THE TEMPLE: entrevista exclusiva sobre novo álbum
A GASÓLEO OU GASOLINA - A CHAMA CONTINUA A ARDER
Atravessam gerações e correntes estilísticas. Provocam pequenas revoluções e desaparecem. Pelo menos foi assim quando «The Angel, The Demon & The Machine» surgiu em 1997 e «Diesel Dog Sound» em 2004. Esse desfasamento editorial é paradoxal ao sucesso que suscitam a cada lançamento, o que nos leva a inferir que se trata mais de uma maneira de estar do que outra coisa qualquer. Certo é que a chama não se extinguiu e, talvez quando menos se esperava, o grupo da capital portuguesa prepara-se para regressar aos discos. É já daqui a um mês e fomos saber de que casta é feita estes novos temas.
Eventualmente, ninguém diria que alcançariam os vinte anos de carreira, sendo que o vosso percurso tem sido bastante intermitente, ainda que bem sucedido. Querem explicar-nos o porquê de não editarem novo álbum desde 2004?
Apesar não editamos nada desde o «Budapeste» (tema
de tributo aos MÃO MORTA, de 2008),
temos tocado ao vivo com alguma regularidade, enquanto aperfeiçoávamos a
pré-produção e a maioria dos temas a apresentar no novo disco, que já são
trabalhados há bastante tempo. A formação da banda sofreu algumas alterações ao
longo dos anos, mas manteve o núcleo criativo activo. Portanto, o trabalho de
composição e arranjos foi avançando. Talvez a melhor resposta à pergunta seja
dada quando ouvirem os novos temas .
Será que foi
um surto de revivalismo ou inspiração que vos fez querer gravar um novo disco?
Não, desde o momento em que acabámos de gravar o
último álbum que estamos a trabalhar neste. Sempre tivemos isso na mira e a
hora chegou, finalmente. Há, inclusivamente, uma música que era para ter constado
do «Diesel Dog Sound»... Nunca parámos de avançar nessa direcção.
Estamo-nos a lixar para a forma como deve soar uma banda de heavy metal.
Como estão a
decorrer as gravações e a que soam os novos temas? Na realidade, é isso que os
fãs querem saber!
As gravações estão praticamente terminadas e
estamos agora em misturas. Este disco apresenta bastantes homenagens às nossas
influências musicais e a habitual mistura heavy metal/punk rock que nos
caracteriza. Guitarras potentes, baterias esmagadoras e vozes
ensurdecedoras! Pelo menos é assim que
as tocamos. As gravações correram bem e acho que, pela primeira vez,
gravámos mais a "curtir a cena" do que em "tensão". Também
tivemos muito mais tempo para o fazer e pudemos ser mais exigentes com isso. Só
andávamos para a frente quando estivéssemos mesmo satisfeitos, embora procurássemos,
por outro lado, não tornar as coisas muito técnicas e deixar que a natureza
humana - leia-se imperfeições - fizesse parte deste álbum. Somos uma banda
de rock e não de música clássica!
Como são os
THE TEMPLE de hoje, enquanto pessoas e colectivo? Certamente muita coisa mudou
- métodos de trabalho, gostos pessoais, experiências... Como se sentem hoje e
como isso se poderá reflectir num novo disco? Até porque nos últimos dez anos
acabaram por estar envolvidos noutros projectos...
Na sua essência a banda mantém o espírito e a sonoridade
que sempre a caracterizou, pois, como já referi, o núcleo criativo permanece
inalterado. Claro que uma banda é um conjunto de pessoas e o facto de haver
pessoas novas, com toda a bagagem musical que trazem, moldam o som e o carácter
dos THE TEMPLE. Esperamos que isso
se note no nosso som e na nossa atitude, porque é interessante. Uma coisa que é
curiosa é que sempre fomos muito diferentes entre nós e hoje mantemos isso. As
pessoas que integram a banda são todas tão diferentes quanto é possível no
universo do rock'n'roll. Um gosta de metal clássico, outro de punk, outro de
progressivo, outro é mais rock, etc. Acho que se tivéssemos que nomear um top
de música nunca nos entenderíamos. Acho que isso, para o bem e para o mal, caracteriza-nos
bastante e à nossa relação. Temos vidas e backgrounds
muito diferentes e é interessante o facto de, mesmo assim, a banda funcionar
praticamente como sempre funcionou - na composição, na gravação e na forma de
estar e funcionar. O Marcelo, por exemplo, percebe muito de gravação e tem sido
essencial para continuarmos a trabalhar como trabalhávamos, quando o Kanes
assumia essas funções no nosso estúdio.
Embora
provavelmente não queiram desvendar grandes detalhes sobre o disco,
convidava-vos, mesmo assim, e mesmo que de forma "encriptada", a
deixar algumas pistas sobre o tema de que fala o álbum ou mesmo uma data
aproximada para o seu lançamento... Os fãs agradecem!
O álbum deve sair no início de Novembro e teve como
ponto de partida, em termos conceptuais, um circo negro. Claro que, desde aí,
muita coisa se desenvolveu e há temas e sonoridades diferentes. Porém, acho que
é correcto pensar que há uma grande semelhança com os outros álbuns num
sentido: estamo-nos a lixar para a forma como deve soar uma banda de heavy
metal. Tocamos exactamente o que nos apetece e soamos a isso, ou seja, a
algo que não tem referências evidentes.
Guitarras potentes, baterias esmagadoras e vozes ensurdecedoras! Pelo menos é assim que as tocamos.
Alguns temas
já foram estreados ao vivo?
No processo de pré-produção alguns temas foram
tocados ao vivo e o trabalho de palco foi determinante na sua forma final.
Os THE TEMPLE têm sido responsáveis pela gravação deste disco, certo? Como vai
funcionar em termos de mistura e masterização?
Este álbum foi trabalhado de uma forma
completamente diferente do último. As gravações foram divididas por vários
sítios e pessoas, tendo começado na Dinamarca e terminando em Portugal. A mistura está a ser feita na
Dinamarca pelo Tue Madsen [HATESHPERE,
MNEMIC, THE HAUNTED, DARK TRANQUILLITY, MOONSPELL,
DAGOBA, SICK OF IT ALL].
E em termos
editoriais, como está a situação?
Tal como no «Diesel Dog Sound» contamos com a
Raging Planet.
E depois
disso, o que se pode esperar? Um ataque massivo à "estrada"?
Estamos ansiosos por tocar as malhas novas ao vivo
e assim que o disco estiver lançado queremos mostrá-lo em palco. Esperamos ter
oportunidade de apresentar este novo trabalho também nos Açores, que sempre nos
acolheram, como público e também a nível pessoal.
Nuno Costa