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Pedro Mau [WELLS VALLEY, KNEEL]: «As gerações mais recentes não têm percepção de que as coisas dão trabalho»


A época é de dificuldades financeiras para o povo português, com agravante em alguns sectores específicos como o da música e em especial o heavy metal. Embora se viva uma fase de enorme proliferação de eventos e concertos, sobretudo de pequena e média dimensão, a quantidade de músicos atraídos por esta sonoridade esbarra com um público incubado pelas restrições económicas mas também em défice face à elevada oferta em termos de espectáculos. Do outro lado estão os promotores que lutam para rentabilizar os seus espaços e projectos e toda uma mentalidade que coloca a grande questão: afinal, são os condicionalismos orçamentais que inviabilizam os concertos e as bandas de heavy metal ou o interesse generalizado pelo género diminuiu?

"Não acho que o mercado não seja capaz de albergar as bandas", entende Pedro Mau, baterista dos WELLS VALLEY e KNEEL, argumentando que "há preguiça e às vezes falta de bom senso".

O músico e designer alentejano prossegue: "Hoje em dia existe muita oferta e os sofás estão cada vez mais confortáveis. Felizmente que há sempre um punhado de pessoas que se desloca até aos sítios para ver concertos. Às vezes são essas 'quatro ou cinco' pessoas que fazem valer a pena os quilómetros e o dinheiro gasto para a banda chegar até àquele local para dar um concerto nas condições mínimas."

Para Mau, o problema está nas "gerações mais recentes que não demonstram a percepção de que as coisas dão trabalho e que é preciso trabalhar para fazer qualquer coisa". "Hoje em dia têm tudo à distância de um clique", lamenta.

No entanto, Mau recusa generalizar, "pois ainda há pessoas que sabem dar valor aos projectos e é por elas que as bandas ainda cá andam". Admite ainda que "o dinheiro não chega sequer para as bandas se auto sustentarem - há o aluguer da garagem, a luz, as baquetas, as peles, os pratos, as cordas, os cabos, etc., para pagar". "É quase como o ciclo vicioso da falta de emprego em Portugal: não se arranja emprego porque não se tem experiência e não se consegue experiência porque não se arranja emprego", exemplifica.

Do lado de quem remunera os músicos, Mau compreende que "as casas às vezes prefiram pagar 100 euros a um DJ para animar as noites e entreter os putos, do que pagar 200 euros a uma banda, comida, bebida, dormida e transporte". "Não é fácil", reconhece.

"Felizmente ainda existem pessoas empenhadas em fazer as coisas acontecerem e é isso que nos vai fazendo acreditar que as coisas são possíveis", afirma em jeito de conclusão.




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