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Ao vivo - Moonspell

MOONSPELL
01.08.05 - Festival Rock, Coliseu Micaelense, Ponta Delgada

Apesar de terem estado em S. Jorge no ano passado e na ilha Terceira, no Angra Rock 2002, os Moonspell não actuavam em S. Miguel desde as Festas do São João da Vila, em 1998, na altura promovendo o seu álbum Sin/Pecado. Sete anos depois voltam à ilha verde para encantar os amantes de música de peso num grande espectáculo que arrasou o Coliseu Micaelense.

Eram nove horas quando a porta principal do Coliseu se abriu. Já se encontravam na porta do recinto algumas centenas de jovens para muitos dos quais este foi, certamente, o “concerto do ano”. A pouco e pouco foi-se entrando para lá das portas principais ficando a aguardar a abertura das portas do recinto propriamente dito num “magnífico” corredor que, mal sabíamos nós, acabaria por se tornar, ao fim de duas longas horas de espera, numa claustrofóbica prisão. Ninguém percebia ao certo o que se estava a passar, o que era certo é que centenas de pessoas esperavam a abertura das portas, todas uma em cima umas das outras, a respirar fumo de tabaco em vez de oxigénio. Eram perto das 22:30 quando se apercebeu que as coisas não estavam mesmo bem pois subitamente desapareceu a “barraquinha” de merchandising dos Morbid Death e a cara do colectivo era de verdadeiro desânimo. Após a abertura das portas do recinto propriamente dito e de alguns minutos de música ambiente o público acalmou ligeiramente os ânimos mas a mensagem da direcção do Coliseu a anunciar que devido a problemas técnicos, “não da responsabilidade dos Morbid Death, não da responsabilidade dos Moonspell e não da responsabilidade do Coliseu Micaelense”, os Morbid Death não iam actuar nessa noite não foi recebida com pacificidade mas sim com assobios de revolta e gritos de solidariedade e carinho para com os Morbid Death.

Logo de seguida os Moonspell subiram para o palco para dar início a uma grande noite que, para muitos, acabou por ser não tão grande como haviam pensado devido ao incidente com os Morbid Death.

Iniciou-se por ouvir ao longe, em jeitos de fade in, os magníficos teclados de “Perverse… Almost religious”, tema de abertura do albúm Irreligious, cujo auge é o inicio de uma das mais potentes e bem acolhidas pelo público músicas dos Moonspell, Opium. A banda entrou deveras a matar! Logo a seguir ao potente tema de plena inspiração pessoana, os Moonspell continuaram na mesma linha presenteando o público com outro grande tema de culto da velha guarda, Awake. Uma voz potente, perfeitamente adaptada às guitarradas bem distorcidas e teclados bem à Irreligious. Logo em seguida teve lugar em palco o single do passado álbum dos Moonspell, Nocturna, e o público já começava a pouco e pouco a mostrar a sua garra. Como não podia falhar na set list dos Moonspell Vampiria foi o tema que se seguiu: longe, como que trazidas pelo vento, podiam-se ouvir as palavras sussurradas do Fernando Ribeiro “Vampiria / You are my destiny / My only love and true destiny / Vampiria…”. Mais um grande tema de culto, carregado de grande erotismo, desta vez do tempo do primeiro albúm da banda, Wolfheart.

Das músicas que se seguiram são de destacar In and Above Man, do último albúm, e o clássico Alma Mater como os que levaram o público ao rubro. Um grande espectáculo não só de som como de luzes. Destaque aqui para o tema Vampiria cujo set de luzes em tons de vermelho está extremamente bem conseguido! Alguns “pregos”, alguns pequenos deslizes mas nada de mais a assinalar à banda. Um espectáculo que correspondeu mais ou menos às minhas expectativas, exceptuando o som que ficou bastante aquém. Talvez pela acústica do Coliseu mas achei que o som não estava mesmo o que é de esperar de uma boa equipa de profissionais. Este foi sem dúvida um concerto nostálgico dado que os Moonspell (e muito bem!) apostaram bastante em temas de albúns como Wolfheart e Irreligious e até encerraram a noite com Tenebrarum Oratorium, tema do seu primeiro mCD, Under the Moonspell, deixando assim os fãs da velha guarda com um sorriso de orelha a orelha.

Indubitavelmente um concerto que conseguiu levar o público micaelense ao rubro. Grande presença em palco, grandes músicos, grande jogo de luzes. Certamente foram muitos os que hoje acordaram com dores no pescoço e saíram do recinto ontem com um sorriso na cara e com o “coração cheio de metal”. No entanto, apesar de ter gostado imenso do concerto, não pude esconder a minha grande revolta para com a falta de profissionalismo por parte das empresas de som ou das direcções organizadores dos eventos que continua a haver por cá. A cena com os Morbid Death foi profundamente lamentável. Uma banda que vai comemorar o seu 15º aniversário e acontece-lhe isto… é triste, amigos… é muito triste! Espero que todos nós contribuamos para que situações destas deixem de acontecer de uma vez por todas.

Nota positiva:
+ A boa presença em palco
+ Excelente interactividade com o público
+ Os espectaculares jogos de luzes

Nota negativa:
- O som pouco definido e a grande carga de “ruído”
- O calor na sala
- O incidente com os Morbid Death e todos os atrasos que isso implicou

João Arruda
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