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Marcelo Aires [PÃODEMÓNIO] - Metal e Jazz: como dois universos distintos convergem

Foto: Raquel Lemos
Aos poucos, todos se habituam à personalidade quase camaleónica de Marcelo Aires. O músico do Porto tem construído um legado de qualidade e versatilidade assinalável nos últimos anos e começa a personificar um exemplo de profissionalismo e talento a seguir.

Com o metal a correr-lhe abundantemente nas veias, o professor de percussão de 24 anos já não só se devota ao extremismo de uns COLOSSO, ao matematismo de uns NEBULOUS, ao experimentalismo de uns OBLIQUE RAIN, à profundidade de uns SLEEPING PULSE ou ao ambientalismo de uns SULLEN (para citar apenas os seus projectos mais expressivos), mas agora também à proficiência jazzística de uns PÃODEMÓNIO. Mas como se conciliam dois universos aparentemente tão díspares? E como um músico tão jovem consegue movimentar-se harmoniosamente dos dois lados da barricada sem ferir os compêndios linguísticos de cada estilo? Aparentemente, as distâncias até não são muitas, mesmo que o talento e o empenho sejam premissas irredutíveis para se alcançar tal feito. Marcelo Aires confere isso mesmo, em exclusivo e na primeira pessoa.

PÃODEMÓNIO / Foto: Catarina Megre Leal
"A sonoridade de PÃODEMÓNIO reflecte toda uma parafernália de influências musicais, onde, no caso específico do metal, procuramos a consistência na variedade rítmica/métrica a par da intensidade nos contrastes dinâmicos característicos do género - uma das linguagens mais facilmente identificáveis será a do djent, com expoente máximo na música praticada pelos MESHUGGAH, daí que por diversas vezes tenhamos presenciado o headbang colectivo do público nos nossos concertos, num ou outro tema onde esta influência do género em questão é mais acentuada (ex.: «O Quarto Fechado» e «Pirraças Pueris»).

A verdade é só uma: hoje em dia vemos cada vez mais projectos a estabelecerem este "casamento" dos dois mundos (metal e jazz), resultando normalmente num produto de arrojo melódico, harmónico e rítmico deveras interessante e ambicioso, como temos de exemplo projectos como ANIMALS AS LEADERS, EXIVIOUS, TRIOSCAPES, T.R.A.M. e mesmo TEXTURES (estes últimos num registo um pouco mais pesado). Desta feita, a procura por cadências rítmicas, progressões harmónicas e arranjos instrumentais imprevisíveis e complexos seja uma constante, reflexo desta ambição de riqueza de conteúdo musical que caracteriza os músicos aqui envolvidos.

Será este "novo metal" de digestão fácil? Para ouvintes que apreciem boa música e se gostem de sentir artisticamente desafiados, com certeza. A mesma não porá de parte a sua organicidade, nem será complexa só por ser complexa - apenas se quer fazer ouvir.

Outro elemento preponderante na música de PÃODEMÓNIO, que em particular difere da linguagem tradicional do metal e acaba por ser uma característica do jazz, é a improvisação espontânea - é algo que acaba por tornar única a nossa linguagem e performance, sendo que nunca haverão dois concertos ou registos iguais. Digamos que em termos estruturais e harmónicos existe uma referência concreta, mas o que dali construímos partirá apenas da nossa interpretação, onde consequentemente decidimos qual o percurso musical a seguir. It’s a lotta fun!"

Marcelo Rúben Aires

Oiça «Pirraças Pueris», disco de estreia dos PÃODEMÓNIO (editado a 12 de Maio), aqui.

Outros projectos com a participação de Marcelo Aires:

www.facebook.com/colossometal
www.facebook.com/nebulouspt
www.facebook.com/pages/Oblique-Rain/274857373002
www.facebook.com/sullenpt
www.facebook.com/SleepingPulse

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