Entrevista Illdisposed
MARCA DE PRESTÍGIO
Com 17 anos de carreira e dez álbuns editados, poucos serão os que ainda não terão “chocado” com o universo Illdisposed. Uma experiência invejável e um death metal caracteristicamente a meio-tempo e groovy, para além de uma exposição privilegiada em virtude de um contracto com a respeitável Roadrunner Records, ajudaram a colocar a banda num lugar de topo no cenário de peso mundial. Agora com “The Prestige” a banda opera um regresso às suas origens e relega para segundo plano o experimentalismo de álbuns como “1-800 Vindication” ou “Burn Me Wicked”. Numa nova casa, a AFM Records, e atendendo a esta aproximação às suas matrizes mais tradicionais, o regresso destes dinamarqueses aos discos representa uma motivação extra tanto para os fãs como para os próprios músicos. Assim o demonstra o guitarrista Jakob Batten numa conversa muito interessante que serve também para mostrar mais detalhadamente como funcionam os bastidores da indústria musical e de uma banda com muitos quilómetros nas pernas.
Acabaram de chegar à AFM Records. Sentem a frescura de trabalhar com uma nova editora e lidar com a sua motivação extra para projectar a banda?
Sim, sem dúvida. Na Roadrunner éramos uma banda pequena entre muitas grandes. Neste momento, o nosso novo disco é uma prioridade e vai ter mais atenção da nossa nova editora.
Em que termos podemos falar que a vossa ligação à Roadrunner falhou? A maioria das vezes este tipo de major não serve os propósitos de uma banda ligeiramente mais pequena como a vossa e uma ligeira quebra nas vendas é desculpa suficiente para mandar uma banda embora… Foi isto que se passou?
Sim, simplesmente não vendemos o volume suficiente de discos para agradar à Roadrunner. Eles queriam que, no mínimo, vendêssemos 100.000 cópias de cada um dos nossos álbuns. Para além disso, o facto de termos cancelado uma grande digressão europeia com os Vader, em 2006, foi algo que eles não gostaram propriamente…
Talvez agora trabalhando com uma editora europeia tenham muitas outras vantagens. Desde a proximidade à mentalidade promocional mais underground e não tão mercantilista das grandes etiquetas…
Vamos descobrir os benefícios após o lançamento de “The Prestige”. Entretanto, a Roadrunner é uma editora europeia também…
Sério?
Sim, toda a gente pensa que é americana mas o seu quartel é na Holanda. A Roadrunner fez um grande trabalho por nós, o melhor que alguma editora fez até à data. Se a AFM conseguir manter um trabalho equiparável vamos ver como será o nosso futuro.
Dez álbuns lançados, é uma marca notável. Como se sentem?
Sim, é um sentimento estranho! Mas após tantos álbuns começas a sentir-te mais relaxado acerca de tudo à tua volta. Lançar um disco começa a tornar-se uma rotina…
Ao mesmo tempo contabiliza muitos anos neste negócio da música. Sente algum cansaço por isso?
Sim, muito cansado. Sobretudo, porque todos nós temos que manter um trabalho diário à parte da banda, outros têm filhos, etc. Não é fácil manter tudo a funcionar ao mesmo tempo.
Em relação ao negócio da música o que acha que aprendeu durante todos estes anos? O vosso percurso até se tornarem conhecidos foi fácil?
Não tivemos que percorrer um caminho muito complicado para chegarmos onde estamos, para dizer a verdade… É, de facto, uma vantagem para nós estarmos no negócio da música desde os primórdios do death metal. Acho que o cenário é muito mais complicado para as bandas novas nos dias que correm. Elas todas têm grandes expectativas em relação ao negócio da música e, portanto, acabam por ficar facilmente desapontadas. O metal não é uma “mina de ouro”!
Acha então uma vitória merecida o facto de se encontrarem onde estão?
Sim, penso que a merecemos. Até agora contabilizamos 17 anos de trabalho, mas ao mesmo tempo sinto que poderíamos ter-nos tornado num nome muito maior se quiséssemos ter feito por isso. Simplesmente, não queremos andar em tournée toda a vida, preferimos ter uma vida pessoal também.
Sente que os vossos fãs de há 17 anos são os mesmos que vão aos vossos concertos e compram os vossos discos hoje em dia?
Os nossos fãs antigos continuam a apoiar-nos e é engraçado quando tocas ao vivo e conheces pessoas que sempre estiveram nos teus concertos para te apoiar. É também fixe ver uma nova geração de fãs a aparecer nos nossos concertos para não nos sentirmos como aqueles “veteranos” que andam a tocar para reformados! [risos]
E a motivação continua a mesma de antes?
Actualmente, mudamos completamente a forma de gerir a banda. Há dez anos atrás ensaiávamos todas as semanas porque tínhamos tempo para isso. Agora ensaiamos uma vez por mês, às vezes até menos! Mas com este novo álbum sentimo-nos realmente motivados para embarcar numa tournée de novo.
Talvez a solução para manter a motivação seja operar um regresso às raízes. Podemos encarar este novo trabalho desta forma? Pelo menos não se verifica a experimentação dos últimos discos…
Definitivamente, sabe melhor viajar para trás no tempo. O nosso último álbum foi uma grande experiência e acabou por sair fora de controlo. De certa forma, destruiu o espírito da música. Contudo, continuo a achar que é um bom álbum e ainda me orgulho dele.
A AFM entrou de alguma forma na discussão para escolher a orientação musical de “The Prestige”?
Não. Nenhuma editora vai ter alguma vez voz para nos dizer como criar a nossa música e as nossas letras. Isto é uma coisa pessoal e será tudo arruinado se alguma pessoa tentar mudá-la. A Roadrunner também nos deu “luz verde” para fazermos o que quer que quiséssemos. É a única maneira de trabalharmos.
Que motivações líricas podemos encontrar em “The Prestige”?
As suas letras baseiam-se, no geral, em experiências pessoais do Bo. Falam de amor, relações quebradas e submissão sexual. No fundo, são algo com que qualquer pessoa se pode identificar.
Olhando para um título como “A Child Is Missing” podemos presumir que este tenha algo a ver com o mediático caso do desaparecimento de Madeleine McCann?
Não. Este título refere-se a quando o Bo era puto a sua mãe estava grávida. Ele ia ter uma irmã, mas a sua mãe acabou por perder o filho…
O vosso groovy death metal é, sem dúvida, uma marca vossa. Porém, sentem-se seduzidos por uma abordagem mais rápida ao death metal ou isto seria, afinal, rumar num caminho mais banalizado deste género?
Sinceramente, não nos sentimos motivados a tocar mais rápido do que tocamos. Nós temos um tema mais rápido agora e isto é o suficiente para nós! [risos] Eu consigo expressar-me melhor num meio-tempo ou em temas mais lentos.
Os vossos próximos meses serão passados na estrada, como seria de esperar. Que expectativas têm?
Esperamos divertir-nos com os nossos fãs todas as noites. Isto é, acima de tudo, o que queremos fazer. Estar em tournée não é propriamente promoção para nós, mas sim divertimento.
www.illdisposed.com
www.myspace.com/illdisposed
Com 17 anos de carreira e dez álbuns editados, poucos serão os que ainda não terão “chocado” com o universo Illdisposed. Uma experiência invejável e um death metal caracteristicamente a meio-tempo e groovy, para além de uma exposição privilegiada em virtude de um contracto com a respeitável Roadrunner Records, ajudaram a colocar a banda num lugar de topo no cenário de peso mundial. Agora com “The Prestige” a banda opera um regresso às suas origens e relega para segundo plano o experimentalismo de álbuns como “1-800 Vindication” ou “Burn Me Wicked”. Numa nova casa, a AFM Records, e atendendo a esta aproximação às suas matrizes mais tradicionais, o regresso destes dinamarqueses aos discos representa uma motivação extra tanto para os fãs como para os próprios músicos. Assim o demonstra o guitarrista Jakob Batten numa conversa muito interessante que serve também para mostrar mais detalhadamente como funcionam os bastidores da indústria musical e de uma banda com muitos quilómetros nas pernas.
Acabaram de chegar à AFM Records. Sentem a frescura de trabalhar com uma nova editora e lidar com a sua motivação extra para projectar a banda?
Sim, sem dúvida. Na Roadrunner éramos uma banda pequena entre muitas grandes. Neste momento, o nosso novo disco é uma prioridade e vai ter mais atenção da nossa nova editora.
Em que termos podemos falar que a vossa ligação à Roadrunner falhou? A maioria das vezes este tipo de major não serve os propósitos de uma banda ligeiramente mais pequena como a vossa e uma ligeira quebra nas vendas é desculpa suficiente para mandar uma banda embora… Foi isto que se passou?
Sim, simplesmente não vendemos o volume suficiente de discos para agradar à Roadrunner. Eles queriam que, no mínimo, vendêssemos 100.000 cópias de cada um dos nossos álbuns. Para além disso, o facto de termos cancelado uma grande digressão europeia com os Vader, em 2006, foi algo que eles não gostaram propriamente…
Talvez agora trabalhando com uma editora europeia tenham muitas outras vantagens. Desde a proximidade à mentalidade promocional mais underground e não tão mercantilista das grandes etiquetas…
Vamos descobrir os benefícios após o lançamento de “The Prestige”. Entretanto, a Roadrunner é uma editora europeia também…
Sério?
Sim, toda a gente pensa que é americana mas o seu quartel é na Holanda. A Roadrunner fez um grande trabalho por nós, o melhor que alguma editora fez até à data. Se a AFM conseguir manter um trabalho equiparável vamos ver como será o nosso futuro.
Dez álbuns lançados, é uma marca notável. Como se sentem?
Sim, é um sentimento estranho! Mas após tantos álbuns começas a sentir-te mais relaxado acerca de tudo à tua volta. Lançar um disco começa a tornar-se uma rotina…
Ao mesmo tempo contabiliza muitos anos neste negócio da música. Sente algum cansaço por isso?
Sim, muito cansado. Sobretudo, porque todos nós temos que manter um trabalho diário à parte da banda, outros têm filhos, etc. Não é fácil manter tudo a funcionar ao mesmo tempo.
Em relação ao negócio da música o que acha que aprendeu durante todos estes anos? O vosso percurso até se tornarem conhecidos foi fácil?
Não tivemos que percorrer um caminho muito complicado para chegarmos onde estamos, para dizer a verdade… É, de facto, uma vantagem para nós estarmos no negócio da música desde os primórdios do death metal. Acho que o cenário é muito mais complicado para as bandas novas nos dias que correm. Elas todas têm grandes expectativas em relação ao negócio da música e, portanto, acabam por ficar facilmente desapontadas. O metal não é uma “mina de ouro”!
Acha então uma vitória merecida o facto de se encontrarem onde estão?
Sim, penso que a merecemos. Até agora contabilizamos 17 anos de trabalho, mas ao mesmo tempo sinto que poderíamos ter-nos tornado num nome muito maior se quiséssemos ter feito por isso. Simplesmente, não queremos andar em tournée toda a vida, preferimos ter uma vida pessoal também.
Sente que os vossos fãs de há 17 anos são os mesmos que vão aos vossos concertos e compram os vossos discos hoje em dia?
Os nossos fãs antigos continuam a apoiar-nos e é engraçado quando tocas ao vivo e conheces pessoas que sempre estiveram nos teus concertos para te apoiar. É também fixe ver uma nova geração de fãs a aparecer nos nossos concertos para não nos sentirmos como aqueles “veteranos” que andam a tocar para reformados! [risos]
E a motivação continua a mesma de antes?
Actualmente, mudamos completamente a forma de gerir a banda. Há dez anos atrás ensaiávamos todas as semanas porque tínhamos tempo para isso. Agora ensaiamos uma vez por mês, às vezes até menos! Mas com este novo álbum sentimo-nos realmente motivados para embarcar numa tournée de novo.
Talvez a solução para manter a motivação seja operar um regresso às raízes. Podemos encarar este novo trabalho desta forma? Pelo menos não se verifica a experimentação dos últimos discos…
Definitivamente, sabe melhor viajar para trás no tempo. O nosso último álbum foi uma grande experiência e acabou por sair fora de controlo. De certa forma, destruiu o espírito da música. Contudo, continuo a achar que é um bom álbum e ainda me orgulho dele.
A AFM entrou de alguma forma na discussão para escolher a orientação musical de “The Prestige”?
Não. Nenhuma editora vai ter alguma vez voz para nos dizer como criar a nossa música e as nossas letras. Isto é uma coisa pessoal e será tudo arruinado se alguma pessoa tentar mudá-la. A Roadrunner também nos deu “luz verde” para fazermos o que quer que quiséssemos. É a única maneira de trabalharmos.
Que motivações líricas podemos encontrar em “The Prestige”?
As suas letras baseiam-se, no geral, em experiências pessoais do Bo. Falam de amor, relações quebradas e submissão sexual. No fundo, são algo com que qualquer pessoa se pode identificar.
Olhando para um título como “A Child Is Missing” podemos presumir que este tenha algo a ver com o mediático caso do desaparecimento de Madeleine McCann?
Não. Este título refere-se a quando o Bo era puto a sua mãe estava grávida. Ele ia ter uma irmã, mas a sua mãe acabou por perder o filho…
O vosso groovy death metal é, sem dúvida, uma marca vossa. Porém, sentem-se seduzidos por uma abordagem mais rápida ao death metal ou isto seria, afinal, rumar num caminho mais banalizado deste género?
Sinceramente, não nos sentimos motivados a tocar mais rápido do que tocamos. Nós temos um tema mais rápido agora e isto é o suficiente para nós! [risos] Eu consigo expressar-me melhor num meio-tempo ou em temas mais lentos.
Os vossos próximos meses serão passados na estrada, como seria de esperar. Que expectativas têm?
Esperamos divertir-nos com os nossos fãs todas as noites. Isto é, acima de tudo, o que queremos fazer. Estar em tournée não é propriamente promoção para nós, mas sim divertimento.
www.illdisposed.com
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Nuno Costa