LOW TORQUE - streaming exclusivo de «Storm Hag» + entrevista
ROCK PARA AFUGENTAR AS BRUXAS
Dizer que nem soam portugueses parece um crime de
lesa-pátria. E é! No entanto, se constatarmos que o southern rock é uma criação
"desértica" e "soalheira" vinda dos Estados Unidos, tudo se
torna meramente factual. No que concerne à qualidade artística, essa é
realmente universal. Mesmo assim, de Palmela a Palm Desert vai uma grande
distância e poucos imaginariam que de lá emergisse tal árida e adusta pandilha
de "riffistas" com uma capacidade interpretativa tão apurada. Falamos
como se fossem anónimos... também não o são, mas só vão para o segundo álbum.
Chama-se «Croatoan», é um compêndio de contos de terror mas também um manual
auspicioso para os verdadeiros amantes de rock viril e infeccioso. Arlindo Cardoso, baterista, sacode o pó da manta e abre-nos os olhos sobre o novo registo da banda e o tema «Storm Hag» que disponibilizamos agora em exclusivo!
Stoner rock!
Porquê e o que distingue os LOW TORQUE das restantes bandas do género?
O que nos distingue das outras
bandas de stoner... Na minha opinião, o facto de não sermos uma banda típica de
stoner. Esse género é apenas mais uma influência para nós. Na realidade, abrangemos
várias áreas do rock, indo buscar também o peso do metal.
Este é também
um género em expansão em Portugal. Isso traz-vos outro conforto ou não pensam
dessa forma? O objectivo é a internacionalização?
Basicamente focamo-nos em fazer o
que nos dá mais gozo. É lógico que não nos demarcamos das nossas influências e é
bom haver um crescendo de bandas deste género no país - é sinal que o rock, no
geral, continua vivo. Mas, na verdade, fazemos o que nos dá mesmo prazer em
termos musicais, esperando com isso que, tanto cá como fora do país, consigamos
tocar as pessoas com a nossa musicalidade.
Os últimos dois
anos foram pródigos em concertos. Como se sentem depois dessa temporada? Mais
maduros, calejados ou estavam à espera de mais?
Sim, o ano transacto foi bastante
bom em concertos. Conseguimos dar-nos a conhecer a um vasto número de pessoas
de norte a sul do país, fizemos novos amigos, reencontramos velhos amigos... É
sempre fantástico poder fazê-lo! Infelizmente não tivemos oportunidades com
alguns festivais onde gostaríamos de marcar presença, mas, como se costuma
dizer, a esperança é a última a morrer e continuaremos a trabalhar para nos darmos
a conhecer ainda a mais pessoas e, quem sabe, tocar nos palcos que todos os
músicos ambicionam.
É bom haver um crescendo de bandas deste género no país - é sinal que o rock, no geral, continua vivo.
Ao segundo
disco quais foram as metas estabelecidas? Falamos em termos criativos e
estratégicos no que concerne ao crescimento e expansão do nome LOW TORQUE.
Nós não temos uma estratégia
propriamente definida. O principal ponto, como já referi, é sentirmo-nos bem
com o que fazemos e isso vai-se repercutir nas oportunidades que vão surgindo.
Lógico que não somos pessoas de ficar à espera que as coisas nos caiam em cima,
mas não andamos obcecados com nada, apenas trabalhamos com o intuito de o nosso
trabalho ser reconhecido por quem nos ouve e que gostem dele tanto como nós. O
crescendo virá certamente com tudo isso.
Amantes de
contos de horror. O novo disco promete assustar os ouvintes?
Se ficarem assustados, é sinal que
todo o enredo envolto na temática não foi indiferente a quem escutou o disco. Por
isso, espero que assuste muita gente!
À semelhança do
restante alinhamento, também «Storm Hag» aborda uma história ou personagem do
universo do terror. Para os mais desatentos, apresente-nos, sucintamente, essa bruxa
que aterrorizava os marinheiros...
A Storm Hag era uma bruxa com corpo
de sereia que tinha o poder de encantar os marinheiros que com ela se cruzavam.
Eles, não resistindo ao seu encanto e sedução, acabavam mortos e comidos por
ela no fundo do mar... Tenham medo! [risos]
De onde vem a
"fixação" por esta temática e porquê aplicá-la a este disco? Para
além de eventualmente influenciar a música, será que tentam "aculturar"
um pouco quem a ouve e fugir ao cliché
do "sexo, drogas e rock'n'roll", passe o pleonasmo?
Esta temática tem a ver
principalmente com o gosto de grande parte da banda por filmes de terror
enigmáticos, sobretudo por parte do André [Teixeira, guitarrista] e do Marco
[Resende, vocalista]. Eles já há muito tempo que tinham a ideia de escrever um
disco com estes contornos. Acabou por surgir agora. Não se trata de fugir ao cliché "sexo, drogas e rock'n'roll",
mas sim escrever sobre algo que gostamos e de certa forma nos fascina.
Musicalmente,
quais as principais diferenças entre este tema e os dois já divulgados?
Pergunta difícil... Acho que todos
os temas se distinguem, mas, de certa forma, há uma interligação entre eles,
principalmente pela temática de todo o disco. Obviamente que somos suspeitos
para falar do álbum, mas temos a certeza que metemos muita alma e dedicação nele
e sentimo-nos orgulhosos do trabalho final. Na minha humilde opinião, acho
que são todos temas bons de se ouvir! [risos]
O lançamento
está previsto, simbolicamente, para uma sexta-feira 13 de Fevereiro. Uma grande
festa preparada?
13 de Fevereiro era a data que
fazia sentido para o lançamento deste disco, por razões óbvias! Temos uma festa
de lançamento praticamente confirmada no RCA Club, em Lisboa, com bandas de
malta amiga e vários convidados. Vamos fazer um preço especial do álbum nesse
concerto e queremos fazer uma grande festa junto de todos os que nos apoiam e,
claro, dos que nos queiram vir conhecer. Aproveito para convidar a SounD(/)ZonE
a vir ao continente ver este concerto connosco, teremos todo o gosto em
receber-vos. Queremos a sala cheia, tenham oito ou 80 anos! [risos] Posteriormente,
vamos realizar vários concertos que já estão a ser agendados de norte a sul do
país e tentar a internacionalização com umas datas por Espanha e, possivelmente,
França. Vamos tentar promover o nosso trabalho o máximo possível.
Temos a certeza que metemos muita alma e dedicação neste disco e sentimo-nos orgulhosos do trabalho final.
Alguns temas
novos já foram apresentados ao vivo. Como tem sido a reacção?
Boa. Na verdade continuamos o longo
processo de "espalhar a nossa musicalidade", por isso, muitas das
vezes até os temas mais antigos são escutados pelo público pela primeira vez,
mas, felizmente e de forma geral, temos sempre um bom feedback de quem nos ouve, o que nos deixa, obviamente, muito
felizes!
Este é mais um
disco completamente produzido pela banda, certo? Quais as razões dessa opção e
como se sentem nesta segunda experiência em estúdio?
Poderia dizer que a questão financeira
é muito importante, e de facto é! Gostaríamos de poder produzir num bom estúdio
e termos tempo todos juntos para passarmos uma boa temporada em estúdio a fazer
o disco. Contudo, infelizmente, o dinheiro não abunda e já ninguém investe em
bandas. Tivemos que recorrer aos nossos próprios recursos. Felizmente que o
André, além de grande criativo, produz muito bem e sabe melhor do que ninguém o
que sacar da banda. Se tem resultado assim, assim vamos continuar!
Este disco assinala
a sua estreia nos LOW TORQUE. Que marca pessoal acha que confere a este
material?
Sim, é a minha estreia em estúdio
com a banda. O que podem esperar da minha parte é a alma e entrega que dou e
darei sempre em todos os trabalhos que faço. Tenho consciência que não sou um
mega virtuoso, mas de uma coisa podem ter a certeza: tudo o que faço pela
música tem uma entrega e paixão que dificilmente se consegue explicar. Quem é
musico, de certeza que me entende!