MOONSPELL - «Extinct» [review]
A história não costuma dizer-nos que uma banda lance um clássico quando
já está há mais de duas décadas no activo e já existe mais de dez pontos de
referência (álbuns) para trás. Mas o feito consumou-se. Se este é um clássico
para o género, a discussão até pode estender-se à travessa dos especialistas,
mas quase não restarão dúvidas que os MOONSPELL assinam aqui o seu disco
mais inspirado e presumivelmente mais consensual. Como isto acontece? A mudança de
produtor, os enésimos quilómetros de estrada? Sim, mas sobretudo uma alma que
transborda na necessidade de procurar novos desafios, mesmo que o calo lhes
permita racionalmente projectar os segredos de uma carreira gerida profissionalmente.
«Extinct» é um título, como já se percebeu, absolutamente paradoxal
para o que representa este disco na carreira do grupo lisboeta. A extinção
causada pelo homem, a dor pela perda pessoal e a capacidade de a superar (com
influência na obra de escritora inglesa Melanie Challenger) são as matrizes
líricas deste disco enquanto a sua banda sonora é a mais requintada que já vimos o
grupo escrever, mesmo que a receita seja um regresso às suas raízes
góticas, com o peso de «Night Eternal» ou «Alpha Noir» a emergir só ocasionalmente.
Não que escasseiem os hits na carreira
dos MOONSPELL, mas aqui eles existem em quantidade e qualidade flagrantes. A fluidez
do disco é desarmante graças a uma escrita muito mais directa - com refrões bem
vincados, arranjos magistrais, linhas melódicas encantadoras -, sem nunca
caírem na esterilidade da música pop. Há aqui temas que se cravam na nossa
memória ao primeiro instante, o que por si só é um feito num universo musical
que muitas vezes acusa uma preocupante fadiga criativa.
Naturalmente que há destaques óbvios - como o tema-título, «Breathe
(Until We Are No More)», «The Last Of Us» ou «Domina» -, mas este disco é um
todo absolutamente coerente e conexo, onde se confirma o que a banda entende
ser o álbum certo na altura certa - a magia claramente instalou-se durante a sua escrita. É certo que já conquistavam território em todo o mundo e tabelas de vendas, mas «Extinct»
afigura-se como um diamante ímpar na sua discografia e um registo que traz os
MOONSPELL ainda mais à tona do que é uma grande banda de metal e
indiscutivelmente a banda nacional da qual todos os portugueses se devem
orgulhar.
Classificação: 9/10 [N.C.]
Data de lançamento: 6 de Março de 2015
Edição: Napalm Records
/ Sony Music Entertainment
Nota de estúdio: produzido e misturado por Jens Bogren nos Fascination
Street Studios (Suécia)
Estilo: dark metal
Origem: Amadora
Formação: 1992
Artwork: Seth Siro Anton
Alinhamento:
1. «Breathe (Until We
Are No More)» (5:33)
2. «Extinct» (4:42)
3. «Medusalem» (5:06)
4. «Domina» (5:09)
5. «The Last Of Us»
(3:26)
6. «Malignia» (5:06)
7. «Funeral Bloom» (4:10)
8. «A Dying Breed»
(4:29)
9. «The Future Is
Dark» (5:09)
10. «La Baphomette»
(2:48)
Duração: 45 minutos
Elementos:
Fernando Ribeiro (voz)
Ricardo Amorim (guitarra)
Pedro Paixão (teclado, guitarra)
Aires Pereira (baixo)
Miguel Gaspar (bateria)
Discografia:
«Anno Satanae» (demo - 1993)
«Under The Moonspell»
(EP - 1994)
«Wolfheart» (CD -
1995)
«Irreligious» (CD -
1996)
«2econd Skin» (EP -
1997)
«Sin/Pecado» (CD -
1998)
«The Butterfly Effect»
(CD - 1999)
«Darkness Hope» (CD
-2001)
«The Antidote» (CD -
2003)
«Memorial» (CD - 2006)
«Under Satanae» (CD
compilação - 2007)
«Night Eternal» (CD - 2008)
«Alpha Noir/Omega
White» (CD -2012)
«Extinct» (CD - 2015)