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Review

ISOR
“Post Mortem Peep Show”

[CD - Copro/Recital]

A actual febre do metalcore que se instaurou no panorama metálico sempre me causou alguma confusão e me deixou a matutar com os meus botões. Não por outra razão mais intrínseca do que a do próprio fundamento da designação metalcore, uma vez que todo o resto até me parece bastante mais coeso e íntegro do que a defunta moda do nu-metal.

Quando oiço Killswitch Engage [um dos porta-estandartes do género], questiono-me onde fica a parte hardcore da cena, entre outros aspectos. Com tanta melodia e refrões orelhudos, sinto-me tentado a interiorizar a ideia de que o género não passa de um derivado do nu-metal, “endurecido” pela força das circunstâncias [pelo fim de uma moda, melhor dizendo, e que tão rapidamente os norte-americanos sabem substituir] por parte de alguém que temia ver a sua integridade metálica posta em causa. Sim, porque de tanto que se acusou o nu-metal de ser insuficientemente “agressivo” para ser considerado metal, tudo talvez não passe agora de um complexo de testosterona ou então o problema é daqueles que vêem demasiada brutalidade no termo metalcore…

Bem, passando ao que realmente interessa, o disco de estreia dos britânicos Isor, apraz-me dizer como nota dominante, que isto sim tem contornos metalcore, pelo menos na minha opinião, claro. Brutalidade a rodos brota dos instrumentos destes dois [sim meus senhores, são mesmo só dois] músicos, Dave Merricks, multi-instrumentista, e Nick Hemingway sentado na bateria. Durante este percurso insano de dez temas podemos presentear uma dupla cheia de talento, raiva e em latente estado de esquizofrenia. Mudanças constantes e súbitas de ritmo criam uma dinâmica muito interessante, partilhada e envolvida em cenários de "céu/inferno", que é como quem diz, harmonia/brutalidade. Títulos como “We Are The People That Watch You Shower” ou “My Best Friend Takes A 14 Round Magazine”, dizem bem da mordacidade do colectivo, empenhado em denunciar de forma bem directa e sarcástica os problemas que afectam o nosso quotidiano. Ou seja, espírito hardcore não lhes falta.

Por tudo isto, os Isor passam a merecer a nossa atenção e a aguçar a nossa expectativa relativamente a tudo o que poderá vir das suas hostes futuramente. Numa altura em que bandas como os The Dillinger Escape Plan começam a distinguir-se dentro da cena [a verdadeira, diria eu], os Isor prometem também eles vir a tornar-se ilustres outsiders, capazes de integrar este [pequeno] círculo, destemida e merecidamente.

[8/10] N.C.
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