Carlos Cariano [Malevolence]: «Todos sabemos quem persegue a música como uma verdadeira paixão»
Os leirienses Malevolence regressaram aos discos a 22 de Novembro com
"Antithetical", catorze anos depois de "Martyrialized". O
momento é, por isso, marcante e o mentor Carlos Cariano explicou à Against Magazine toda a história em torno do terceiro longa-duração da banda de death
metal progressivo.
Sendo o percurso dos Malevolence bastante intermitente, Carlos Cariano
afirma que nem o lançamento de "Antithetical" poderá garantir um
compromisso mais rígido com a rotina de banda.
"Não sabemos o que pode acontecer em relação a um novo disco, mas o
que podemos assegurar aos verdadeiros fãs é que o processo já está a decorrer",
diz o guitarrista e vocalista com um sorriso.
"Somos uma daquelas bandas atípicas que gosta de dar um passo de
cada vez e manter muito atenção aos detalhes. Sabemos que para suplantar um trabalho
como o 'Antithetical' é agora uma tarefa ainda mais colossal do que foi suplantar o 'Martyrialized'", determina Cariano.
Por motivos semelhantes os Malevolence também não garantem uma intensiva
presença na estrada em promoção do seu novo disco.
"O nosso acordo com a Carbon Medien Records inclui essa variante
[concertos], mas não no sentido de fazermos longas digressões como
muitas bandas actualmente. Acho que isso não faz sentido até certo ponto. Decidimos que vamos seleccionar algumas datas. Tal irá concretizar-se apenas se nos
sentirmos totalmente confortáveis em relação às condições para apresentar
'Antithetical' ao vivo e os promotores podem ter a certeza que isso será
real."
O músico de 38 anos aproveitou ainda para deixar um olhar sobre a cena
"metálica" portuguesa salientado os seus pontos positivos mas também a condição efémera de muitas bandas.
"A 'cena' portuguesa é como qualquer outra no que respeita a
bandas. Temos projectos extremamente bons mas também a pura mediocridade em estilo
e interpretação. Uma das coisas que me irritam totalmente na nossa 'cena' é a
escassez de financiamento que recebemos por estarmos no cu da Europa. Ao mesmo tempo irrita-me a falta de empenho, compromisso e rumo de muitos músicos portugueses.
Tenho visto bandas a surgir e desaparecer num espaço de meses e pessoas a saltar para uma carrinha apenas porque foi fixe durante um certo
período. No fim de contas, todos sabemos quem persegue a música como uma
verdadeira paixão."
Leia a entrevista na íntegra aqui.