Lisbon Dark Fest: os mais recentes desenvolvimentos sobre o controverso festival
Provavelmente
um dos casos mais controversos e insólitos da cena de peso nacional depois do Lagoa Burning Live, em 2008. O Lisbon
Dark Fest tem lugar hoje na Voz do Operário, em Lisboa, mas parece haver ainda
uma grande névoa de incerteza sobre a sua efectiva realização.
Promovido
pela Fábrica da Música, a jovem entidade começou há alguns meses a ser
associada a uma extinta promotora nacional, a RDA Management, ligada a
cancelamentos e dívidas a artistas no decorrer de 2012. O cartaz para o Lisbon
Dark Fest era suficientemente sugestivo para mobilizar muitos amantes do metal mas uma enorme vaga de acusações e polémica começou a manchar fortemente a credibilidade do evento.
Das
oito bandas oficialmente anunciadas, quatro foram canceladas e várias apenas um dia antes do evento, nomeadamente Finsterforst e Haggard. Uma semana antes era a
vez dos Crematory e no final de Março o mesmo caminho seguiram os Holocausto
Canibal. Todos os cancelamentos não mereceram esclarecimento por parte da promotora, mas as bandas alegaram quase em uníssono vários incumprimentos contratuais, nomeadamente falta de pagamento e garantias relativamente a passagens aéreas.
A
comunidade metaleira nacional está mobilizada para tentar apurar a verdade e,
inclusive, criaram uma página no Facebook onde são
expostos os principais desenvolvimentos sobre o evento e até como reclamar o reembolso do valor dos bilhetes.
Esta
sexta-feira, os Haggard publicaram um comunicado áudio com o título "Haggard Lisbon Dark Fest
cancellation scandal" em que explicam em detalhe e condenam todo o
processo conduzido pela Fábrica da Música.
Asis
Nasseri, vocalista e guitarrista do grupo germânico, sublinha que Rita Alves,
responsável pela Fábrica da Música, não respondia à maioria das mensagens e mantinha um rol de desculpas para a adulteração dos termos do contrato. "Ela
[Rita Alves] não nos enviou a informação dos bilhetes. Ao invés, enviou-nos um
calendário dos voos que copiou da internet. Depois de contactar o hotel, ela
confirmou-nos a estadia em Portugal, mas o director da unidade hoteleira garantiu-nos que
não haviam quartos reservados. Claro que insisti, mas ela transmitiu-nos a
informação dos voos e manteve-me sempre à espera, à procura de todo o tipo de
desculpas, ganhando tempo com promessas falsas até verificarmos o nosso cancelamento
no Facebook [a banda teve conhecimento de tal informação por um fã na referida
rede social]. Na minha opinião ela trabalha de forma não profissional e
inaceitável. E agora, literalmente desapareceu." Asis diz mesmo que em
23 anos de carreira num testemunhou um caso semelhante.
Entretanto,
as possibilidades de, no mínimo, haver concerto, atearam-se quando elementos
dos Therion e Tears Of Martyr marcaram presença ontem à tarde no programa
televisivo Curto Circuito da Sic Radical. Contudo, Christofer Johnsson, membro
fundador dos Therion, tem mantido no seu Facebook comunicados que dão conta de uma situação ainda irresoluta.
Na
madrugada de quinta para sexta, os Therion mencionaram no Facebook que já estavam em posse dos
bilhetes aéreos, mas que estaria ainda em falta um pagamento contemplado em
contrato, mas que tal devia acontecer durante o dia de ontem. Caso contrário, a banda
poderia não actuar.
O
mais recente desenvolvimento, dá conta de que a banda se encontra hospedada num hotel lisboeta, mas sem saber do paradeiro do promotor. Na madrugada deste sábado Christofer Johnsson escreveu
no seu Facebook: "São quase duas da manhã, estamos no hotel e o promotor
continua a não aparecer. Ela [presume-se que Rita Alves] não atende os
telefonemas do nosso tour manager. Vamos
para a cama agora. As hipóteses de darmos o espectáculo ficaram
consideravelmente menores."
Christofer
promete, entretanto, que tentarão resolver a questão de manhã. "Vamos ver se as coisas se resolvem de
manhã. Caso contrário serão informados imediatamente. Ao menos estamos a
cumprir a nossa parte do contrato, mostrando que somos um parceiro de negócio
confiável e uma banda profissional."