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EQUALEFT: entrevista com Miguel «Inglês»


Há vários anos a "conquistar corações safados" – para usar uma das suas expressões – tanto como músicos e como pessoas, os EQUALEFT lançaram agora o seu tão aguardado álbum de estreia «Adapt & Survive». Em conversa com o vocalista Miguel "Inglês" ficámos a saber algo mais da história por trás deste trabalho e de quem o realizou com tanto empenho.

Creio que a maioria das pessoas ainda se pergunta sobre a origem do vosso nome. Contem-nos a história de como surgiu EQUALEFT.
O nome EQUALEFT teve uma origem numa saída à noite para um pequeno passeio pelo centro do Porto, mais concretamente no conhecido café Piolho. Estávamos já a ensaiar como banda, mas ainda sem nome. Decidimos então, de forma espontânea, pensar em nomes que fossem neutros a nível de estilo musical e chegámos à conclusão de que gostávamos da fusão Equal + Left. Desde essa noite assim ficou – simples e prático.

Tocam groove metal, indubitavelmente. De há uns anos para cá, parece que virou moda em Portugal as bandas adicionarem groove à sua descrição... O que acham desta banalização da palavra? Pode desacreditar as bandas, como EQUALEFT, que dão uso real ao termo?
Penso que não. Apesar de termos sido sempre associados ao metal com groove, e talvez ao som "mais moderno" por sermos uma banda de oito cordas, nunca nos preocupamos muito com isso. Sabemos que não devemos perder a nossa identidade sonora que é muito mais do que o groove em si. E a prova é o nosso primeiro álbum onde mostramos os verdadeiros camaleões que somos. O groove está lá, mas não está sozinho.

Ao longo dos anos criaram certas "tradições" que não são muito comuns – a distribuição dos biscoitos húngaros, o manejo do sabre de luz nos concertos durante a «Invigorate», a presença da mascote de peluche Equal... Como é que isso tudo aconteceu?
Tudo surgiu de forma espontânea. Os húngaros surgiram em 2007 aquando de alguns concertos na Fábrica do Som. Como esperámos bastante tempo para fazer o soundcheck, levámos uma caixinha de húngaros para estarmos entretidos com alguma coisa. Com isso, notávamos também que se quebrava o gelo com as bandas que tínhamos acabado de conhecer. Daí para frente tornou-se um hábito e passou também para o público. Quanto à presença de elementos do «Star Wars» nos nossos concertos, especialmente na «Invigorate», foi também por pura brincadeira, pois esse tema tem um refrão muito épico que se encaixa na perfeição. E o Equal, a nossa mascote, foi-nos oferecido por uma amiga e sempre que pode está no palco, a "tomar conta" de nós.
Sabemos que não devemos perder a nossa identidade sonora que é muito mais do que o groove em si. 
E em que medida essa boa disposição influenciou a empatia que criam com o público?
Quando entramos em palco entramos com o objectivo de nos divertirmos e divertir, através da nossa música, todos aqueles que estão ali para verem um concerto. A boa disposição da banda acaba por contagiar o público. Acho que não há melhor sentimento do que estar num concerto e ver todos a divertirem-se. E, claro, sempre alguém a gritar "olhaaaaaaaaaaa os húngarosssssss"!

Por falar na «Invigorate», que grande evolução desde a versão original, de 2008! Foi por ter-se tornado um hino ao vivo que decidiram "reciclá-la"?
Quando começámos a gravar o álbum achámos que a «Invigorate» encaixava ali, tanto a nível musical como lírico. E também tínhamos a certeza de que a «Invigorate» merecia algo mais do que o que está na demo, e assim o fizemos – regravámo-la e demos-lhe um toque mais directo e mais próximo do que é ao vivo.

Tiveram alguns problemas com o produtor original... Como é que o Pedro Teixeira entrou em cena?
Iniciámos as gravações no estúdio Soundvision com o Paulo Lopes [CRUSHING SUN] e após um ano de alguns obstáculos que tivemos de ultrapassar para gravar, achámos que necessitávamos de algo mais para o álbum fluir a nível sonoro. Gostávamos das músicas, mas faltava algo no som. Foi então que fomos gravar novamente as guitarras todas no estúdio da Raising Legends, com a preciosa ajuda e paciência do André Matos. Foi através dele que surgiu a possibilidade de trabalhar com o Pedro Teixeira, que já conhecíamos de trabalhar com bandas como BURY TOMORROW e HEART IN HAND. Apesar de ele estar em Londres e só termos menos de um mês para misturar e masterizar, resolvemos cometer a loucura de arriscar. "Adapt & Survive"!

E a Raising Legends e Raging Planet, como surgiram os contratos?
Tínhamos noção de que o álbum necessitava de alguma promoção. Mesmo nós, enquanto banda, precisávamos de algum apoio extra para nos concentrarmos mais naquilo que estávamos a fazer. Como conhecíamos tanto o André da Raising Legends como o Daniel Makosch da Raging Planet, chegámos à conclusão de que poderíamos fazer algo juntos para que o resultado fosse bom para todas as partes.

Depois da ironia «(As The Irony Prevails)» e da verdade «(The Truth Unravels)», vem a adaptação e subsequente sobrevivência. Os títulos dos vossos trabalhos têm alguma mensagem em especial?
Pelo menos eu tento passar uma mensagem positiva e de optimismo através das minhas letras. Tudo o que passo enquanto pessoa, enquanto músico, o  que me influenciou a mim e à banda ao longo destes últimos tempos reflectiu-se nas letras do álbum e soubemos adaptarmo-nos e sobreviver a tudo o que nos rodeou.


O próprio artwork, o cubo de espelhos com as peças todas desorganizadas, parece representar um desafio. De quem foi a ideia?
O Mirror Cube que aparece na capa do álbum e no lyric video da «Human» pertence ao Bernardo "Malone" [guitarrista]. Numa noite fizemos quase todo o artwork, inspirados pela pequena maravilha que é o Mirror Cube.  Encaixa perfeitamente no conceito do álbum - adaptarmo-nos a um desafio e solucioná-lo para conseguirmos sobreviver.

Referiu-se ao lyric video da «Human». Há planos para um videoclip "a sério" para outro dos temas?
Sim, esperamos brevemente lançar um vídeo da «Maniac» filmado no estúdio da Raising Legends com Go Pros. E outro que ainda está a ser estudado. Esperamos ter boas notícias em breve.

E se tivessem orçamento para um daqueles vídeos que mais parecem mini-filmes, qual seria a história?
Pergunta difícil… Quando se tem na banda membros com uma imaginação bem fértil, seria de certeza algo bem louco e sem preconceitos.

O álbum tem alguns convidados, como já o EP tinha tido. Depois de compor já sabem qual é a participação ideal para cada música? Como foi para os três casos do «Adapt & Survive»?
Quando estávamos a gravar o álbum decidimos logo optar por dar aos convidados um desafio, ou seja, convidá-los a sair da sua zona de conforto e entrar no nosso mundo, adaptando-se ao tema que iam interpretar. Foi, sem dúvida, aposta ganha, pois o Nuno Pereira, o Filipe Correia e o Paulo Rui foram uns "sobreviventes".

Parece que os EQUALEFT foram a primeira banda a esgotar o Metalpoint com a pré-venda de bilhetes! Qual foi a vossa reacção ao saberem?
Foi incrível, mas ao mesmo tempo a pressão era ainda maior, tínhamos que dar mais de nós em vez dos 100%. Teria que ser os 200%! [risos] Queríamos o Metalpoint cheio mas não pensávamos que o conseguíssemos uns dias antes. Obrigado a todos!
Tudo o que passo enquanto pessoa, enquanto músico, o  que me influenciou a mim e à banda ao longo destes últimos tempos reflectiu-se nas letras do álbum
E o concerto em si? Encontrou as vossas expectativas?
Acho que ainda não tenho palavras para descrever aquela noite, nem eu nem o resto da banda. Vai ficar para a memória para sempre. Não foi pela quantidade de pessoas, mas sim pela entrega das mesmas, pela atitude das bandas convidadas, pelo árduo trabalho para os fotógrafos e pelo staff do Metalpoint que nos proporcionou uma noite brilhante. Fui/fomos felizes nessa noite, a alegria estava chapada nas nossas caras. Mais uma vez agradeço a todos os que lá estiveram. Obrigado, vocês são uns heróis.

E as fotografias "criativas" no Facebook com os bilhetes?
Quando vendi o bilhete número um disse a quem o comprou, na brincadeira, para tirar uma foto ao bilhete de forma original e colocá-la online. Ele assim fez e tornou-se viral! Curtimos imenso a interacção do público.

Também andaram a circular outras imagens, a pedir a vossa presença em Vagos, a abrir para GOJIRA...
Que fique bem claro: não foi nenhum membro da banda que fez essas imagens ou criou esse evento! Mas é óbvio que ficámos contentes por haver tanta gente que aderiu, mesmo por brincadeira, às fotos com montagens. Momentos épicos e de risota. Vamos estar, claro, presentes no Vagos para ver GOJIRA, mas para assistir, não tocar, ao concerto de uma banda que é uma grande influência.

No passado, deram bastantes concertos sem a formação completa. Hoje fariam o mesmo? Ou independentemente da vontade/prazer de tocar, a qualidade da vossa sonoridade vem em primeiro lugar?
Sempre o fizemos, nunca cancelámos concertos porque quando nos comprometemos não gostamos de falhar. Então arranjávamos sempre maneira de ir tocar – ou com um a menos ou com algum convidado. A nossa postura continua a mesma, mas claro que agora estamos muito mais estáveis e tentamos que vá sempre a banda toda. O álbum só faz sentido ao vivo se lá estivermos todos, mas só o futuro o dirá.

Renata Lino



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