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THE ULTIMATE LOVE GANG: elementos dos MORBID DEATH e PSY ENEMY «convertidos» ao amor [entrevista exclusiva]


Mudam-se os tempos e as vontades... ou se calhar nem tanto. Anos a fio a destilar metal e agora a bandeira do amor está hasteada no seu ponto mais alto! Claro que em sentido figurado, mas aí está um dos mais novos projectos açorianos com um elenco que muitos conhecerão de outras paragens - Paulo Bettencourt  dos MORBID DEATH, Filipe Ponte e Miguel Raposo dos PSY ENEMY e Luís Sousa que aparenta "ficha limpa" na questão do background metálico. Certo é que a qualidade musical prevalece, mas a "trigonometria" dos PSY ENEMY está aqui completamente abolida ou o peso gótico e thrash dos MORBID DEATH. Rock descomplexado e passível de despertar instintos libidinosos, patente no primeiro single «Routine». E acreditam tanto no seu trabalho que já concorrem ao EDP Live Bands, iniciativa que leva quatro bandas ao Optimus Alive!. Votem neles (aqui) e "ajudem-nos a partilhar o amor", citando o vocalista e interlocutor desta entrevista, Miguel Raposo.

Começando pelo que parece ser o tema "central" - o amor! Estão ou estavam todos apaixonados quando iniciaram esta banda?
Não se trata de estarmos apaixonados, mas sim de termos todos muito amor para oferecer! [risos] Afinal de contas, tudo o que é preciso para vivermos com alegria é paz e amor.

É sabido do background mais extremo dos elementos do grupo. Também já não é novidade que poderiam criar uma banda deste género, dado que têm gostos muito ecléticos. No entanto, e até porque têm várias outras bandas, onde é que vêem a diferença em THE ULTIMATE LOVE GANG ao ponto de se tornar numa necessidade criativa? No seu caso, por exemplo, já não bastavam os CÉREBRO ou os ALIEN SEED?
Os ALIEN SEED e os CÉREBRO são projetos de estúdio. Os THE ULTIMATE LOVE GANG são uma banda de "sala de ensaios" e é lá onde compomos e, de forma mais genuína, existe a simbiose criativa.
Quando nos juntámos, a ideia era fazer algo mais pesado... mas saiu THE ULTIMATE LOVE GANG! Acho que este foi o caso em que a música é que nos escolheu e não o contrário. 
Há uns anos era conhecido como um vocalista de frontalidade desconcertante, principalmente em cima do palco com os PSY ENEMY. Hoje em dia já o ouvi dizer que já não sente aquela "revolta". Quer fazer-nos a análise desta metamorfose?
Vou discordar com o desconcertante! [risos] Não me tornei um acomodado, não! A verdade é que, com a idade, creio que de uma forma geral - e não só comigo - começamos a ver o mundo de outra forma. Nunca devemos perder o nosso sentido crítico e acomodarmo-nos, mas demasiado radicalismo, penso eu, não leva a lado nenhum.

"Pregar" o amor e "pregar" o ódio, são coisas muito diferentes? Claro que ódio deve aqui ser entendido como a violência sonora e imagética (por vezes lírica) do metal, mas é fundamentalmente uma maneira de dizer que se trata de um estilo que vive de irreverência, inconformismo e até de revoluções ideológicas. Tudo isto pode acabar por tornar-se mentalmente desgastante. Como é estar agora dos dois lados? Sente-se mais confortável nalgum deles?
Os PSY ENEMY eram extremamente desgastantes artisticamente. Depois, o pessoal, fruto da idade e de querer tudo extremamente perfeito, exigia muito das minhas letras. Cheguei a usar livros de psicologia, sociologia e psicanálise para obter termos científicos da vários níveis de perturbações humanas de carácter psicológico... mas era algo que fazia com muito gosto. Afinal de contas, é mesmo esse o conceito do inimigo psicológico - o confronto dos constituintes da personalidade, o id, ego e super-ego - e como devem imaginar é um assunto muito amplo. Em THE ULTIMATE LOVE GANG é o oposto - tudo muito relaxado, escrevemos sobre coisas bonitas [risos], sem grandes preocupações. É um feeling totalmente oposto ao de PSY ENEMY - tudo muito paz e amor. [risos] Pessoalmente, acho que o amor é a base de tudo. Se tratarmos bem o próximo seremos bem tratados. Sendo assim, acho muito mais importante o amor.

Também confidenciou-nos que sente muito a falta de uma banda de metal. Trata-se de uma ideia vaga ou por momentos torna-se mais concreta?
Às vezes sinto falta de "explodir" e mandar tudo para longe, como qualquer um de nós, e era aí que podia expurgar os meus demónios. Até ao momento é uma ideia, não vaga, apenas uma ideia.

E utilizando a tal frontalidade, coloca-se a questão: os restantes músicos dos THE ULTIMATE LOVE GANG também estão muito ligados ao metal no passado; o volte-face estilístico, pessoal ou idiossincrático (se quiserem) é também uma necessidade de conquistar mercado?
A criação desta banda, por a caso, foi muito engraçada. Quando nos juntámos, a ideia era fazer algo mais pesado... mas saiu THE ULTIMATE LOVE GANG! [risos] Acho que este foi o caso em que a música é que nos escolheu e não o contrário. Foi mágico...
Não imagino a banda a tocar metal. Seria demasiado estranho uma banda de metal com este nome!
THE ULTIMATE LOVE GANG é rock "radiofónico", pelo que se infere do primeiro single já lançado. É uma tendência para continuar ou as pessoas podem esperar surpresas a cada "esquina"? Será que os vossos ímpetos mais extremistas ou experimentalistas conseguirão ficar recalcados?
Pessoalmente, não imagino a banda a tocar metal. Seria demasiado estranho uma banda de metal com este nome! [risos] No entanto, tocamos rock. Pode sempre aparecer um tema mais a "esgalhar" e/ou até uma balada romântica. [risos] Nunca se sabe...

«Routine» é o vosso tema de apresentação. Porquê? Representa-vos melhor ou simplesmente foi o primeiro a ser escrito?
Foi o primeiro que compusemos e achámos que daria um bom single.

E tem sido bem recebido pelos media e pelo público?
Até agora tem sido muito bom.

Nos últimos tempos começou a usar registo vocal limpo. Como tem visto o seu desenvolvimento nesse particular? Continua autodidacta, certo? Será Mike Patton o "professor"? Fale-nos da suas influências...
Sim, continuo autodidacta. O Mike Patton é mais um exemplo - mais mentor do que professor. [risos] Acho fascinante a sua versatilidade. As minhas influências? Ouço tanta coisa... Outro dia achei piada. Um amigo ouviu a «Routine» e disse: "Tens cenas ali de GUNS N' ROSES". Eu detesto essa banda! [risos]

Qual é o status dos CÉREBRO ou mesmo (se lhe é permitido confidenciar) de outras bandas em que os elementos dos THE ULTIMATE LOVE GANG estejam envolvidos?
Eu e o Paulo [Bettencourt, guitarrista] decidimos meter os CÉREBRO em standby para termos mais tempo para os THE ULTIMATE LOVE GANG. Quanto aos restantes elementos, sinceramente não sei.

Por fim, duas perguntas inevitáveis: PSY ENEMY para quando (e do que dependem para regressarem)  e como melhorar a música e sua estrutura promocional nos Açores (não exclusivamente no metal)?
Em relação aos PSY ENEMY é complicado - o Luís [Silva, guitarrista] vive na ilha do Pico. Creio que para actuarem seria necessário ensaiar bastante, dada a complexidade sonora da banda. Antes de mudar a música, há que educar as pessoas. Um maior aposta na formação cultural nas pessoas seria excelente. 



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