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BLEEDING DISPLAY / NEOPLASMAH / GÖATFUKK / TREPID ELUCIDATION - 22.11.14 - RCA Club, Lisboa

GÖATFUKK
Na semana que antecede as celebrações do primeiro aniversário do RCA Club, o espaço de Alvalade foi anfitrião dos lançamentos dos novos álbuns dos BLEEDING DISPLAY e NEOPLASMAH. Numa noite em que várias gerações se cruzaram, e em que o metal foi quase sempre interpretado em regime full steam, os dois nomes mais experimentados do cartaz acabaram por ser, inevitavelmente, os grandes causadores da agitação saudável que se verificou na dianteira do palco. Todavia, os convidados GÖATFUKK e TREPID ELUCIDATION revelaram-se mais do que um mero “acessório” a uma noite de violenta descarga decibélica.

A darem os primeiros passos na sua carreira, os TREPID ELUCIDATION acabaram apenas por pecar na jovialidade que lhes é intrínseca e que transpareceu na sua postura mais contida em palco. Perfeitamente aceitável, até pela exigência técnica da sua música. Mas a conciliar tal irreverência com as ganas com que debitam escalas atrás de escalas por uma dupla de guitarras coesa e bem sincronizada, e uma secção rítmica à qual só faltou alguma energia na bateria, este concerto teria ganho proporções ainda maiores. Ainda assim, parece evidente que já só falta uma experiência de estúdio para elevar este quarteto lisboeta a uma das jovens promessas do death metal técnico nacional.

Meia hora depois, a tocha é passada aos GÖATFUKK que não só transfiguraram o ambiente – tornando-o muito mais pútrido e pestilento – como também deixaram a nu a experiência dos seus elementos, com um passado ligado aos THERIOMORPHIC, DECAYED, CORPUS CHRISTII, MORTE INCANDESCENTE, PESTILÊNCIA, entre muitos outros. Sustentados ainda no EP de estreia «Procession Of Forked Tongues» (2012), o grupo da capital encheu o palco e mostrou como a simplicidade às vezes é sinónimo de atitude e mojo. Sentiu-se o espírito profano e malévolo do seu black/punk metal, enquanto claramente se divertiam com o que faziam - uma energia que contagiou a plateia. 

Precisamente uma década depois, os NEOPLASMAH dão novo fôlego à sua carreira com um disco que muitos já não esperavam ouvir. «Auguring The Dusk Of A New Era» é o upgrade natural do seu antecessor, com a virtude de encontrar um colectivo já muito rodado e com executantes de excelência. Apesar da competência da dupla de guitarristas, ficamos com a sensação de que o grupo do Seixal não teria o mesmo impacto se o seu death metal não fosse interpretado por uma secção rítmica absolutamente devastadora e clínica, composta por Rolando Barros e Alexandre Ribeiro, ambos bem conhecidos dos GROG. Com uma Sofia Silva na plenitude das suas faculdades, a gerar a sensação de que a banda tem todos os argumentos para marcar a diferença, os NEOPLASMAH saíram do RCA Club com a "condecoração" de banda mais profissional e cujos efeitos da experiência os fez demarcar claramente do restante cartaz.

Responsáveis por fechar a noite, os BLEEDING DISPLAY terão tido a prestação mais selvática em palco – aí com o público a entregar-se totalmente –, tal como seria de esperar até pela directriz mais extrema, directa e “americanizada”do seu death metal. No seu caso, havia também um balão de oxigénio prestes a rebentar, após oito anos de abstinência editorial. Foi perceptível que a banda preservou as suas matrizes musicais no novo «Deviance» e que, sobretudo, mantém a devassa e uma pulsante sede sanguinária na hora de pisar um palco. O calo começa a notar-se e o caminho só pode ser ascendente. 

Texto: Nuno Costa
Fotografia: Marta Louro

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