MACHINERGY - «Sounds Evolution» [review]
Apesar do nome "industrializado", os MACHINERGY tocam thrash metal puro. Mas
têm o cuidado de primar nos pormenores, em pequenos contrastes, de modo a não
caírem no proverbial "thrash-metal-soa-tudo-ao-mesmo".
A língua, por exemplo. Dos dez temas que compõem este «Sounds Evolution», apesar dos quatro
títulos em português, apenas um e meio é cantado na sua língua-mãe - «Antagonista» e os refrães de «Cada Falso». É algo que os MACHINERGY poderão explorar sem medos, já
que a áspera robustez da voz de Rui
Vieira encaixa as palavras portuguesas tão bem quanto as inglesas, fazendo
com que os nossos ouvidos não estranhem a falta da familiar sonoridade
estrangeira.
Saber como e quando pôr o pé ao travão naquilo que é uma das
características típicas do género - a velocidade rítmica - demonstra maturidade
na composição. Quer sejam apenas as cordas que vibram mais refreadas, com o pedal
duplo a metralhar por tás - como no tema-título -, quer sejam todos os
instrumentos a abrandar - como em «Fúria»
-, quer sejam passagens longas - «Machine
Gun Anger» - ou breves momentos - «Hammer»
- os MACHINERGY jogam destramente
com estas variações, apostando na intensidade dos riffs em vez da sua rapidez.
Algo semelhante ao death metal, sim, e é bem provável que sejam influenciados
por esse estilo, mas conseguem manter-se fiéis à sua própria natureza e o
resultado é indubitavelmente thrash, como referido anteriormente.
Dados os conflitos no Médio Oriente, nada melhor que sons
árabes - incluindo uma voz feminina - para adornar um tema que fala sobre
guerra («Waterwar»). Mas continua
uma incógnita o porquê de usar a canção popular russa «Kalinka» como introdução a uma outra que fala sobre músicos poser, que ganham notoriedade pela sua
imagem e não pela sua obra. Em todo o caso, não deixa de ser interessante ouvir
algo tão alegre quando «Paraphernalia»
é uma das músicas mais abrasivas deste álbum.
Deixando o melhor para o fim, resta mencionar o foco e árduo
trabalho nos riffs - em quantidade e em qualidade - em detrimento dos solos de
guitarra. O resultado é que todo o álbum está carregado de "guitarradas deluxe" sem a pompa dos solos
floreados com que alguns guitarristas tanto gostam de se mostrar. O resultado é
um álbum potente de uma banda que sabe o que faz.
Classificação: 7.5/10
[R.L.]
Data de
lançamento: 2 de Junho de 2014
Edição: Metal Soldiers Records / Secret Port Records
Nota de estúdio:
produzido, misturado e masterizado pelos MACHINERGY
Estilo: thrash
metal
Origem: Arruda
dos Vinhos
Formação: 2006
Alinhamento:
1. «Sounds Evolution» (5:59)
2. «Fúria» (4:41)
3. «Machine Gun Anger» (3:49)
4. «Venomith» (3:17)
5. «Antagonista» (4:40)
6. «Carne & Mal» (4:49)
7. «Cada Falso» (3:43)
8. «Waterwar» (5:29)
9. «Hammer» (3:18)
10. «Paraphernalia» (3:14)
Duração: 42 minutos
Elementos:
Rui Vieira (voz/guitarra)
Nuno Mariano (baixo)
Hélder Rodrigues (bateria)
Discografia:
«Rhythmotion»
(CD - 2010)
«Rhythm
Between Sounds» (EP - 2012)
«3 Way
Split» (split com PRELLUDE e RETALIATORY - 2013)
«Sounds
Evolution» (CD – 2014)