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W.A.S.P. - «The Crimson Idol»

W.A.S.P.
“The Crimson Idol”
[CD – EMI Records]

Mesmo tratando-se dos “loucos anos oitenta”, em 1984 os W.A.S.P. chocaram o mundo com o seu primeiro single “Animal (F.U.C.K. Like A Beast)”. O segundo, “I Wanna Be Somebody”, à laia de promoção do auto-intitulado álbum de estreia, ainda hoje toca na rádio (as que passam rock, isto é). A lista de êxitos e polémica que se seguiria é interminável, mas sem dúvida que “O” álbum da carreira de Blackie Lawless e os seus W.A.S.P. seria publicado dez anos após a formação da banda. E curiosamente, seria também o seu álbum mais sóbrio.

“The Crimson Idol” é um álbum conceptual que conta a história de Jonathan Aaron Steele, um jovem que não ia ao encontro das expectativas do seu pai e por isso fugiu de casa aos dezasseis anos para tornar-se uma estrela de rock – o que conseguiria e, com isso, conheceria o lado egoísta e capitalista do mundo da música. Cliché? Sem dúvida. O que mais uma vez comprova o talento de Lawless, pois não é qualquer um que torna uma história tão “batida” em algo tão arrebatador.

Essa história é narrada por Lawless num single que não faria parte do álbum até à edição remasterizada de 1998 (e agora nas versões digitais), “The Story Of Jonathan – A Prologue To The Crimson Idol”. Dezasseis minutos e meio de melancolia, com uma guitarra acústica no fundo a dedilhar riffs que se repercutiriam ao longo do vindouro álbum. E para quem tivesse perdido o single, a narrativa seria impressa na capa interior do vinil e booklet do CD.

Mais do que um álbum conceptual, “The Crimson Idol” é uma ópera. E Lawless levou o termo muito a sério, criando uma abertura e um finale épicos – “The Titanic Overture” e “The Great Misconceptions Of Me”, respectivamente. Ambos são temas de grande impacto, usando alguns acordes e frases-chave do álbum. O mesmo acontece com os diversos breves interlúdios que antecedem alguns temas e “The Gypsy Meets The Boy”, um tema cuja primeira metade é uma balada composta nesses tons familiares, e a segunda uma versão desenfreada dos mesmos. Poderá dizer-se que é o verdadeiro interlúdio, separando o primeiro acto, em que Jonathan procura ser uma estrela, do segundo, onde o consegue.

Os W.A.S.P. tinham já começado a puxar o seu hard rock para o campo do heavy metal com o álbum anterior “The Headless Children”, mas é em “The Crimson Idol” que a sua sonoridade carrega esse peso com determinação e classe. “Arena Of Pleasure” e “Chainsaw Charlie (Murders In The New Morgue)” são as melhores personificações disso, com toda a instrumentação a rasgar notas e batidas. A sombria secção rítmica que precede o explosivo refrão da primeira e o cântico de ovação que acompanha a serra eléctrica na segunda são aspectos dignos de destaque.

Também “The Invisible Boy” e “I Am One” são músicas rápidas e fortes, a condizer com os temas que tratam – os maus tratos sofridos por Jonathan às mãos da família (com o som de um chicote aqui e ali) e a estrela de rock que entretanto se tornou, ao proverbial preço da sua alma.

“Doctor Rockter”, o fornecedor de droga de Jonathan, é imortalizado num tema com nuances de um rock na veia de Jethro Tull e Deep Purple, mas não está propriamente desenquadrado em termos de sonoridade – Lawless assegurou-se disso. É um tema mais fraco, mas não o torna fraco per se; apenas em comparação com os demais, não pondo em causa de forma alguma a dinâmica geral do álbum.

A simplicidade e delicadeza da melodia de “Hold On To My Heart” faz dela uma das mais lindas baladas de metal, arrebatando mesmo quem não aprecia o género. Sim, é uma canção de amor, mas não de amantes. “Agarra-te ao meu coração” é a súplica que Jonathan dirige aos seus fãs, ao seu público, na esperança de que estes prendam o seu verdadeiro “eu” à realidade.

Também “The Idol” é uma balada, mas bastante mais sombria, tanto na letra como na música. O nível de emoção está ao rubro neste tema, que é sem dúvida o mais carismático do álbum. Aliás, a carga emocional deste trabalho é outro dos seus trunfos. Três anos mais tarde, depois de reunir os W.A.S.P. novamente e lançar “Still Not Black Enough”, Blackie Lawless diria que ao olhar para trás “via mais semelhanças entre Jonathan e ele do que admitiria a si mesmo na altura em que o escreveu”. Mas independentemente de onde Lawless tirou a sua inspiração, “The Crimson Idol” é uma obra-prima sem igual. R.L.


Data de lançamento: 1 de Agosto de 1992
Nota de estúdio: produzido por Blackie Lawless e misturado por Mikey Davis; gravado no Fort Apache Recording Studio, em Hollywood, entre 17 de Julho de 1990 e Fevereiro de 1992, depois da composição ter começado em Setembro de 1989 e os ensaios em Abril de 1990; dedicado ao pai de Blackie Lawless, William.
Estilo: heavy metal/hard rock
Origem: Los Angeles, Califórnia (E.U.A.)
Formação: 1982

Alinhamento:
1. "The Titanic Overture" (3:31)
2. "The Invisible Boy" (5:12)
3. "Arena of Pleasure" (4:59)
4. "Chainsaw Charlie (Murders in the New Morgue)" (7:48)
5. "The Gypsy Meets the Boy" (4:15)
6. "Doctor Rockter" (3:51)
7. "I Am One" (5:25)
8. "The Idol" (8:40)
9. "Hold on to My Heart" (4:22)
10. "The Great Misconceptions of Me" (9:44)
11. “The Story Of Jonathan – Prologue To The Crimson Idol” (16:35) (bonus 1998)
Duração: 1:13:22

Elementos:
- Blackie Lawless (vozes/guitarras/ baixo/ teclas)
- Bob Kulick (guitarra)
- Stet Howland (bateria)
- Frankie Banali (bateria)

Discografia:
- “W.A.S.P.” (CD – 1984)
- “The Last Command” (CD – 1985)
- “Inside The Electric Circus” (CD – 1986)
- “Live... In The Raw” (CD ao vivo – 1987)
- “The Headless Children” (CD – 1989)
- “The Crimson Idol” (CD – 1992)
- “First Blood... Last Cuts” (Compilação – 1993)
- “Still Not Black Enough” (CD – 1995)
- “K.F.D.” (CD – 1997)
- “Helldorado” (CD – 1999)
- “The Sting” (CD ao vivo – 2000)
- “Unholy Terror” (CD – 2001)
- “Dying For The World” (CD – 2002)
- “The Neon God: Part One – The Rise” (CD – 2004)
- “The Neon God: Part Two – The Demise” (CD – 2004)
- “Dominator” (CD – 2007)
- “Babylon” (CD – 2009)



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