Músicos Avulso - Miguel Santos (Sonneillon BM)
"Redes sociais? Deviam andar a jogar ao pião"
Entre montes e jogatanas de futebol cresce um portuense de gema
que aprecia os valores tradicionais mas com consciência no futuro. Os Kiss e
Europe podem ter sido muito "leves" para o que seus ouvidos almejavam,
mas foi assim que se lhe abriram as portas para o lado mais negro da música
pesada. Homem dos rufos e dos blastbeats
nos Sonneillon BM, Cape Torment, entre outros, aprecia as coisas simples da
vida e é uma espécie de nostálgico por natureza. A música é para si mais do que
rótulos (gosta de rock e blues) e há segredos que não desmistifica... menos em relação às
latas de tinta que lhe serviram de primeira bateria.
A sua data de
nascimento?
2 de Abril de 19...
Como descreve sua
terra natal e que sentimentos esta lhe traz? Gosta de ter crescido lá ou se
pudesse tinha escolhido outra localidade ou mesmo país para nascer?
Eu nasci no Porto e estou muito feliz. Cá ando sempre pelo
centro do Porto e Gondomar que gosto bastante e a ainda cá estou! Nostálgico,
por vezes. Em Gondomar encontro inspiração devido às suas grandes montanhas e
florestas. A natureza em Gondomar é fantástica. Porto é onde estamos a ensaiar,
mais propriamente no Centro Comercial Stop, em Bonfim.
Que traço faz da
sua infância? Lembra-se das brincadeiras e traquinices que tinha? Que tipo de
miúdo é que era?
Era um miúdo rebelde que sempre gostava de andar nos montes
a jogar à bola. No entanto, desde muito cedo que me dedico à música. Comecei a
ensaiar em minha casa, aquela que foi a minha primeira sala de ensaios.
Na escola era um
aluno empenhado? Que matérias/áreas mais o entusiasmavam e, por outro lado,
quais as que mais detestava?
Gostava de Geografia, Alemão... Matemática era um pouco
complicado mas nunca foi um "bicho de sete cabeças"! [risos] Era
muito empenhado em História, ainda hoje o sou. Tenho pena de não ter seguido
História na Faculdade. Actualmente, tento pôr nas letras das músicas sempre
partes da história humana e guerras medievais, parte que gosto muito. Por exemplo,
no álbum de Sonneillon BM vamos ter um tema chamado "Black Death 1348",
relativo à era da peste negra, e que dá ênfase ao filme.
Lembra-se de
algum momento marcante enquanto estudante? Alguma curiosidade, brincadeira,
traquinice, alguma contenda com um professor?
Lembro-me de dizer ao professor que ia à casa de banho e,
afinal, acabava no café com os amigos. Regressava à aula a faltar dois minutos
para tocar. Uma vez só! [risos]
Concorda com o
novo acordo ortográfico?
Não. A nossa escrita devia prevalecer. É a nossa cultura
A sua ligação ao
metal surge quando e como?
Desde miúdo, pois na época havia muita gente a gostar e
comecei então a tocar bateria. Desde cedo ouvia os vinis dos Kiss e Europe do
meu pai e, por aí, tinha o entusiasmo de ser baterista. Porém, queria mais e encontrei
o metal na vertente da arte negra, um som mais pesado, como gosto, e com lírica
interessante!
Como aprendeu a
tocar bateria?
Com bateria de latas de tinta que fiz em casa depois das
obras, pois não havia dinheiro para mais. A minha Pearl foi comprada com
esforço. Ia trabalhar sempre nas férias da escola para isso. Não queria pedir
nada aos meus pais, mas sempre tive apoio e nunca me faltou nada.
Qual foi o
primeiro disco de metal que ouviu e o que comprou?
Talvez Immortal, mas já tinha ouvido Crematory, Metallica,
Genocide e por aí fora.
Sempre ouviu
metal ou teve aquela fase em que ouvia tudo o que lhe aparecia? Tem, por
exemplo, vergonha de certas coisas que ouvia?
Não ouço muito metal mas também gosto de bom rock e blues.
Gosto de música mas componho black ou death metal. Ouvir outros estilos faz bem
para compor.
Qual foi o
primeiro concerto a que assistiu?
De metal, penso que foi de Hypocrisy, numa escola.
E o que mais o
marcou até hoje?
Os de Immortal e Morbid Angel.
Qual é a sua
grande referência musical e porquê?
Neste momento, é Sonneillon BM. Tento ser o mais original possível
e ouvir pouca música quando componho. Referência, no fundo, é o mundo da música.
Para si, qual
seria a profissão ideal?
Músico profissional, piloto de Fórmula 1 (é um sonho) ou
militar. Segui carreira mas saí depois. Gostaria de ter seguido, mas é a vida.
Qual é o seu grande hobby?
Carros
e paintball.
Qual a viagem que mais o marcou até hoje e
qual é o seu destino preferido de férias?
A que
me marcou mais foi a minha viagem a Oslo, na Noruega. Já quanto ao meu destino
preferido, é viajar cá dentro.
Que local ou país deseja mais conhecer?
Itália,
Grécia... ainda vou lá.
Tem um disco, canção, filme ou série da sua
vida?
Canção
já tive, agora não sinto isso. Série era o "Kit" ["Knight Rider
- O Justiceiro"]... nostálgico, entre outras dos anos 80. Filmes de guerra,
adoro!
No sentido inverso: pior disco, canção,
filme…
Nada.
Pratica ou acompanha algum desporto?
Sim, atletismo.
É adepto de algum clube de futebol
nacional? Qual?
S.L.
Benfica, sempre!
Utilizo
para promover a banda. Infelizmente, uso-as, mas acho que põe as pessoas
diferentes. Deviam andar a jogar ao pião na rua, isso sim, bons tempos.
Consome ou já
consumiu ilícitos?
Não.
Uma noite
perfeita?
Guitarra, monte e churrasco.
É casado? Tem
filhos?
Não
em ambos os casos.
Que facto mais o orgulha e envergonha na história
nacional e/ou internacional?
Envergonha-me ver o
estado do nosso país. Orgulha-me ver os portugueses que se dão bem lá fora.
Acredita em Deus? É devoto de alguma
religião?
Acredito
em mim, na natureza e na sua força. Respeito a crença de cada um, mas a minha é
essa.
Acredita em
fenómenos paranormais? Já presenciou algum?
Não. Sinceramente, nunca vi e acredito pouco nisso. No
entanto, talvez haja vida para além da que temos na Terra.
E em
extraterrestres?
Não.
Para si, qual é o maior flagelo mundial?
Vai
ser a falta de condições de vida para muitas famílias. Comida, água...
Qual é a sua opinião sobre o aborto e o
casamento homossexual?
Bem,
cada um é como é. Gosto muito de mulheres. Em relação ao aborto, é um assunto
complexo, mas se for aborto por violação, estou de acordo.
Gosta de animais? Tem algum?
Sim.
Já tive agora não.
Gosta de videojogos? Qual o seu tipo e/ou
jogo favorito?
Sim.
Era do tempo do Spectrum ZX. Gosto de jogos de Fórmula 1, futebol, estratégia e
guerra.
Enquanto músico, qual foi o momento mais
marcante da sua carreira?
Tocar
no estrangeiro e vai ser gravar o meu álbum.
E o mais insólito?
Não
tenho assim nenhum, de momento, interessante para contar.
Arrepende-se de algo que fez na música?
Não,
nada.
Tem ainda algum sonho por cumprir na
música?
Gravar
ainda mais álbuns e fazer muito mais pelas minhas bandas. Desafios que no
futuro irão conhecer.
Qual é a sua banda/artista nacional e
internacional preferidos?
Genocide
em termos nacionais. Quanto à internacional, não tenho uma em específico.
O que acha da qualidade dos músicos e
bandas nacionais?
São músicos
muito bons, mas temos poucas oportunidades. As bandas estão a trabalhar melhor,
mas é difícil mantê-las por causa dos objectivos de cada um.
O que acha que falha, se é que alguma coisa
falha, no panorama musical nacional? Acha que há qualidade e quantidade de
infraestruturas e público suficientes?
Há
pouco público, poucos espaços para tocar, falta de espírito, mas são fases,
penso eu. Falha que às vezes as bandas perdem-se em algumas direcções desnecessárias.
Vejo pouca união!
A internet é um problema ou uma virtude
para os músicos e/ou a indústria discográfica?
Problema...
pode ajudar mas a informação é tal que, por vezes, fica tudo no vazio.
É a favor ou contra a pirataria?
Contra.
O artista tem de ser valorizado. Se ele permitir o download gratuito, aí sim, mas é da responsabilidade da banda.
O que acha dos organismos que gerem os
direitos de autor, nomeadamente a SPA?
Deviam
apoiar mais as bandas pequenas. Todos ganhavam com isso.
Concorda com as leis que estão a ser
estudadas para combater a pirataria (ACTA, SOPA, etc)?
Sim,
acho que se deve tomar decisões que apoiem os artistas.
O que é que o irrita mais?
Falta
de honra.
Qual é a maior surpresa que o podem fazer?
Ver
as coisas feitas, tarefas compridas.
Já praticou algum acto de solidariedade? Se
sim, qual?
Ajudei
algumas pessoas, mas isso fica comigo.
Acha que ainda tem algum dom escondido por
revelar?
Não
sei, acho que tenho vários. Ás vezes não sabemos como explorá-los.
Prefere o Verão ou o Inverno? O sol ou o
frio? A praia ou a neve?
O Inverno.
Não gosto muito do calor frio e neve.
Qual é o carro dos seus sonhos?
Um Ferrari.
Sente-se dependente do telemóvel?
Não
Qual é a sua comida favorita?
Massa.
E a bebida?
Cerveja.
Sabe cozinhar? Qual o prato que confecciona
com maior mestria?
Sei
cozinhar pouco... arroz, carne, batata frita. [risos] No entanto, vou-me
safando na cozinha. Um entrecosto e um chouriço assado, frango... talvez isso!
Tem alguma fobia?
Não.
Neste momento está optimista em relação à
recuperação económica do país?
Não,
de facto, não. Mas a situação não pode continuar assim. Tinha de limpar-se o
parlamento.
Identifica-se com alguma ideologia
política?
Identifico-me
com aquela que proporcione bem estar às pessoas.
Se pudesse recuar no tempo, até onde e
quando recuava? Porquê?
Recuava
ao tempo de escola quando tive outras opções e a nível profissional também.
Acredita na reencarnação? Em quem ou no que
gostava de reencarnar numa outra vida?
Em
Bellerophon, mas não acredito na reencarnação.
É supersticioso? Qual a sua maior
superstição?
Sim,
sou um pouco, mas não posso revelá-la. [risos]
Para si, como se descobrem as verdadeiras
amizades? O que é uma verdadeira amizade?
Descobrem-se
nos momentos difíceis da vida. Nos bons estão todos contigo...
Tem tatuagens? Se sim, qual a que mais
sentido tem para si?
Não
tenho.
E piercings?
Também
não.
Considera-se vaidoso? Que cuidados tem com
a aparência e a saúde?
Não
sou vaidoso, mas tenho cuidados comigo e com a saúde. Todos devemos é ter brio próprio.
Que tipo de roupa nunca seria capaz de
usar?
Cor-de-rosa.
Qual o seu maior defeito e a sua maior
virtude?
A minha maior virtude é não desistir. Defeito? Talvez ser arrogante! [risos] Dizer as verdades na cara talvez seja a minha maior virtude.