Entrevista Destinity
A COR DA PERSISTÊNCIA
"Construímos este álbum como irmãos"
A pouco mais de uma semana do lançamento do seu oitavo
longa-duração, "Resolve In Crimson", fomos saber qual é o estado de
espírito daquela que é uma das mais trabalhadoras, persistentes e talentosas
forças do metal francês. É certo que é da Escandinávia que provem a fonte de
inspiração vital para a sua música (fãs de At The Gates, In Flames ou Dark Tranquillity
serão inevitavelmente magnetizados), mas não é por isso que deixam de mostrar
uma solidez extraordinária. Com Mick (vocalista) e Seb V.S. (guitarrista) a partir
de Lyon, a antevisão de mais um trabalho e as órbitas colocadas no passado e
futuro da banda.
Olhando para os vossos três álbuns presume-se que já
estabeleceram a vossa própria forma de escrita. Assim sendo, foi mais fácil condimentar "Resolve In Crimson"?
Seb V.S.: É uma realidade que
ficámos presos ao thrash/death metal nos últimos três álbuns, pois é o
estilo que mais gostamos e melhor concebemos. Foi natural recorrermos às nossas próprias técnicas de composição. Definimos uma direcção antes
de escrever este disco - queríamos que fosse muito mais directo e brutal,
enquanto preservasse melodia. Estou certo que atingimos este objectivo.
Talvez por isso tenham relegado para segundo plano os vossos típicos,
ainda que discretos, arranjos orquestrais...
Seb V.S.: Exacto, este foi o nosso
objectivo. O anterior "XI Reasons To See" tinha imensos arranjos
desse género, pois eram fundamentais para a atmosfera de alguns temas. Desta vez,
concentrámo-nos principalmente na escrita com os nossos próprios instrumentos e
os arranjos e orquestrações ficaram para depois. Penso que ajudou muito a
tornar este álbum mais directo.
Estou certo que são frequentemente comparados
com os ícones do death metal melódico escandinavo. Isto chateia-vos?
Mick: Não,
pois é exactamente o som que fazemos! [risos] A sério, é normal que isso
sobressaia, é o que a banda houve constantemente. Estas influências infiltram-se,
ainda que inconscientemente. De qualquer modo, tentamos sempre dar um toque pessoal aos nossos temas que lembre os Destinity.
O que é que vos orgulha mais neste disco?
Mick:
Termo-los construído como irmãos. Na história recente da banda
registam-se algumas mudanças de formação, mas estamos estáveis desde acerca de três anos. As mudanças operadas foram para o nosso bem e agora mostramo-nos mais evoluídos musical e humanamente. A nossa equipa está agora pronta para ir para a estrada!
Aliás, algo que fazem há já muito tempo... De
que forma isso vos fez crescer enquanto músicos e compositores?
Seb V.S.: Diria que nos fez mais crescer enquanto alcoólicos! [risos] Estou a brincar. É um facto que apreciamos uma boa festa após os concertos. Tocar ao vivo é das
coisas que mais fortalece a banda e tal só foi possível porque fazemos, de
facto, muitas digressões. Foi uma ajuda para melhorarmos a nossa prestação ao vivo e chegarmos à conclusão sobre quais são os nossos melhores temas. Foi uma grande
ajuda para compor o "Resolve In Crimson", uma vez que tínhamos a
ideia exacta do que resultaria melhor ao vivo.
Continuam a alimentar o sonho de chegar ao topo e serem famosos? Será
este um pensamento realista numa altura em que a música está a atingir o ponto
de saturação?
Mick: Continuamos por cá porque adoramos o que fazemos. Tocar,
fazer espectáculos e gravar álbuns está no nosso sangue. Seria impossível
pararmos. Com certeza que seria óptimo gozar de alguma fama e recebermos o
suficiente para sermos músicos a tempo inteiro. Mas sejamos realistas: apenas
algumas bandas têm essa hipótese, principalmente no metal! O nosso objectivo é
continuar a seguir em frente, sempre num sentido de evolução e o "Resolve
In Crimson" é óptimo para isso. Estamos muito ansiosos para ver o que
ele nos reserva.
O que mais vos inspirou neste álbum?
Seb V.S.: Musicalmente,
diria que foi precisamente o thrash/death escandinavo com algum black metal
dos nossos primórdios.
Mick: As
letras do álbum têm ligação aos temas principais: vingança, ódio e individualidade.
Tudo isto faz parte de experiências que vivi nos últimos anos e, por isso, é que
as letras são muito pessoais. De resto, vou deixar que o público oiça o álbum e
faça a sua própria interpretação das letras.
A França tem-se tornado num enorme viveiro de
talentos. Vêm este facto como algo positivo ou temem que um crescimento
desmesurado possa reduzir o espaço para algumas bandas? Por exemplo, será que
já existe a tendência de copiar a música dos Gojira?
Mick: Eles ajudaram o metal francês a atingir a escala global. Claro que bandas
mais antigas como os Loudblast já expandiam o metal local, mas os Gojira elevaram-no a outro patamar. Há alguns anos o metal francês não era muito popular, mas as
coisas mudaram e nós somos os primeiros
a beneficiar com isso. O nosso objectivo é tocar além-fronteiras e criar
estatuto internacional. Portanto, este assunto só é positivo para nós. Entretanto,
é um facto que já se regista uma tendência para seguir o som dos Gojira. A cena
francesa começa a proliferar de wannabees do grupo, alguns bons outros nem tanto.
É um sinal de que se tornaram grandes.
Ainda estamos um pouco distantes do
lançamento de "Resolve In Crimson". Entretanto, o que têm feito?
Seb V.S.: Temos
estados ocupados a planificar a nossa próxima digressão, a ensaiar e, sobretudo, a gravar o videoclip para "Black Sun Rising". Este estará disponível muito em breve,
imediatamente antes do lançamento de "Resolve In Crimson". Não se esqueçam de o
conferir, está mortífero!
Qual seria a digressão perfeita para vós e
o que desejam ardentemente para os próximos tempos?
Mick:
Iniciamos a digressão de apoio ao "Resolve In Crimson" em Fevereiro, em França. Depois faremos alguns festivais de Verão. O plano é encontrar um bom
cabeça-de-cartaz para a nossa digressão no Outono de 2013. Qualquer grande nome
escandinavo seria óptimo, a partir do momento em que sejam capazes de
se divertir à séria e nos permitam viajar para muito longe de casa!
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