MOONSPELL / SEPTICFLESH - Hard Club, Porto - 28.03.15
Pedro Paixão [MOONSPELL] |
Depois da noite "saída das Mil e Uma Noites"
(usando as palavras dos próprios MOONSPELL)
no Coliseu dos Recreios, foi a vez do Hard Club viver uma experiência
semelhante. Ou quase, visto que os BIZARRA
LOCOMOTIVA não tocaram no Porto. Mas
os MOONSPELL e os SEPTICFLESH garantiram os sorrisos
rasgados das mil pessoas que, cerca de duas semanas antes, tinham já esgotado a
lotação do recinto. O que ninguém diria à abertura de portas! Esperava-se que,
bem antes das oito da noite, um mar de fãs inundasse, impacientemente, os corredores;
mas em vez disso, havia uma singela linha, que desapareceu em dois minutos
quando as portas abriram. É verdade que, sendo sábado à noite, fim do mês, com
um evento do Portugal Fashion na Alfândega e os GNR de Rui Reininho a tocarem
na rua, uns quarteirões mais acima, o trânsito estava infernal. Mas se quem se
atrasou foi por uma questão de não conhecer SEPTICFLESH ou porque o concerto deles naquele mesmo Hard Club, em
2011 (suporte a AMON AMARTH), foi algo fraco, então essas pessoas
deverão arrepender-se de não terem dado uma (segunda) oportunidade aos gregos.
Por mais divididas que sejam as opiniões sobre o mais recente álbum, «Titan»,
ao vivo os seus temas funcionam extremamente bem e o público - algo mais que
meia casa quando o concerto começou - recebeu de "cornos no ar" temas
como «Order Of Dracul», «Prototype» ou «Prometheus». Dos temas mais antigos - que correspondem apenas aos
dois álbuns anteriores a «Titan» - a
maior euforia revelou-se durante «The
Vampire Of Nazareth» e «Anubis».
Mas todo o concerto foi notoriamente apreciado pelos presentes. Também Seth Siro Anton estava mais
bem-disposto e comunicativo que daquela outra vez, e a maioria dos "motherfuckers" foi substituída por "my friends". No final, quando Krimh saiu de trás da bateria para
acenar ao público em agradecimento, Seth
chamou-o para perto de si e apresentou-o, já que o jovem baterista entrou para
a banda há cerca de quatro meses. Krimh
foi ovacionado, assim como a notícia de que a gravação do próximo álbum estaria
para breve.
Relativamente ao grande atractivo da noite... não há
palavras que lhe façam justiça! Conforme a SounD(/)ZonE refere em análise (ler
aqui), «Extinct» é um trabalho
fantástico, mas a sua apresentação ao vivo vai muito além desse "pormenor".
É a maneira como os MOONSPELL se entregam e os fãs respondem.
Um a um, ao som de uma mistura de «La Baphomette» e uma voz feminina a discursar algo indecifrável,
os elementos dos MOONSPELL tomaram
os seus postos e o concerto propriamente dito começou com o tema de abertura de
«Extinct» - «Breathe (Until We Are No More)» - seguido do tema-título. Aliás, o
termo "tour de apresentação"
foi levado muito à letra nesta Road to Extinction, uma vez que apenas «A Dying Breed» ficou fora do alinhamento.
Ao dirigir-se ao público, Fernando Ribeiro pediu desculpa pela ausência dos MOONSPELL no Porto, aquando da tour de «Alpha Noir» ("não sei bem
o que aconteceu", afirmou) e sublinhou o prazer de voltar "a uma
cidade que nos é tão querida".
Também a vocalista dos TRISTANIA,
Mariangela Demurtas, é alvo de especial afabilidade quando é chamada ao palco
para interpretar «Raven Claws». Mas
antes disso, em «Medusalem», Ribeiro confessa que sempre sonhou ver
o Hard Club "vir abaixo" e assim incitou o público a cantar bem alto.
"Ainda estou a pensar por que é que não tocámos aqui na tour anterior..." reforça o
vocalista natural da Brandoa, dando o mote para «Em Nome Do Medo». A apresentação propriamente dita foi o primeiro
verso do refrão, os seguintes vociferados pelos fãs.
No Porto, os MOONSPELL
cumpriam a décima oitava data consecutiva desta tour e para retemperar forças encontram algum relaxamento na
"folclórica" «Ataegina»,
enquanto observam o público a dançar. Cansaço era algo que não atingia o
público, já que um valente assobio reprovava o anúncio do fim do concerto. Ribeiro encontrou aqui uma provocação
saudável: "Okay, já sabem que não é mesmo o fim, mas vamos fingir por
momentos que é nesta música que há já muito tempo deixou de ser nossa para ser
vossa". Não é preciso ser fã para se perceber que só se podia tratar de «Alma Mater».
«Wolfheart» continuou em destaque no alinhamento - com «Wolfshade (A Werewolf Masquerade)» - numa altura em que celebra vinte anos do seu lançamento. E para compensar o facto de não terem tocado no Porto na passada tour (e também a ausência dos BIZARRA LOCOMOTIVA), os MOONSPELL interpretaram em regime de exclusividade «An Erotic Alchemy», incluindo Mariangela nas vozes originalmente gravadas por Birgit Zacher.
A seguinte seria mesmo a última música da noite - a inevitável
«FullMoon Madness» - com Fernando pedindo um aplauso para os
"irmãos gregos" SEPTICFLESH
("é bom ver Portugal e Grécia juntarem-se para algo positivo. Grande
banda") e prometendo não deixar passar mais cerca de cinco anos sem
regressar ao Porto. Os agradecimentos ao público foram constantes durante todo
o concerto, mas eram os fãs que estavam verdadeiramente agradecidos por tão intensa comunhão.