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VAGOS OPEN AIR 2014 - Dia 1
08.08.14 - Quinta do Ega, Vagos

Fotografia: Catarina Torres
A sexta edição do VAGOS OPEN AIR foi a maior em números – não só por ter durado mais um dia que nos anos anteriores mas também em termos de público – e é opinião geral que foi o melhor cartaz à data.

E essa afluência de pessoas registou-se logo desde o primeiro momento, o que não é costume; embora Agosto seja o tradicional mês de férias, ainda muitos trabalham, e há aqueles que se guardam para as "bandas grandes". Mas os GATES OF HELL podem orgulhar-se de ter sido a banda de abertura com mais público de todos estes seis anos – um mar de metaleiros que se estendia desde a grade até à mesa de som, mais ou menos a meio do recinto.

Arrancando com «Phenomenal Syndrome» e terminando com o tema-título do álbum de estreia, «Critical Obsession», os GATES OF HELL descarregaram a sua mistura de thrash/death/hardcore em meia hora de pura energia. Eram muitos os fãs e amigos da banda presentes, a quem o vocalista Raça fez questão de agradecer. Logo a seguir agradeceu àqueles que estavam a vê-los pela primeira vez, não só por uma questão de boa educação mas porque realmente, dada a vida que as rodas de mosh assumiram durante todo o concerto, não eram apenas os fãs de longa data que estavam satisfeitos com a prestação em palco da banda do Porto.

Também os KANDIA admitiram não estar "à espera de tanta gente". O à-vontade de Nya Cruz em palco é irresistível, com os olhares do público seguindo cada movimento da vocalista.

O álbum de estreia «Inward Beauty | Outward Reflection» foi completamente posto de lado, sendo todo o alinhamento composto por temas do mais recente «All Is Gone». Apresentando «Scars» (cujo vídeo no YouTube já ultrapassa as 66.800 visualizações) com uma adaptação da primeira linha – "we’re not going away, we’re here to stay" em vez de "I’m here to stay" – a prestação da banda condiz, de facto, com essa afirmação. Também Nya agradeceu a todos os que tinham ido vê-los e aos que não tinham mas "foram ficando". «Karma» encerrou outra meia hora de qualidade, desta vez a saber a rock moderno.

Há muito que os britânicos SYLOSIS eram esperados pelos portugueses e nem o "pequeno" erro de mencionar KREATOR e tocar um riff de SLAYER manchou esta estreia. Além do excelente thrash metal que tocaram, Josh Middleton estava de muito bom humor, dando um toque ainda mais especial ao concerto – pedir ao público para fazer headbanging ao som do silêncio já não é a primeira vez que ouvimos, mas dois circle pits distintos, um do lado esquerdo e outro do direito, isso sim foi novidade. Anunciou ainda que aquele era o último concerto da banda com Rob Callard, mas logo acrescentou que o baterista iria prosseguir na música... como vocalista de uma banda de covers de Mariah Carey, pelo que fica a dúvida se a piada está no motivo da partida ou se Callard vai sair de todo dos SYLOSIS. Despediram-se com «Empyreal» – em termos musicais, pois a verdadeira despedida foi uma selfie – com «All Is Not Well» e «The Blackest Skyline» a marcarem alguns dos pontos altos.

«Sirius» de THE ALAN PARSONS PROJECT foi a surpreendente escolha dos SOILWORK para a sua introdução, tomando então o palco com «This Momentary Bliss». Speed Strid dirigiu-se ao público dizendo que há cerca de dez anos que não tocavam em Portugal. "10, 9, 8... way too long" (foram na verdade onze - a última vez registou-se em Maio de 2003 com CHILDREN OF BODOM e SHADOWS FALL).

Com um álbum duplo editado o ano passado – sobre o qual Speed perguntou quem tinha comprado e se os que responderam afirmativamente estavam mesmo a ser sinceros, perguntando então qual era o título – é natural que se tenham focado em «The Living Infinite», apesar da longa discografia. Mas ainda assim revisitaram o passado, escolhendo temas bem pesados como «Like The Average Stalker» e «Bastard Chain». "Are you ready to go crazy? Wild?" foi uma questão que Speed colocou por mais do que uma vez, e ainda que o público tenha sido algo mais que "crazy & wild" na banda anterior, foi mais do que suficiente durante a grande prestação dos suecos. "I think you know the chorus to this one" foi como o último tema foi apresentado e, de facto, um coro imenso fez ouvir-se em «Stabbing The Drama».

Não havia dúvidas quanto ao favoritismo pelos EPICA por grande parte dos presentes. Mesmo que a voz de Simone Simons tenha soado algo "tremida" nas primeiras músicas, o público estava em êxtase. Entre temas novos e antigos, Simone acabou por admitir que regressariam em Novembro, o que mereceu grandes aplausos. Essa tour será certamente em promoção do seu mais recente álbum, «The Quantum Enigma», mas em Vagos promoveram-no já q.b., com as três primeiras músicas a coincidirem também com as três primeiras do alinhamento e no encore tocaram ainda «Unchain Utopia». «The Phantom Agony» teve o seu momento disco, como já vem sendo habitual, mas apresentar a banda durante «Cry For The Moon», como parte da letra da música, foi algo inesperado - talvez com o propósito de distrair os presentes, uma vez que a voz de Simone já não parece talhada para aquele tema (as vozes femininas também amadurecem e Simone já não tem 18 anos). Porém, ninguém pareceu dar importância a esse pormenor, compensado pela postura em palco da diva e de toda a banda. «Consign To Oblivion» fechou um concerto que deixou os fãs com um grande sorriso na cara.

É certo que os KREATOR incluem-se naquela lista de bandas em que dizemos "um concerto de X é sempre um concerto de X". Mas há concertos melhores que outros e o de Vagos foi, sem dúvida, um desses. Embora se tenham passado apenas dois anos da sua passagem pelo Rock In Rio (e antes disso outros dois desde o Steel Warriors Rebellion de Barroselas), Mille Petrozza confessou que era muito tempo, pois gostam bastante de tocar em Portugal. Não foi difícil perder a conta às vezes que Petrozza falou nos "portuguese mosh pits" que considera sempre numerosos e intensos. Um desfile de êxitos brutal, em ambos os sentidos da palavra – o sentido violento e o sentido de "cinco estrelas". Alguns desses êxitos, como «From Flood Into Fire», foram adornados por jactos de fumo branco sobre o público e, mais para o final, confetes prateados, o que também causou um certo impacto visual.

Para o encore, Petrozza regressou ao palco de "bandeira de ódio" em punho, falando do ano em que tinham lançado o álbum «Endless Pain», em 1985, quando Michael Jackson ainda era vivo (e o início de «Billie Jean» foi tocado) e que em 1990 os JUDAS PRIEST lançavam a antítese, «Painkiller» (também o início desta foi tocada, causando, previsivelmente, muito mais euforia que «Billie Jean»)... Apesar das ovações durante o discurso, o momento dourado em si foi mesmo o medley de «Flag Of Hate» e «Tormentor», terminando de modo grandioso aquele primeiro dia do VAGOS OPEN AIR 2014.

Texto: Renata Lino
Fotografia: Catarina Torres

Ver ainda:
Reportagem Dia 2
Reportagem Dia 3

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