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AMARANTHE: entrevista exclusiva com Olof Mörck

VÍCIO QUE NÃO MATA


O sucesso nos tops de vendas não deixa esconder o crescimento acentuado dos AMARANTHE, ainda que, nas hostes mais conservadoras, este "consórcio" de músicos suecos e dinamarqueses seja olhado com alguma desconfiança dado o seu forte apelo mainstream. Certo é que, em apenas cinco anos, o grupo colocou-se perto de nomes tão sonantes como WITHIN TEMPTATION (com quem terminam hoje uma digressão norte-americana) e o seu terceiro disco, «Massive Addictive», confirma todo o seu talento na arte de fundir metal moderno com herança nórdica e uma sensibilidade pop quase dançável. Indiferentes a algumas críticas, fomos encontrar o guitarrista Olof Mörck plenamente convicto dos seus objectivos e ciente de que o estado de graça em que caíram só lhes suscita mais vontade de trabalhar. 

Alguns consideram o terceiro álbum de uma banda como o derradeiro desafio às suas potencialidades. Foi com essa pressão que abordaram a escrita de «Massive Addictive»?
Sim, de certa forma é um desafio, mas não de forma negativa. Sentimo-nos muito inspirados e motivados a criar algo diferente dos nossos dois álbuns anteriores, ainda que mantendo a essência dos AMARANTHE, e acho que atingimos esse objectivo de forma rotunda. Compor é uma luta constante pela perfeição, mas acho que há sempre lugar para melhorarmos, sobretudo à medida que crescemos enquanto compositores e seres humanos. Enquanto banda, tentaremos sempre evoluir e fazer crescer a nossa música.

É sabido que são grandes fãs de death metal melódico. No entanto, de onde vão extrair as influências pop da vossa música?
Crescemos a ouvir death metal melódico, mas, pessoalmente, sempre ouvi outros géneros musicais. No geral, não me importo minimamente com o género desde que goste do que oiço...

Mas serão essas influências externas ao metal que tornam este disco "massivo e viciante", como gostam de afirmar? São um apelo ao mainstream?
Sempre nos preocupámos em escrever temas directos e memoráveis. Não sei se isso nos torna numa banda mais comercial, mas esse assunto também não me preocupa. Algo estaria mal se estivéssemos a escrever o que não gostamos apenas para vendermos mais discos. Certamente, este não é o caso dos AMARANTHE.

Com um som tão "adocicado", será que há lugar para uma mensagem mais profunda, social ou mesmo filosófica nas vossas letras?
Tenho a certeza que sim. Este álbum tem momentos mais pessoais e sombrios como em «True», «Exhale» ou «Over And Done», onde as letras têm um significado muito profundo em termos pessoais. Quanto à filosofia, o segundo verso da «Drop Dead Cynical» até fala dos filósofos da Antiga Grécia! [risos]
Algo estaria mal se estivéssemos a escrever o que não gostamos apenas para vendermos mais discos.
«Massive Addictive» continua a levar-vos a muitos tops pelo mundo fora. Como é, para uma banda tão jovem, lidar com esse patamar de sucesso?
Acho que nos leva a trabalhar ainda mais! O sucesso é sempre muito relativo e, embora tenhamos já alcançado muito mais sucesso do que esperávamos no início, é sempre possível chegar mais longe.

Particularmente na Suécia são um sucesso estrondoso, o que reforça a ideia de que a Escandinávia tem pessoas de muito talento, receptivas ao metal e apoiantes indefectíveis das suas bandas. O que molda, nesse sentido, o comportamento do vosso povo?
Existe cá muito colaboração entre diferentes bandas e sempre tivemos grande ajuda das grandes bandas. Esse é um ponto-chave na nossa carreira. Porém, até mesmo a cena sueca está repleta de elitistas conservadores, ainda que ache que tal também aconteça em vários países.

Em tempos afirmou que o metal está muito parco em inovação. Como têm os AMARANTHE contribuído para contrariar essa tendência?
Fazendo algo que mais ninguém faz! Claro que a nossa forma de inovação não se aplica necessariamente a outras bandas de metal, mas sentimos que desta forma conseguimos ser diferentes. Ao menos encaixa perfeitamente com as nossas aspirações.

Essa ideia está, de alguma forma, em consonância com as recentes declarações do Gene Simmons?
Não entendo, de todo, esse sentimento de que o rock está morto. Hoje em dia talvez seja mais difícil ser-se rico com a música, mas quem está neste mundo por esse motivo, então talvez seja melhor fazer algo diferente. Graças à internet, hoje é possível a qualquer banda sem editora atingir milhões de fãs e existem mais bandas de qualidade do que nunca! Portanto, o rock está de muito boa saúde, se não melhor do que alguma vez esteve!
O rock está de muito boa saúde, se não melhor do que alguma vez esteve!
O que se segue para os AMARANTHE?
Vamos fazer uma pausa após esta longa digressão antes de partirmos para a República Checa e Rússia. Seguem-se muitas datas no início do próximo ano e espero ver-vos em Portugal nessa altura.

Será mais uma oportunidade para enriquecer a sua garrafeira?
Adoro o Vinho do Porto! Ainda tenho uma garrafa desde a última vez que aí estive, reservada para uma ocasião especial.

Nuno Costa

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