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RIP: «É preciso dar cobertura à nossa música»

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Um dos grupos mais marcantes da música açoriana regressou aos palcos no passado dia 8 de Fevereiro. O Backstage Bar, em Angra do Heroísmo, recebeu Kit, Joel Moura, Artur Rocha e Augusto Vilaça numa viagem no tempo que promete abrir portas para o futuro.

Em reportagem publicada no Diário Insular (ver na íntegra aqui) traçaram um retrospectiva dos seus vinte anos de existência, deixando claras as diferenças que hoje marcam o mercado musical e expressando especial mágoa com a forma como a música original é hoje tratada nos Açores.

"O público era mais quente [no início dos anos 90]. Entretanto, os lugares onde nos contratavam passaram a conseguir contratar, por menos dinheiro, um DJ ou alguém que vá tocar sozinho, e nós acabamos por estar fora disso", apontou o baixista Artur Rocha.

O vocalista e guitarrista Kit dá voz à crença de que "não é nada fácil trabalhar em música original nos Açores" e que só por carolice continuam nesse mesmo caminho. "Actualmente, há grandes músicos que estão a envolver-se em bandas de covers, o que dá algum dinheiro - a música original não dá dinheiro. Perde-se, com isso, a cultura da parte criativa da música, que é uma arte."

O também vocalista e guitarrista Joel Moura vai mais longe e crítica a forma como os meios de comunicação, promotores e entidades responsáveis pela cultura nos Açores negligenciam o produto regional. ""Naquele tempo davam-se mais oportunidades a quem queria tocar música original. A própria comunicação social, como as rádios e a televisão pública, estavam mais despertas para o valor destes artistas. (...) Houve anos em que se notou um vazio total, anos em que as próprias Sanjoaninas ofereciam resistência em meter no programa grupos de cá", frisa, enquanto defende que "foi a partir dessa altura que os grupos começaram a desaparecer".

Joel Moura sugere ainda a realização de um intercâmbio da cultura açoriana antes que se possa exportá-la. "Não há visão. Era possível promover intercâmbios dentro dos Açores, fazer com que as bandas circulassem entre as ilhas. Se não conhecermos o que é nosso, como é que outros podem fazê-lo?" O músico prossegue considerando que "é preciso dar cobertura à nossa música", embora não anteveja tarefa fácil. "As estruturas que estão na base de tudo isto não pensam dessa forma", identifica, enquanto Kit complementa que "é o mercado que cria os artistas", mas que este está "viciado".

Os RIP formaram-se em 1992 e granjearam mediatismo sobretudo pela rodagem frequente do videoclip "Sexo (Sem Amor)" na RTP-Açores. Cessaram funções em 1995 com as demos "RIP" (1992) e "Lado Errado" (1994) e algumas cassetes editadas. O regresso aos palcos dá-se em 2007 com uma actuação no Angra Rock, tendo seguimento pontual nos dois anos seguintes. No momento, desconhece-se se a banda tem planos de manter uma actividade regular até porque, como explicam, é sobretudo a vontade de criar que os une. "Sabemos que quando tem de ser é, só temos de estar. Mas estamos com os pés bem assentes no chão, não vivemos ilusões. Já não temos idade para isso", sublinha Joel Moura.


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