" dos Metallica e o primeiro que comprei foi o "Death Magnetic".

Sempre ouviu metal ou teve aquela fase em que ouvia tudo o que lhe aparecia? Tem, por exemplo, vergonha de certas coisas que ouvia?
Tive a fase pré-metal, sem dúvida. Ouvia tudo o que aparecia, o que dava na rádio, etc.... Desde pequeno que adoro bandas como AC/DC e Pink Floyd por causa dos meus pais, mas antes de gostar de metal ouvia coisas muito más. O lado positivo disso é que ao mesmo tempo que ouvia coisas muito más, ouvia também coisas bastante aceitáveis como Linkin Park, Limp Bizkit, Da Weasel, etc.. Não tenho vergonha porque compreendo que são idades em que é completamente normal não ter um gosto musical definido e ouvir o que está à mão, mas não me orgulho de ouvir o CD da soundtrack dos "Morangos com Açúcar"....

Qual foi o primeiro concerto a que assistiu?
Fui a muitos concertos quando era pequeno, mas ia com os meus pais, daí não saber qual foi o primeiro. No entanto, o primeiro concerto a que quis mesmo ir e fui, e que defino como “o primeiro”, foi o de Dream Theater, Opeth, Bigelf e Unexpect no Palácio de Cristal, em 2009.

E o que mais o marcou até hoje e porquê?
Opeth no Incrível Almadense, dia 20 de Novembro de 2011, porque foi o primeiro concerto headliner que vi da banda que mais gosto e porque foi um espectáculo excelente. Em segundo lugar, fica o concerto de Al Di Meola no Funchal Jazz de 2010, se não me engano.

Qual é a sua grande referência musical e porquê?
Mikael Akerfeldt [Opeth] porque é o frontman e songwriter da banda que me fez querer ser músico, que me deu uma nova perspectiva no que toca a música, arte e harmonia entre ambos. Ele revolucionou a minha vida com a sua música e fez-me perceber que é isso que quero fazer aos outros!

Quais são as suas habilitações literárias e qual é a sua ocupação profissional?
Estou prestes a começar o meu terceiro e último ano de licenciatura em Tecnologias de Comunicação Multimédia na ESMAE, no Porto, e estou a estabelecer-me como artista multimédia freelancer, para além de estar a pôr todos os meus esforços na minha carreira como músico.

Para si, qual seria a profissão ideal?
Gostava de poder dar uma resposta menos cliché mas é impossível. A profissão ideal seria viver da música e viajar pelo mundo inteiro a tocar. Adoro tocar e transmitir algo às pessoas com essas músicas.

Qual é o seu grande hobby?
Para além da música, de ouvir 24/7 e em qualquer local, e de que quando não estou a ouvir estar a cantarolar ou a imaginar alguma música na minha cabeça, é o cinema e o skate.

Qual a viagem que mais o marcou até hoje e qual é o seu destino preferido de férias?
Duas viagens destacam-se imediatamente - uma com família e uma com amigos. A minha viagem de finalistas às Canárias marcou-me imenso, não pelo destino mas pelos momentos que partilhei com pessoal excelente. A outra viagem que me marcou imenso foi há quatro anos quando fui aos Estados Unidos da América e ao Canadá. É um mundo completamente diferente e a coisa que mais gosto quando viajo é mergulhar numa realidade diferente e experienciar a cultura do local de destino. Dito isto, tenho de referir que nenhum dos locais que mencionei são os meus favoritos. Das cidades que visitei, duas destacam-se como os meus destinos de eleição: Barcelona e Roma - duas cidade cheias de cultura, história e beleza!

Que local ou país deseja mais conhecer?
Egipto! Sou apaixonado pela cultura egípcia e quero definitivamente ir lá. Obviamente que nos dias que correm, e por razões óbvias, esta opção não é viável. Mas quem sabe um dia...

Tem um disco, canção, filme ou série da sua vida?
Disco: Opeth – "Ghost Reveries". Canção: não sei mesmo. Assim de repente, lembro-me de “Demon Of The Fall” dos Opeth e de “Anesthetize” dos Porcupine Tree, mas não sei se as posso considerar as "canções da minha vida", até porque a minha vida (espero) acabou de começar! Filme: são muitos, mas adoro terror e a franchise do “Saw” marcou-me profundamente pela positiva. Série: não sei mesmo. Tenho “fases”... a série "Chuck" foi uma dessas fases. Actualmente, diria ou "Walking Dead" ou "Game Of Thrones".

No sentido inverso: pior disco, canção, filme…
Não tenho pior disco. Quando oiço algo e vejo que não estou a gostar paro de ouvir, simplesmente, ou tento habituar-me. De qualquer das maneiras, não consigo enumerar os piores discos. Também não sei até que ponto consigo dizer a pior canção, mas existem canções que me irritam imenso, normalmente por causa do timbre da voz. Singles dos Maroon 5 e Coldplay são bons exemplos disso, irritam-me genuinamente (embora não saiba os nomes das canções). O pior filme que já vi (aviso desde já que provavelmente existe algum que detestei mais mas que de momento não me lembro) foi o “New Moon” da saga "Twilight". Até achei piada ao primeiro filme mas esse segundo foi demasiado mau - uma das únicas vezes em que adormeci no cinema. Pior série? Essa é fácil, "Anatomia de Grey".

Pratica ou acompanha algum desporto?
De momento, não. Devia praticar, eu sei, mas não.

É adepto de algum clube de futebol nacional? Qual?
Não, nem nacional nem internacional, mas tenho de admitir que quando me perguntam costumo dizer que sou do Porto, para não ter de apanhar com as caras de desaprovação do típico português. Talvez por adorar a cidade do Porto e pelo meu pai apoiar o FCP, mas na verdade não tenho o mínimo interesse na modalidade.

Utiliza as redes sociais? Que visão tem dessas e que papel lhes atribui?
Utilizo sim. A minha opinião pode ser resumida com um simples “meh”. Como todas as invenções trouxe enormes vantagens e assustadoras desvantagens, mas nem vale a pena entrar neste assunto porque ocupava a entrevista inteira. Têm um papel fundamental na organização de diversos aspectos na nossa sociedade. São de extrema importância pela sua magnitude e impacto nos dias que correm e creio que é impensável dispensá-las, sobretudo no caso dos músicos e artistas, em geral.

Consome ou já consumiu ilícitos?
Não, nem tenho curiosidade.

Uma noite perfeita?
Saída brutal com amigos depois de um concerto, descontrair com a namorada ou amigos ou uma longa sessão de cinema em casa.

É casado? Tem filhos?
Não e não, e muito mal estaria se com vinte anos alguma dessas perguntas tivesse resposta afirmativa.

Que facto mais o orgulha e envergonha na história nacional e/ou internacional?
Infelizmente, a raça humana não me dá razões para sentir orgulho. Fazemos muitas coisas boas, mas não são nada comparadas com as coisas más... e muitas das coisas boas que fazemos vêm com propósitos duvidosos. Este é mais um daqueles assuntos que tem pano para mangas, como se costuma dizer.

Acredita em Deus? É devoto de alguma religião?
Não e não, ao contrário do que é expectável de alguém que frequentou uma escola religiosa, esteve dez anos na catequese e tem o crisma! [risos] Gostava só de deixar uma dica: existe algo que faz com que milhares de milhões de pessoas se levantem todos os dias com um sorriso na cara e as ajuda a sobreviver até ao fim do dia. Esse algo é a música. Dava uma boa religião, não?

Acredita em fenómenos paranormais? Já presenciou algum?
Não presenciei nada do género e costumo achar que tudo tem uma explicação lógica. Contudo, tenho uma mente aberta... continuo à espera que me provem o contrário.

E em extraterrestres?
Claro, seria extremamente egoísta pensar que num universo tão vasto seríamos o único planeta com vida, sobretudo numa altura em que cada vez mais surgem teorias suportadas cientificamente de que houve vida noutros planetas.

Para si, qual é o maior flagelo mundial?
Não me sinto qualificado para responder a esta pergunta, e isto porque precisava de mergulhar em números e pormenores de vários acontecimentos como as guerras mundiais, o holocausto, etc., para poder determinar qual deles considerava o maior flagelo. De uma coisa tenho a certeza: o 11 de Setembro nem se classifica para entrar nesta ponderação (seriously ‘muricans, grow up already).

Qual é a sua opinião sobre o aborto e o casamento homossexual?
Sou a favor de ambos. Quanto ao aborto sinto que tem que ser algo que seja tratado com responsabilidade, não pode estar ao alcance de qualquer gaja de dezasseis anos que fez porcaria. O aborto deve ser um last resort em casos extremos emocionais, físicos ou económicos. No que toca ao casamento homossexual, a única coisa que tenho a dizer é live and let live. Todos têm (ou pelo menos deviam ter) o direito de serem felizes, e se o casamento homossexual contribui para a felicidade de alguém, então que assim seja!

Gosta de animais? Tem algum?
Gosto mas não tenho nenhum. O meu animal de sonho seria um macaco e, sim, estou a falar a sério!

Gosta de videojogos? Qual o seu tipo e/ou jogo favorito?
Claro que gosto! Embora hoje em dia não tenha muito tempo para jogar, acho que passei mais tempo da minha infância com a minha PlayStation do que com pessoas reais! [risos] O meu jogo favorito de sempre é o "Crash Bandicoot 2".

Enquanto músico, qual foi o momento mais marcante da sua carreira?
Definitivamente, a semana que passei com os Calamity Islet a gravar o nosso EP de estreia, “See The Colourless”. Foi a mais divertida da minha vida, sem dúvida, e está tudo documentado no nosso canal de Youtube. Vale mesmo a pena ver! [risos]

E o mais insólito?
Cada vez que o meu cabelo fica preso no headstock ou do Carlo ou do Tobias, em pleno concerto, e fico que nem um deficiente a tentar arranca-lo de lá! É sempre um momento interessante, no mínimo! [risos]

Arrepende-se de algo que fez na música?
Nop, nem por um segundo, e a chave para me sentir assim é também a minha regra número um enquanto músico: nunca lançar ou fazer algo de que não se goste!

Tem algum sonho por cumprir na música?
Algum? Pffff, tantos! Ainda vou no início da minha viagem musical, nem atingi nenhum dos meus objectivos! Tenho imensos sonhos por cumprir no que toca à música, mas tenho que dizer que fazer uma tournée mundial de qualidade e com bandas de sonho, provavelmente seria capaz de resumir todos esses objectivos.

Qual é a sua banda/artista nacional e internacional preferidos?
Nacional: Moonspell ou The Firstborn. Internacional: Opeth.

O que acha da qualidade dos músicos e bandas nacionais?
Digamos assim: em todo o lado existe talento desperdiçado mas, na minha opinião, Portugal abusa um pedaço no que toca a esse desperdício.  

O que acha que falha, se é que alguma coisa falha, no panorama musical nacional? Acha que há qualidade e quantidade de infraestruturas e público suficientes?
Infraestruturas existem, não estão é disponíveis tão facilmente... só para quem tem bastante dinheiro ou cunhas. Pelo menos no meio em que me insiro, e em termos de público, até nem estamos mal, e com a nossa situação económica até considero que o underground está a safar-se bem. O que acho que falha imenso ainda é a mentalidade, mas isso são outras lutas.

A Internet é um problema ou uma virtude para os músicos e/ou a indústria discográfica?
Acho que é bastante óbvio que, tal como grande parte das mudanças e evoluções tecnológicas, a Internet trouxe vantagens e desvantagens para o mundo da música. Se não fosse essa, muitos músicos não veriam a luz dos "holofotes". Por outro lado, o facto de todos termos uma hipótese fez com que seja tudo cada vez mais difícil e com que haja uma “concorrência” muito maior, se assim se pode dizer. No que toca à indústria, a Internet mudou por completo o negócio e grande parte das pessoas até hoje ainda não descobriu como monetizar e rentabilizar este meio de distribuição musical. Porém, em termos de divulgação e advertising, entre outros aspectos, foi muito positivo. Portanto, creio que é uma virtude problemática.

É a favor ou contra a pirataria?
Nem um nem outro. Consigo ver perspectivas divergentes no que toca a este assunto. Acho, no entanto, que a pirataria é algo que não devia estar ao alcance do ser humano, não por ser contra a mesma, mas porque a pirataria é daquelas coisas que implica, na minha opinião, um uso responsável, coisa que a maior parte das pessoas não é capaz de fazer.

O que acha dos organismos que gerem os direitos de autor, nomeadamente a SPA?
Muito mau. Tive a sorte de não ter de lidar muito com esses organismos dado que com os Calamity Islet quem tratou disso foi o guitarrista. Mas aquilo é uma confusão enorme, ninguém sabe servir os clientes, dar informações, nada. Demora-se imenso tempo a fazer coisas tão simples e a burocracia é tão chata. Tive de andar de um lado para o outro tantas vezes porque não me sabiam dar informações correctas e então empurravam uns para os outros. Sinceramente, dá vontade de não registar nada.

Concorda com as leis que estão a ser implementadas para combater a pirataria (ACTA, SOPA, etc)?
Não, e sobretudo porque essas iriam afectar bem mais do que a pirataria, já para não falar no autêntico assassínio à liberdade que constituem.

O que é que o irrita mais?
Em 90% do meu tempo de vida é extremamente difícil irritar-me. É mesmo, até porque levo a vida sempre no gozo. Todavia, quando estou a fazer algo sério é bastante fácil ficar irritado e normalmente são as pessoas que me irritam mais. Tenho também de referir que muitas vezes irrito-me com o computador ou qualquer tipo de tecnologia que não esteja a cumprir a sua função de forma eficaz. Ah, e quando seguranças ou polícias vêm dizer-me que não posso andar de skate em local A ou B...

Qual é a maior surpresa que o podem fazer?
Festas surpresa ou uma viagem surpresa! Os meus pais e a minha namorada fizeram-me há um ano uma festa de aniversário surpresa, pela primeira vez na minha vida, e estava à espera de tudo menos daquilo. Foi o melhor aniversário de sempre! No ano seguinte, ou seja, já este ano, a minha namorada fez-me algo parecido, mas com um número ridículo de amigos meus que me surpreendeu pela magnitude épica da festa! A verdade é que as surpresas têm piada uma vez. Portanto, para no futuro ser uma grande e eficaz surpresa, convém ser algo diferente e novo. Estou pronto, surpreendam-me (pela positiva, please)!

Já praticou algum acto de solidariedade? Se sim, qual?
O pouco que fiz (até agora, pelo menos) foi doar a minha roupa e brinquedos todos os anos. Tenho de admitir que em pequeno dava os brinquedos porque a minha mãe falava-me de como seria ser uma criança pobre sem possibilidades de os ter e eu chorava tanto e dava-os.

Acha que ainda tem algum dom escondido por revelar?
Creio que sim, sobretudo, no domínio criativo audiovisual e de escrita criativa. Quer dizer, não sei se tenho dom algum, mas sinto que tenho jeito para mais coisas ou pelo menos sinto que as faço bem, com facilidade e divirto-me imenso ao fazê-las. Tudo isso será posto à prova agora com este projecto do canal de Youtube e do meu solo project.

Prefere o Verão ou o Inverno? O sol ou o frio? A praia ou a neve?
Fico bastante dividido, mas diria que é o Verão, porque não há nada como um dia de Inverno chuvoso em casa debaixo do cobertor a ver filmes. Mas eu tenho uma condição qualquer, que sei que muitas pessoas têm, que é a seguinte: o meu humor forma-se de acordo com o tempo, sendo que fico sempre mais feliz quando está sol. Portanto, o Verão, para mim, é uma alegria! [risos]

Qual é o carro dos seus sonhos?
Não tenho. É daquelas coisas que são um mero meio para atingir um fim. Desde que me leve a onde quero e com o máximo de segurança possível, é perfeito para mim.

Sente-se dependente do telemóvel?
Infelizmente, sim. Nunca gostei de usar telemóvel, mas, hoje em dia, vejo-me obrigado a não o poder largar, sobretudo, dado que a minha namorada, grande parte dos meus amigos e practicamente todos os meus familiares vivem na Madeira, enquanto eu passo a maior parte do tempo no Porto.

Qual é a sua comida favorita?
Pizza, man! Pizza! Na verdade, qualquer comida italiana.  

E a bebida?
Água... quando tenho sede nada serve sem ser água. No que toca a bebidas alcoólicas, Jägermeister.

Sabe cozinhar? Qual o prato que confecciona com maior mestria?
Sim, tive de aprender a cozinhar desde que vivo sozinho no Porto. E para ser sincero, até gosto, mas não tenho paciência para o fazer diariamente, nem gosto de perder muito tempo a fazer coisas muito fancy. Portanto, diria que a minha especialidade seria Esparguete à Bolonhesa, porque até hoje foi o prato que confeccionei que mais me agradou.

Qual é o seu maior medo?
Perder algum dos sentidos ou capacidade motora. Tenho sempre medo de ficar cego ou de acabar num estado em que dependa de alguém para viver.

Tem alguma fobia?
Não... pelo menos que eu saiba.

Neste momento está optimista em relação à recuperação económica do país?
Não, e sinto que a situação ainda vai piorar antes de começar a melhorar.

Identifica-se com alguma ideologia política?
Numa utopia, num mundo perfeito, eu seria socialista a 100%, mas, como sabemos, o socialismo não passa disso - uma ideologia utópica. Portanto, como tudo nesta vida, há que procurar um equilibro entre a direita e a esquerda para que as coisas resultem
minimamente bem.

Se pudesse recuar no tempo até onde e quando recuava? Porquê?
Recuava o suficiente para presenciar um concerto de uma das melhores bandas de todos os tempos - Pink Floyd, provavelmente o concerto "The Wall" em Berlim ou (e de preferência) arranjar alguma maneira de assistir ao concerto deles em Pompeii.

Acredita na reencarnação? Em quem ou no que gostava de reencarnar numa outra vida?
Não, mas gostava imenso, porque seria uma maneira muito mais positiva e menos deprimente de pensar na morte e no quão curta e insignificante a vida humana, de facto, é.

É supersticioso? Qual a sua maior superstição?
Não, de forma alguma! A única superstição que “pratico” é a de comer as doze passas à meia-noite de cada ano novo e pedir os desejos para esse ano.

Para si, como se descobrem as verdadeiras amizades? O que é uma verdadeira amizade?
A amizade é verdadeira quando, em assuntos sérios, uma pessoa é capaz de fazer tudo para que a outra se sinta bem, mesmo que isso implique abdicar de algo. Além disso, quando em todas as outras ocasiões estão tão à vontade um com o outro que contam tudo e mais alguma coisa sobre a sua vida, sem sequer pensarem duas vezes!

Tem tatuagens? Se sim, qual a que mais sentido tem para si?
Ainda não, sendo "ainda" a palavra-chave.  

E piercings? Se sim, quer revelar onde?
Sim, três no lóbulo da minha orelha esquerda, sendo que um deles é um túnel de
8mm.

Considera-se vaidoso? Que cuidados tem com a sua aparência e saúde?
Curiosamente, nunca tenho cuidados com a minha aparência física, mas tenho no que toca à minha roupa - gosto de combiná-la como deve ser. A saúde, já é outra coisa. Nisso, tento, sempre que possível, ter cuidado.

Que tipo de roupa nunca seria capaz de usar?
Roupa à hippie ou aquela que tem deliberada e unicamente as cores da bandeira jamaicana.

Qual o seu maior defeito e a sua maior virtude?
O meu maior defeito (e que estou sempre a tentar combater) é ser um pouco egoísta. A minha maior virtude é a minha autenticidade e determinação.



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