FAKE SOCIETY disputam lugar no Festival Monte Verde: «Pelos vistos há mais pessoal a querer ver metal do que se pensava»
O Monte Verde é, desde 2012, um dos maiores
eventos musicais realizados no arquipélago dos Açores. Pautado pela eclectismo
do seu cartaz, é, no entanto, na música criada para massas que se focam as escolhas da organização. Pese embora essa matriz, a equipa liderada por Jacinto
Franco decidiu este ano promover uma votação que leve alguns jovens projectos
açorianos a um dos maiores palcos regionais. A lista não exclui o heavy metal -
num momento quase moribundo para o género nos Açores - e é aí que entram os
FAKE SOCIETY.
A banda natural do Nordeste foi uma das mais votadas (em
votação terminada na noite passada), num sistema de voto baseado na rede social
Facebook, onde reuniram mais de mil "gostos". Destacando-se assim
entre outros quatro artistas (todos na área do hip hop e rap), o grupo de
metalcore é agora sujeito ao crivo de um júri que vai decidir, entre outros
três artistas, quais os que abrirão a última noite do festival que se realiza de 12 a 15 de Agosto na cidade micaelense da Ribeira Grande. Entre os critérios de avaliação
estão técnica e execução musical, originalidade e interpretação musical, num painel
de júris composto por João Freitas (músico açoriano), Miguel Andrade
(Secretário da Vereação da Câmara Municipal da Ribeira Grande) e Bruno Pacheco
(Director Regional das Obras Públicas, Tecnologia e Comunicações).
Na opinião de Ruben Bento, vocalista dos FAKE SOCIETY, esta
oportunidade "pode trazer outro tipo de
visibilidade", atendendo a que "o projecto é jovem e está em fase de amadurecimento". O músico mostra-se ainda surpreendido com a adesão à votação,
considerando que "pelos vistos há mais pessoal a querer ver metal do que
se pensava". "O que falta mesmo é os festivais mainstream darem oportunidade às bandas de metal locais, até porque já não são muitas", acrescenta.
Sobre o formato deste concurso, Ruben Bento afirma que se trata apenas de uma forma, entre muitas, de se apurar um vencedor, ainda que alerte para o
facto de haver sempre formas de subverter os resultados. "Não condeno,
acho que existe concursos para tudo. No entanto, a questão é que, no formato em
que foi desenvolvido, está visto que há maneiras de fazer simulações de
votos."
Recorde-se que Pedro Câmara, um dos concorrentes, reconheceu nas
redes sociais que alguns dos votos que lhe foram dirigidos não são legítimos.
"Quero começar por agradecer a todos os que partilharam e deixaram o seu
'like', de modo a que fosse possível ter o sonho realizado de subir ao palco do
Monte Verde Festival. Mas quero deixar uma palavra a quem atribuiu 'likes'
falsos e abusivos à minha foto, que mesmo sem ser por maldade, está a prejudicar
a minha imagem... Não é nada bom estar a começar um projecto musical e ser
visto como um 'falso'. E peço desculpa ao resto dos candidatos por isso",
escreveu o rapper no Facebook.
Relativamente à fase decisiva da avaliação, Ruben Bento não
esconde que desejava outro perfil por parte dos jurados. "Acho que todos
os membros do júri deviam ser músicos. Tirando o João Freitas, se calhar os
outros vão ver as coisas de forma diferente. Não sei se vão
conseguir avaliar mais a fundo a questão da música em si... se calhar vão mais
pelo seu gosto pessoal", analisa, terminando com um elogio à politica musical do staff do
Monte Verde: "Dos três festivais considerados os maiores de São Miguel, o
Monte Verde destaca-se cada vez mais por ser o mais alternativo."
O resultado final do concurso será anunciado hoje.