photo logopost_zps4920d857.png photo headerteste_zps0e0d15f7.png

Mentores da METAL HORDE ZINE explicam o que são «metaleiros de sofá»


Nuno Oliveira e Inês Perpétuo são as caras da Metal Horde Zine, fanzine em papel que circula desde 2007 no underground nacional. Em entrevista à última edição da Morde Essa Bolacha (fanzine também em papel), os mentores da publicação sedeada em Vila Franca de Xira reconheceram que em Portugal proliferam as bandas de metal (e de qualidade), mas que o volume de público está cada vez mais disperso e diminuto.

"A cena nacional peca por hoje em dia toda a gente ter uma banda, o que leva a termos vários bons concertos no mesmo dia", começa por diagnosticar Nuno como razão para que "muitos acabem por ter menos de 50 pessoas". "Muitas vezes é quase só elementos das bandas e amigos deles, e isso não pode ser considerado uma coisa boa", conclui.

O escriba continua a sua análise sublinhando a qualidade e diversidade das bandas nacionais, paralelamente à importância de certas salas do país. "Têm aparecido boas bandas dentro de todos os estilos, sendo que agora o heavy metal voltou a ser uma coisa boa. (...) O aparecimento de casas como o Metalpoint [Porto] e Side B [Benavente] foram uma mais-valia para a cena que agora tem uma coisa que não tinha antigamente: bares que estão abertos há já alguns anos, sempre dedicados a apoiar a cena!"

Nuno não termina o seu raciocínio sem considerar o cenário de peso nacional "bastante interessante, com bons eventos, boas pessoas e algum ciúme (mesmo assim não muito) que vai mantendo o coração a bater".

Por seu lado, Inês assume-se apaixonada pelos concertos ao vivo, mas é mais cáustica ao criticar a forma passiva como o público nacional consome o seu produto. "Gosto muito de ir a concertos. Acho que não é num álbum que se vê a qualidade de uma banda, é ao vivo! Claro que em álbum também é importante, mas acho que a melhor coisa que há na vida é ir a um concerto. (...) Infelizmente, as pessoas não se dão ao trabalho, literalmente. Na volta, eu vou a concertos demais. Felizmente que são baratos e perto, mas também vou a concertos longe. Tenho para comigo que é como o Nuno diz: é triste, mas agora toda a gente tem uma banda, toda a gente está muito ocupada, ninguém tem dinheiro para ir ao Side B, mas, se for preciso, esturram 30 euros ou mais no Bairro Alto todos os fins-de-semana", condena Inês, garantindo que apoia o underground nacional comprando bilhetes, CDs e t-shirts.

Para finalizar, Inês aponta até a algum cinismo por parte dos fãs, nomeadamente pela forma como reservam o seu apoio sobretudo ao ciberespaço. "Se for pela quantidade de bandas, o metal nacional vai óptimo. Temos imensas bandas novas de heavy metal mais tradicional, thrash mais old school, mais moderno, o nosso black metal está agora um pouco mais sossegado mas cheira-me que em breve vai arrebitar... Quanto ao death metal, ainda este fim-de-semana tivemos uma excelente supresa em palco. Em termos de afluência a concertos é que está escasso... muito escasso! E, lá está: toda a gente saber vir para a net fazer 'like' e 'going' nos eventos, mas ir? Está quieto! Os metaleiros de sofá do Metal Underground passaram a ser os metaleiros de sofá do Facebook." 



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...