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SACRED SIN revelam o segredo do clássico «Darkside»

Formação actual
Para além de ser o primeiro disco de metal editado em formato CD em Portugal, «Darkside» representa um marco em termos criativos para o underground nacional. Em 1993 chega um álbum que mistura de forma ousada o death e black metal, e para se tornar um clássico nem foram precisos os vinte anos que agora o separam da sua reedição.

Dois dos "parceiros de crime" - José Costa e Tó Pica - estiveram à conversa com Jorge Caldeira do Catedral do Rock (Popular FM 90.9) no passado domingo, onde analisaram o que poderá ter feito, afinal, a diferença neste disco de estreia.

"Na altura, não estávamos propriamente à espera disto [do mediatismo que o disco alcançou]. Tínhamos as mesmas expectativas de qualquer banda nacional - tentar fazer o melhor possível", começou por dizer o vocalista e baixista José Costa. "Já com o single as coisas correram bastante bem, tivemos bastante feedback positivo e foi por isso que também tentámos apressar as coisas, dentro do que era possível, para tentar gravar o disco (gravado à nossa custa), pois havia muitas editoras interessadas, algumas mesmo do estrangeiro. Elas diziam que estávamos atrasados dois ou três anos, o que não deixa de ser um elogio... Gostavam bastante do disco, mas diziam, 'pronto, já temos os MORBID ANGEL'."

Tó Pica entende que o segredo de «Darkside» está na produção e espontaneidade com que foi escrito, para além de que os seus autores eram pessoas com gostos musicais muito variados. "Agora que consigo distanciar-me um pouco, acho que teve a ver, em parte, com a qualidade de som do disco, porque ainda hoje o oiço e, fora uma coisa ou outra, continuo a achar que tem um grande som de guitarra. E se soubessem como foi captado... [risos] Em termos musicais, na altura não fazíamos ideia que estávamos a fazer um disco que se ia tornar num clássico ou referência, mas acho que em parte preenchemos um espaço que não havia. Só tínhamos bandas de death metal puro ou de rock ou speed. Nós éramos um pouco mais transversais, apesar de sermos 'brutos' na maneira como apresentávamos a coisa", sublinha o também guitarrista dos R.A.M.P., garantindo que tudo foi um processo natural. "Não foi algo propositado, do tipo 'vamos fazer isto assim porque não há mais nada'. Calhou, era o que gostávamos. Ouvíamos... como costumo dizer, de um lado na carrinha do José Carlos estava o «Spiritual Healing» dos DEATH e do outro estava um álbum de DOKKEN."

Para além da velocidade com que executavam, a determinação com que escreviam foi um factor fundamental para conferir identidade a este disco. Assim, ficavam sem tempo para sobreavaliar o produto e correr o risco de lhe retirar o lado orgânico. "Com SACRED SIN foi sempre tudo muito rápido, principalmente naquela altura. Posso dizer que a demo-tape que saiu antes do disco foi composta num mês e o «Darkside» em pouco mais. Acho que o segredo deste disco foi não termos pensado demasiado em termos musicais. Fomos disparando riffs. Eu tocava mal, tocava guitarra há um ano. O Rui Dias é que tocava há mais tempo e fartou-se de me ensinar coisas. Para além disso, havia montes de ideias, porque toda a gente vinha de bandas. O José Carlos vinha dos MASSACRE e dos ENFORCE, o Rui Dias vinha dos NECROPHILIAC, o Dico vinha dos DINOSAUR... basicamente só eu vinha da minha rua! [risos]"

Formação em 1993
Tó Pica recorda ainda que no início dos anos 90 a música em Portugal era menos evoluída e tornava-se excepcionalmente importante uma afirmação internacional. Daí a relevância de álbuns como «Translucid Dream Mirror» ou «Hekaton - The Return To Primordial Chaos» terem sido editados por um selo estrangeiro. "É sempre benéfico, porque assim abrangemos maior número de pessoas. No entanto, infelizmente, e digo infelizmente, isso abriu-nos portas em Portugal, porque na altura era aquela coisa do 'se vais lá para fora, se as pessoas lá de fora gostam de ti, então é porque és bom' e 'se não fores lá para fora, se calhar não te ligam nenhum, és só mais um'."

O guitarrista natural da Amadora é também categórico na assunção de que as bandas nacionais apresentam actualmente mais qualidade. "A qualidade das bandas hoje em dia é muito maior do que na altura... Para já tens muito mais bandas, dás um pontapé numa pedra e aparece-te uma banda, mas na altura não havia tantas bandas e as que tinham qualidade também não eram assim tantas. Eram um nicho pequeníssimo."

«Darkside» foi reeditado a 7 de Setembro numa parceria entre a Envenomed MusicSatanath Records Rebirth The Metal Productions, com distribuição da Grimm Distribution. Inclui, para além do alinhamento original, uma faixa rara e um livreto de oito páginas com letras e grafismo renovados. A produção decorreu nos Edit Studios, na Amadora, de onde saíram clássicos como «Darkside»«The Chapel Of The Lost Souls»«Grave Without Name» e «The Shades Behind»O tema-título tornou-se, inclusive, no primeiro a levar uma banda nacional ao programa «Headbanger's Ball» da MTV

«Darkside» foi ainda alvo de reedição em 1994, remisturada e com novo design, para além de incluir temas ao vivo do concerto de abertura para os NAPALM DEATH no pavilhão Os Belenenses, em Lisboa.

Em 2013, os SACRED SIN reuniram-se para celebrar a reedição do EP «The Shades Behind» (1992) e da «Promo 91» (1991), mas acabaram por afirmar que não estão no activo a tempo inteiro. Mesmo assim, deixam em aberto a possibilidade de editar novo material e agendar outras actividades a qualquer momento. O seu mais recente longa-duração, «Hekaton - The Return To Primordial Chaos», já data de 2003.

Os SACRED SIN são hoje compostos por José Costa (voz, baixo), Tó Pica (guitarra) e André Silva (bateria).  

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