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GUILHERME HENRIQUES dá cartas ao realizar videoclip para famosa banda de heavy metal [entrevista exclusiva]

Talento português afirma-se no estrangeiro com produção de videoclip
Imagem e som - elementos privilegiados para a consumação da visão artística de Guilherme Henriques. O feirense de 21 anos acaba de exponenciar o seu talento à escala internacional com a realização de «Black Winged Torment», videoclip extraído do mais recente álbum dos austríacos BELPHEGOR, banda de death/black metal com mais de vinte anos de carreira e que representa a gigante discográfica Nuclear Blast. O momento é de celebração e orgulho, enquanto se assegura a credibilidade dos jovens artistas nacionais. "Estou bastante empolgado porque é a primeira vez que assino um trabalho desta dimensão e que será visto um pouco por todo o mundo", reconhece. Licenciado desde Junho em Comunicação Audiovisual na Universidade Lusófona do Porto, o apreciador confesso de heavy metal admite o desafio que foi criar esta película, ainda que todo o guião e procedimentos tenham obedecido a uma rigorosa preparação prévia. "Esta produção teve momentos difíceis mas também várias facilidades técnicas que provêm do trabalho que existiu antes de partirmos para as filmagens propriamente ditas. Normalmente a fase de edição e aquela em que estou sozinho e fechado no meu pequeno estúdio é a que me faz trepar paredes! Existem as dúvidas do costume, as horas infinitas coladas ao ecrã e tudo o que é relativamente normal para quem trabalha nestas áreas."

Não é o tamanho ou a qualidade da câmara que 'faz' o realizador ou o operador de câmara

Por outra via, Guilherme explica porque os vídeos musicais não são uma forma menor de expressão cinematográfica, destacando o papel fundamental do realizador na interpretação da mensagem do autor. "Vejo o videoclip como uma vertente muito próxima do cinema propriamente dito. Acho que um bom videoclip é aquele que consegue não só retratar visualmente aquilo que o artista quer fazer sentir com o áudio ou a música, mas também fazer ver para além do que a música pede. Creio que pode ser como um livro. Quando o escritor está a descrever uma passagem do seu livro, por muito descritivo que seja, a não ser que tenha uma componente visual no seu percurso, dificilmente conseguirá compor um plano que, se fosse adaptado a cinema, conseguisse ser plausível", defende, acrescentando que "quem realiza um videoclip ou até mesmo um filme adaptado, tem de saber exprimir não só aquilo que lá está escrito mas também a sua visão".

Guilherme Henriques usa cenários aveirenses em «Black Winged Torment»
Pese embora o período de graça que atravessa e a incipiência do seu trajecto, o cineasta mostra-se consciente das dificuldades que terá que enfrentar numa era de exaustiva proliferação das plataformas de comunicação, mesmo que acredite que a criatividade, obedecendo quase a uma lógica de "reciclagem", seja sempre o foco prevalecente na escolha do consumidor. "Numa altura em que as pessoas estão enterradas até à testa com informação que se actualiza de meio segundo em meio segundo, é muito complicado. Já está tudo feito. A originalidade, na minha opinião, está em pegar naquilo que já está mais do que feito e contá-lo de outra forma. Às vezes basta contarmos a história da nossa maneira para que, em si, já seja original e criativa. Os meios técnicos fazem a diferença até ao momento em que realmente têm de fazer. Não é o tamanho ou a qualidade da câmara que 'faz' o realizador ou o operador de câmara que a manipula. Claro que há trabalhos em que sabemos o tipo de material técnico que será preciso. Foi algo com que me debati para esta produção, inclusive, mas também acho que a criatividade está acima de qualquer meio técnico."

Não devemos nada a ninguém no que toca ao profissionalismo

Por este prisma, Guilherme confessa-se um trabalhador nato que alimenta diariamente o seu conhecimento em frente ao ecrã, estudando trabalhos vindos de todos os pontos do globo. Mesmo assim, defende a independência de cada artista, sobretudo do português, que tradicionalmente subvaloriza o seu produto. "Tento sempre seguir muitas bandas e principalmente a imagem que demonstram. Vejo dezenas de videoclips por dia e gosto de os ver. Não o faço por obrigação. É o meu trabalho informar-me sobre aquilo que os outros fazem tanto em Portugal como noutros países da Europa ou Estados Unidos, onde o cinema e as produtoras são o que são. Mas também acho que não devemos constantemente comparar tudo o que fazemos com esses países. Faz com que sejamos mais pequenos do que aquilo que realmente somos. Não devemos nada a ninguém no que toca ao profissionalismo e ao jeito criativo que paira na nossa comunidade de criativos."

Sob esta filosofia de trabalho, o mercado nacional não se esquiva, naturalmente, aos alvos de Guilherme que se mostra, sobretudo, optimista e consciente da volatilidade deste negócio. "O mercado nacional em si existe. Mais pequeno em alguns aspectos, mas na minha opinião existe e aos poucos vai crescendo. O que é excelente e deixa-me com algumas esperanças porque ainda agora comecei! Não sou pessimista. Há alturas de muito trabalho e alturas em que simplesmente o trabalho nunca mais aparece. É como uma banda, creio. Há alturas de muitos concertos mas também há alturas em que a malta tem de parar e preparar coisas novas. Isso também acontece comigo e com muitos colegas desta área. Há alturas em que mais vale parar, reinventar coisas, escrever novas ideias, etc.", aponta, garantindo que o seu trabalho conhecerá novos capítulos em breve. "Tenho alguns projectos que estão prestes a arrancar e alguns deles já estarão cá fora antes do virar do ano. Em breve haverá notícias." 

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