Entrevista Concealment - Especial Alta Tensão
FUGA PARA A LOUCURA
Criaram furor na segunda metade dos anos 90 com o lançamento de uma demo tape – “Naked, Drowned, Art” – e um E.P. – “Imperaffection” –. Inicialmente, tocavam sob a insígnia do death metal técnico, mas com o seu segundo registo começaram a enveredar por campos experimentais e lentamente foram dando origem a uma sonoridade mais complexa, provocadora e sui generis. No entanto, a entrada no novo século impôs-lhes uma paragem estratégica regressando mais tarde, em 2005, com uma nova garra e o E.P. “Of Malady”. Este mês “Leak”, o primeiro longa-duração da banda, é finalmente editado e promete impressionar pelo seu arrojo. Muitos terão oportunidade de ouvir os seus temas na segunda tournée indoor do festival Alta Tensão, que arrancou no passado sábado [14] e passa pelos Açores nos dias 20 e 21 de Julho. A antever a vinda dos Concealment a Ponta Delgada, a SounD(/)ZonE teve uma fugaz conversa com Filipe [vocalista/guitarrista], o qual, aliás, revelou raízes açorianas.
Os Concealment regressaram ao activo em 2004 após quatro anos, sensivelmente, de paragem. O que originou esse hiato e, mais tarde, o vosso regresso?
Como em qualquer relação existem momentos melhores e piores. Por isso, a determinada altura foi necessário parar. O que motivou o nosso regresso foi o amor à arte e a amizade.
Talvez por esta longa ausência e por nunca terem lançado um longa-duração os Concealment reservam-se ainda a algum anonimato. Sentem o vosso regresso como um assalto ao lugar que, de facto, bem merecem?
Sem dúvida! E vamos trabalhar bastante para atingir os nossos objectivos.
Nos anos 90 como era a postura das pessoas perante o vosso trabalho? Desde o início nunca foram uma banda com um som de fácil “digestão” ou para qualquer mente desprevenida. Isto foi uma contrapartida para vós ou, por outro lado, serviu para vos tornar singulares no panorama nacional?
A singularidade sempre fez parte da nossa carreira e é assim que queremos continuar. De outra forma nada faria sentido.
Sentem algum tipo de preocupação com o que o público acha da vossa música? Pelas vossas composições dão-me a clara sensação de que são músicos bastante ousados, ambiciosos e, sobretudo, independentes...
Claro que sim, o público é prioritário e é, sem dúvida, sempre tratado com o maior respeito. Aquilo que fazemos é nosso e verdadeiro e as pessoas percebem isso.
Como caracterizas, no fundo, o som dos Concealment?
Intenso e discordante!
De que influências podemos falar que sirvam para ajudar a construir o som dos Concealment? Li numa entrevista vossa muito antiga de que são fãs dos Dream Theater. É verdade?
Nós gostamos muito de rock progressivo e, sem dúvida, de Dream Theater também. No entanto, as nossas influências vêm mais de trás, de bandas como, por exemplo, Frank Zappa, King Crimson, Pink Floyd [da fase Syd Barret] e também de bandas novas como Converge e The Dillinger Escape Plan.
Quando ouvi os momentos iniciais de um tema como “Minus Eye” fiquei também com a ideia de que poderão ser apreciadores de bandas como Meshuggah, pela sua experimentação e som de cordas bem downtuned. Interessava-vos este tipo de banda?
São uma boa banda, sem dúvida, mas a abordagem artística dos Meshuggah é diferente da nossa. Em relação às afinações graves posso dizer que me interessa mais a sonoridade de bandas como Morbid Angel do que propriamente Meshuggah.
Em suma, acho que se há termo que caracterize melhor o som dos Concealment é o termo prog! Concordas?
Sim, existe bastante “progressão” nas nossas músicas, mas concordava mais com o termo “independente”.
Qual o melhor método para se construir música? Pergunto-te isso porque, como já disse, o som dos Concealment é algo bastante complexo e muito pouco ordinário...
Criaram furor na segunda metade dos anos 90 com o lançamento de uma demo tape – “Naked, Drowned, Art” – e um E.P. – “Imperaffection” –. Inicialmente, tocavam sob a insígnia do death metal técnico, mas com o seu segundo registo começaram a enveredar por campos experimentais e lentamente foram dando origem a uma sonoridade mais complexa, provocadora e sui generis. No entanto, a entrada no novo século impôs-lhes uma paragem estratégica regressando mais tarde, em 2005, com uma nova garra e o E.P. “Of Malady”. Este mês “Leak”, o primeiro longa-duração da banda, é finalmente editado e promete impressionar pelo seu arrojo. Muitos terão oportunidade de ouvir os seus temas na segunda tournée indoor do festival Alta Tensão, que arrancou no passado sábado [14] e passa pelos Açores nos dias 20 e 21 de Julho. A antever a vinda dos Concealment a Ponta Delgada, a SounD(/)ZonE teve uma fugaz conversa com Filipe [vocalista/guitarrista], o qual, aliás, revelou raízes açorianas.
Os Concealment regressaram ao activo em 2004 após quatro anos, sensivelmente, de paragem. O que originou esse hiato e, mais tarde, o vosso regresso?
Como em qualquer relação existem momentos melhores e piores. Por isso, a determinada altura foi necessário parar. O que motivou o nosso regresso foi o amor à arte e a amizade.
Talvez por esta longa ausência e por nunca terem lançado um longa-duração os Concealment reservam-se ainda a algum anonimato. Sentem o vosso regresso como um assalto ao lugar que, de facto, bem merecem?
Sem dúvida! E vamos trabalhar bastante para atingir os nossos objectivos.
Nos anos 90 como era a postura das pessoas perante o vosso trabalho? Desde o início nunca foram uma banda com um som de fácil “digestão” ou para qualquer mente desprevenida. Isto foi uma contrapartida para vós ou, por outro lado, serviu para vos tornar singulares no panorama nacional?
A singularidade sempre fez parte da nossa carreira e é assim que queremos continuar. De outra forma nada faria sentido.
Sentem algum tipo de preocupação com o que o público acha da vossa música? Pelas vossas composições dão-me a clara sensação de que são músicos bastante ousados, ambiciosos e, sobretudo, independentes...
Claro que sim, o público é prioritário e é, sem dúvida, sempre tratado com o maior respeito. Aquilo que fazemos é nosso e verdadeiro e as pessoas percebem isso.
Como caracterizas, no fundo, o som dos Concealment?
Intenso e discordante!
De que influências podemos falar que sirvam para ajudar a construir o som dos Concealment? Li numa entrevista vossa muito antiga de que são fãs dos Dream Theater. É verdade?
Nós gostamos muito de rock progressivo e, sem dúvida, de Dream Theater também. No entanto, as nossas influências vêm mais de trás, de bandas como, por exemplo, Frank Zappa, King Crimson, Pink Floyd [da fase Syd Barret] e também de bandas novas como Converge e The Dillinger Escape Plan.
Quando ouvi os momentos iniciais de um tema como “Minus Eye” fiquei também com a ideia de que poderão ser apreciadores de bandas como Meshuggah, pela sua experimentação e som de cordas bem downtuned. Interessava-vos este tipo de banda?
São uma boa banda, sem dúvida, mas a abordagem artística dos Meshuggah é diferente da nossa. Em relação às afinações graves posso dizer que me interessa mais a sonoridade de bandas como Morbid Angel do que propriamente Meshuggah.
Em suma, acho que se há termo que caracterize melhor o som dos Concealment é o termo prog! Concordas?
Sim, existe bastante “progressão” nas nossas músicas, mas concordava mais com o termo “independente”.
Qual o melhor método para se construir música? Pergunto-te isso porque, como já disse, o som dos Concealment é algo bastante complexo e muito pouco ordinário...
Quando criamos música o método consiste em controlar o caos dando-lhe algum sentido...
A maior parte das pessoas nem deve sonhar que os Concealment já existem há 12 anos! Que momentos, tanto bons como maus, gostarias de salientar para que as pessoas fiquem com uma pequena ideia do vosso percurso?
Penso que se há alguma coisa a salientar no percurso da banda é o facto de sermos as mesmas pessoas que éramos desde os tempos da escola preparatória - amigos sempre prontos a amparar a queda dos outros!
Operou-se alguma mudança brusca a nível de som entre a fase Dust e a que iniciaram com os Concealment?
Os Dust eram uma banda de thrash na veia de Nuclear Assault e Kreator. Concealment é... Concealment! [risos]
Após todos esses anos que motivações regem ainda a vida dos Concealment? Óbvio que ainda há muito por conquistar...
Existe um barco que está a ser remado para o mesmo lado. Isso motiva a vida desse projecto.
Da vossa discografia constam uma demo tape e dois EP’s. Pedia-te que traçasses um plano sobre estes lançamentos, sobretudo a nível musical, para quem não teve acesso a eles.
O nosso primeiro trabalho foi a demo tape “Naked... Drowned... Art”. Neste trabalho participou o primeiro guitarrista/vocalista dos Concealment - o Luís - e o baixista Pedro e nele ainda se encontram algumas das influências de Dust, mas com um toque mais progressivo. O segundo lançamento de autor foi o E.P. “Imperaffection”. Neste assumi a composição de todas as letras e preocupei-me bastante com a sua mensagem. O seu conteúdo lírico relata as marcas de uma vida sem sentido e objectivos. A nível musical era já um “suspiro” daquilo que somos actualmente. Em terceiro lugar lançámos o E.P. “Of Malady...”, um trabalho mais intenso e sludge. Foi o disco onde experimentámos dar mais valor ao sentido dinâmico do que ao complexo. A mensagem de “Of Malady...” é direccionada à inconsequência de certos planos afectivos. Por exemplo, tanto amor pode matar.
Conseguiram alcançar os objectivos estabelecidos com estes lançamentos?
Sim, os nossos objectivos com estes trabalhos foram compensados.
Pelo que sei “Leak”, o vosso primeiro álbum, está prestes a ser lançado. Será este mês pela dFX Media, certo?
Sim, correcto.
O que podemos esperar do seu conteúdo?
Traduzindo em três palavras: austero, colérico e esquizofrénico!
Tenho também a ideia de que o processo de gravação de “Leak” foi um bocado demorado. Quais as razões para isso? São perfeccionistas, quiseram tratar de tudo com o maior pormenor?
Simplesmente, queremos lançar um trabalho com uma boa qualidade.
Pelo que li de vocês fiquei também ciente de que são uma banda que sente muito cada momento da sua carreira. Por exemplo, admirei a maneira como falaram das digressões com os Ethereal ou dos concertos com os Disassembled e Grog. É para isso que a banda vive?
Sem dúvida! Somos bons humanistas e adoramos a estrada e as pessoas que se relacionam com ela.
Terem hoje a oportunidade de virem aos Açores para um grande um evento será também, à partida, um momento que vai ficar especialmente marcado... É a primeira vez que tocam fora do continente?
A oportunidade é inesquecível e bastante marcante, principalmente para mim, visto que a família da parte do meu pai é de Vila Franca do Campo! Ir aos Açores, para além de ser muito especial profissionalmente também o será pelo lado espiritual. Para o resto da banda será também muito especial.
Que ideia têm sobre qual será a reacção do público açoriano ao vosso som? Aliás, como é normalmente a reacção do público aos vossos concertos atendendo à excentricidade da vossa música?
Por vezes estranha... Muitas vezes as pessoas ficam sem reacção, mas gostam.
Bom, o tempo é de comemoração aqui nos Açores por irem receber, pela primeira vez, um evento da envergadura do Alta Tensão. Que comentário gostaria de deixar sobre este assunto?
Muito obrigado pela vossa gentileza e continuem a promover este tipo de música da forma como têm feito. Um especial abraço dos Concealment para os Açores!
www.eyeofconcealment.com
www.myspace.com/concealment
A maior parte das pessoas nem deve sonhar que os Concealment já existem há 12 anos! Que momentos, tanto bons como maus, gostarias de salientar para que as pessoas fiquem com uma pequena ideia do vosso percurso?
Penso que se há alguma coisa a salientar no percurso da banda é o facto de sermos as mesmas pessoas que éramos desde os tempos da escola preparatória - amigos sempre prontos a amparar a queda dos outros!
Operou-se alguma mudança brusca a nível de som entre a fase Dust e a que iniciaram com os Concealment?
Os Dust eram uma banda de thrash na veia de Nuclear Assault e Kreator. Concealment é... Concealment! [risos]
Após todos esses anos que motivações regem ainda a vida dos Concealment? Óbvio que ainda há muito por conquistar...
Existe um barco que está a ser remado para o mesmo lado. Isso motiva a vida desse projecto.
Da vossa discografia constam uma demo tape e dois EP’s. Pedia-te que traçasses um plano sobre estes lançamentos, sobretudo a nível musical, para quem não teve acesso a eles.
O nosso primeiro trabalho foi a demo tape “Naked... Drowned... Art”. Neste trabalho participou o primeiro guitarrista/vocalista dos Concealment - o Luís - e o baixista Pedro e nele ainda se encontram algumas das influências de Dust, mas com um toque mais progressivo. O segundo lançamento de autor foi o E.P. “Imperaffection”. Neste assumi a composição de todas as letras e preocupei-me bastante com a sua mensagem. O seu conteúdo lírico relata as marcas de uma vida sem sentido e objectivos. A nível musical era já um “suspiro” daquilo que somos actualmente. Em terceiro lugar lançámos o E.P. “Of Malady...”, um trabalho mais intenso e sludge. Foi o disco onde experimentámos dar mais valor ao sentido dinâmico do que ao complexo. A mensagem de “Of Malady...” é direccionada à inconsequência de certos planos afectivos. Por exemplo, tanto amor pode matar.
Conseguiram alcançar os objectivos estabelecidos com estes lançamentos?
Sim, os nossos objectivos com estes trabalhos foram compensados.
Pelo que sei “Leak”, o vosso primeiro álbum, está prestes a ser lançado. Será este mês pela dFX Media, certo?
Sim, correcto.
O que podemos esperar do seu conteúdo?
Traduzindo em três palavras: austero, colérico e esquizofrénico!
Tenho também a ideia de que o processo de gravação de “Leak” foi um bocado demorado. Quais as razões para isso? São perfeccionistas, quiseram tratar de tudo com o maior pormenor?
Simplesmente, queremos lançar um trabalho com uma boa qualidade.
Pelo que li de vocês fiquei também ciente de que são uma banda que sente muito cada momento da sua carreira. Por exemplo, admirei a maneira como falaram das digressões com os Ethereal ou dos concertos com os Disassembled e Grog. É para isso que a banda vive?
Sem dúvida! Somos bons humanistas e adoramos a estrada e as pessoas que se relacionam com ela.
Terem hoje a oportunidade de virem aos Açores para um grande um evento será também, à partida, um momento que vai ficar especialmente marcado... É a primeira vez que tocam fora do continente?
A oportunidade é inesquecível e bastante marcante, principalmente para mim, visto que a família da parte do meu pai é de Vila Franca do Campo! Ir aos Açores, para além de ser muito especial profissionalmente também o será pelo lado espiritual. Para o resto da banda será também muito especial.
Que ideia têm sobre qual será a reacção do público açoriano ao vosso som? Aliás, como é normalmente a reacção do público aos vossos concertos atendendo à excentricidade da vossa música?
Por vezes estranha... Muitas vezes as pessoas ficam sem reacção, mas gostam.
Bom, o tempo é de comemoração aqui nos Açores por irem receber, pela primeira vez, um evento da envergadura do Alta Tensão. Que comentário gostaria de deixar sobre este assunto?
Muito obrigado pela vossa gentileza e continuem a promover este tipo de música da forma como têm feito. Um especial abraço dos Concealment para os Açores!
www.eyeofconcealment.com
www.myspace.com/concealment
Nuno Costa