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Entrevista Blasph3my

RUPTURA NO SISTEMA

Oriundos da capital açoriana, os Blasph3my são mais uma jovem banda dentro das novas tendências do metal. Há cerca de três anos começaram a espalhar a sua palavra blasfema e agora, com renovada formação, surgem também algo renovados a nível a sonoro. Sem querer, contudo, dizer que mudaram radicalmente, podemos, no entanto, confirmar que a banda amadureceu com o tempo e está a caminhar para um conceito muito mais personalizado, para bem da própria banda. E foi com espírito de mudança e dedicação que Filipe Vale [Fipos], vocalista e um dos membros fundadores da banda, falou com a SounD(/)ZonE acerca do projecto e da criação do CD-demo que acompanha este mês a nossa publicação .


Como surgiram os Blasph3my?
Os Blasph3my surgiram de um momento para o outro, tinha eu saído de uma banda intitulada MC quando, dois meses depois, recebi um convite do Ricardo Conceição [guitarrista solo] e do Bruno Pacheco [baterista], para formar uma banda. Aceitei o convite sem qualquer preconceito. Os Blasph3my de início eram só 4 elementos constituídos por voz, guitarra, baixo e bateria. Ao longo do tempo vimos que necessitávamos de um som mais poderoso para o que pretendíamos dando-se a entrada de mais um guitarrista [ritmo] e a entrada de um DJ. Em relação ao primeiro DJ vimos que não se estava adaptando dando-se a entrada do DJ Garcia. Noia entrou para a banda um ano depois. Esta entrada deu-se devido à necessidade de criarmos mais impacto na nossa música. O Terrível substituiu o antigo baixista que saiu por razões profissionais. O João Melo veio substituir o antigo guitarrista ritmo que saiu por falta de empenho. Desde aí temos um line-up seguro.

Quase prestes a concluir três anos de existência, como descreves o percurso dos Blasph3my?
O percurso dos Blasph3my não foi um percurso fácil, principalmente pelos problemas em relação ao line-up da banda. No início tudo é muito bonito e belo, mas ao longo do tempo é que nos vamos apercebendo de quem realmente merece tocar e quem realmente merece ter atenção da nossa parte, não querendo ser injusto para aqueles que já fizeram parte do line-up da banda. Sei que tivemos muitas alterações na nossa formação, mas estas mesmas alterações acabaram por se revelar muito benéficas para nós próprios. Estas alterações ocorreram por “desatinos”, vida profissional [que obrigou à desistência de um membro], em relação a falta de empenho, etc… Tudo factores que contaram para que a banda não se sentisse em perfeita sintonia e que precisavam de ser rectificados. Ao longo do tempo fomos ganhando experiência o que nos faz pensar agora de uma maneira diferente porque na altura éramos uma banda que não sabia metade do que sabe hoje, apesar de sabermos que temos de ganhar muito mais experiência. Com quase três anos de existência posso dizer que todos nós pensamos de maneira diferente, uma maneira muito mais clara, muito mais objectiva e principalmente pensamos que é preciso praticar mais para chegar longe.

E agora que o line-up se mantém há algum tempo consideras que o grupo está mais coeso que nunca?
Sim, considero que a banda está muito coesa e principalmente em perfeita harmonia e sintonia o que me faz sentir muito bem, não só em relação a mim próprio como também em relação aos meus colegas. Penso que agora o line-up não se modificará, só mesmo se houver alguma contrapartida.

O último elemento a entrar para o grupo foi o João Melo que, pelo que já ouvi, trouxe alguma frescura e ritmo à banda. Concordas? Como tem sido trabalhar com este novo elemento?
Concordo plenamente. Desde já refiro que o João é um músico que já adquiriu muita experiência anteriormente nos Bizarre Attitude e agora implementado no nosso projecto dará também muito à banda. Trabalhar com o João não é muito difícil, pois o João é um rapaz simples e que acabou por trazer muito mais confiança à banda, tanto a nível sonoro, como a nível pessoal. Uma excelente pessoa.

Ao longo do vosso percurso o que é que mais vos marcou até hoje? Fala-nos da participação no Concurso Bandas de Garagem no Livramento, sempre foram vocês os vencedores? A questão ainda hoje mantém-se uma incógnita para muita gente...
Muita coisa nos marcou até hoje, principalmente os concertos que temos dado. Cada concerto é uma experiência nova. Em relação ao concurso Bandas de Garagem, sim fomos os vencedores, apesar de só termos sabido disso cerca de dois ou três meses depois por intermédio de um amigo nosso que toca nos Sedative, o Didi. Ao sabermos esta notícia fomos confirmar com os organizadores e foi com muita alegria que recebemos a confirmação de que tínhamos ganho.

A nível musical a banda atravessou uma fase inicial de alguma descaracterização, notando-se muito as suas influências. Agora passado algum tempo e com a escuta de “Disrupt” sinto algum progresso a esse nível. Tens noção disso?
Sim tenho muita noção disso. Temos trabalhado imenso depois deste último Verão, para além do line-up já estar todo integrado começamos por fazer muitos temas novos. Praticamente temos repertório novo, tirando 3 ou 4 temas. Reparamos imenso nas críticas que nos têm feito e achamos que têm muita razão quanto à descaracterização pessoal, por isso mesmo trabalhámos neste sentido, no sentido da nossa própria mensagem e do que queremos transmitir. Ao lançarmos o tema “Disrupt” penso que mostramos ter ganho muito mais personalidade, digo isto não só em relação ao tema mas também em relação aos temas novos que compusemos.

Sete elementos na banda e uma postura algo próxima de Slipknot. Sei que esta pergunta é um pouca provocatória mas não receiam que este pormenor vos possa prejudicar já que se fala tanto em falta de originalidade no panorama actual?
Não acho propriamente que seja uma pergunta provocatória, sei que muita gente nos pode assemelhar a Slipknot, mas não vejo mal nenhum em fazer uma banda que contenha sete elementos, visto que existe tanta banda que tem até mais elementos do que nós e mais vulgar é ter menos elementos. Acho perfeitamente normal. Só porque temos uma banda com bastantes músicos e tocamos nu-metal assemelham-nos a Slipknot? As pessoas também deveriam ter algum sentido de compreensão porque se tocássemos doom Metal ou heavy metal, ou outro estilo musical sem ser nu-metal não nos assemelhariam a Slipknot pois não?

E agora que os Blasphemy estão mais “crescidos” e têm um mão cheia de novos temas, o que é que as pessoas podem esperar de vocês?
Sinceramente, isso não sabemos. Vamos tocar quando houver oportunidade e dar tempo ao tempo para que as pessoas possam ver-nos. Só o tempo dirá.

Achas que a mentalidade das pessoas tem melhorado em relação ao metal? Ou achas que ainda é visto como um estilo algo “marginal”? Como vês esta situação?
Eu acho que dentro do metal se faz muito e dentro do metal há todo o tipo de fãs. As pessoas cá em S. Miguel têm um pouco dessa noção, dizem que o nu-metal é o que está a dar agora, outros dizem que o gothic metal é que irá suceder ao nu-metal cá na região... Isso para mim tanto me faz, eu tocarei sempre nu-metal porque gosto, não porque está na moda, e as pessoas vão muito pelo que está na moda, talvez isso seja um factor positivo para o público ter uma melhor noção do que é o metal. Eu acho que tem aderido muita gente aos concertos de metal que se faz na região mas muita gente continua, como tu dizes, a pensar que o metal é um estilo marginal, daí que o metal não seja muito procurado pelas grandes entidades que realizam grandes concertos.

Qual é o vosso grande objectivo enquanto estiverem envolvidos no mundo da música? A música é de facto uma prioridade? Até onde vai o vosso sonho?
O nosso grande objectivo primeiramente é dar a conhecer a nossa música porque o resto depois vem com o tempo e isso logo se vê. Para nós a música é, em certo modo, uma prioridade. Sei que vivemos uma realidade em que nos Açores é impossível sobreviver às custas da música por isso mesmo temos que estudar ou trabalhar para ter uma vida profissional assegurada. Cá um músico não tem garantias na sua área, isso é um assunto muito complicado visto que estamos submetidos a uma área muita reduzida em que um jovem músico açoriano tem que saber muito bem conciliar a vida profissional com a vida de músico e depois logo se vê. O sonho de uma banda nunca morre, para nós é ter algo gravado e saber que o que temos gravado é único e principalmente é nosso.

Este mês a SounD(/)ZonE vem acompanhada de um CD-demo com a gravação de “Disrupt”, um dos vossos novos temas. Como decorreu a experiência?
Foi uma experiência nova. Correu bem, apesar de pensarmos que não estávamos prontos para gravar algo. Acho que o tema “Disrupt” demostra que temos trabalhado imenso ao longo destes últimos meses. Apesar de ter sido uma gravação caseira deu para aprender um pouco mais, a nível de técnica e de apreciarmos o que cada um faz individualmente. Gravámos este tema por pistas o que trouxe um conceito novo à banda, um conceito que nos permitiu ver que é preciso estar muito seguro naquilo que se toca.

De facto, são precisos esforços destes, por mais modestos que sejam, para se dar a conhecer um trabalho aqui na nossa região. O CD vem em boa altura já que estamos a entrar no Verão. Já têm recebido reacções ao novo tema?
Temos recebido algumas e até bastante positivas o que nos agrada efectivamente.

Fala-nos um pouco do seu teor lírico e do que ele representa.
“Disrupt” é algo que nos faz entrar em desordem ou trazer uma desordem. Esta letra fala da desordem que existe ao sermos interrompidos por algo que nos afecta imenso. Nesta letra eu falo da desordem da minha própria alma em comparação com a desordem que se vive hoje em dia.

Qual será o vosso próximo passo? Já pensam em gravar algo mais a sério?
Por enquanto vamos esperar por uns concertos e ver a reacção do público em relação ao novo repertório. Não vou dizer que excluímos a hipótese de gravar mas isso só o tempo dirá.

E para a época que se aproxima, alguma data a assinalar?
Ainda nada confirmado.

Nuno Costa
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