TALES FOR THE UNSPOKEN - «CO2» [review]
Quatro anos volvidos desde a estreia «Alchemy», os
conimbricenses TALES FOR THE UNSPOKEN surgem revestidos de uma nova atitude e
aptidão para elevar o peso da sua música a níveis inéditos. Assumindo uma nova
forma de trabalhar, assente numa cogitação mais detalhada na forma como arquitectaram
estas dez novas canções até ao produto final (dando-lhe o devido tempo de
maturação), os TALES FOR THE UNSPOKEN não são os mesmos de 2011 e o peso,
groove e técnica aqui injectados transformam o colectivo numa unidade de
destruição sonora muito mais corrosiva.
A entrada «Burned Alive» induz algum logro em relação
ao que se segue, somando aqui, em doses equilibradas, o peso downtuned de uma nova contemporaneidade com a melodia mais imediatista do seu disco de apresentação. A partir
daí, vincam a ideia de que a palavra de ordem é causar o caos com breakdowns e riffs thrashy,
ocasionalmente mais intrincados, numa escrita que traduz claramente um outro
nível de argúcia no plano da escrita. No entanto, num sentido transversal, estes temas não se desviam muito do metalcore, por vezes cliché, mas onde a fúria das vozes e a toxicidade dissonante das
guitarras de sete cordas completam um quadro de motim sónico, auxiliado por
uma secção rítmica implacável.
Com o pressuposto de inovar, não só dentro do seu universo,
os TALES FOR THE UNSPOKEN conferem com este disco um vasto conjunto de ideias
que geram uma elevada dinâmica, apelando assim a uma atenção redobrada
aos detalhes. Como quase sempre acontece por esta via, a musicalidade é algo
afectada, mas também parece evidente que o objectivo é destilar o máximo de
peso e volubilidade às composições, evitando assim alguma previsibilidade que
alastra ao género. Ainda assim, a melodia espreita ocasionalmente e a presença
de vários convidados também concorre para a riqueza de argumentos ao
longo desta pouco mais de meia hora de confrontação musical.
No cômputo geral, Portugal ganha mais um nome competente na
exploração de uma sonoridade moderna que, mesmo vivendo de uma certa
esterilidade criativa, reúne motivos suficientes para gerar grande turbulência
nos moshpits.
Classificação: 7.5/10 [N.C.]
Data de lançamento: 11 de Abril de 2015
Edição: Raising Legends
Nota de estúdio: produzido por Nuno Khan e TALES FOR THE
UNSPOKEN, co-produzido por André Matos e João Dourado nos estúdios Raising
Legends (Porto); captado, misturado e masterizado por André Matos.
Estilo: metalcore/thrash/groove metal
Formação: 2008
Artwork: Samuel Lucas
Alinhamento:
1. «Burned
Alive» (3:53)
2. «Mental
Strenght» (3:22)
3. «I, Claudius» (3:13) (com Miguel "Inglês" -
EQUALEFT)
4. «Soul
For A Soul» (3:24)
5. «Taken»
(3:48)
6. «CO2»
(3:26)
7. «World's
Biggest Lie» (4:54) (com "Malone" - EQUALEFT)
8. «Crossroads» (4:50) (com Ricardo Martins - TERROR EMPIRE)
9. «Broken
Hope» (3:38)
10. «Resilient Winter» (3:51) (com Joana Vieira)
Duração: 38
minutos
Elementos:
Marco Fresco (voz)
Nuno Khan (guitarra, segundas vozes)
Miguel Gonçalves (guitarra)
Nuno Oliveira (baixo)
Sérgio Vaz (bateria)
Discografia:
«Tales For
The Unspoken» (demo - 2008)
«Alchemy» (CD - 2011)