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Entrevista Hélio Vieira (Produção AngraRock)

“Nunca esteve nos nossos propósitos restringir o AngraRock a apenas aquilo que se pode considerar como "rock puro e duro".

Hélio Vieira, director-geral da produtora Azorwaves, apresta-se a completar doze anos como responsável pela produção do Festival e Concurso AngraRock. O evento criado em 2000 configura-se como um dos maiores marcos culturais dos Açores e promete agora algumas alterações estruturais, embora preserve a variedade e a vontade de promover os artistas locais como sua principal epígrafe. Por outro lado, para os adeptos dos sons mais pesados, o AngraRock pode ter vindo a tornar-se uma proposta algo debilitante, mas Hélio Vieira sublinha a essência abrangente do termo rock e a importância de dar espaço ao talento dos músicos locais sem “compartimentos estanques ou sectarismos”.



Embora o rock seja um conceito abrangente, concorda que tem sido difícil manter as características dos artistas, tanto no concurso como no festival, dentro da suposta essência do evento?
De facto, o conceito de rock é cada vez mais abrangente porque se trata de um género musical com mais de meio século de existência, se tivermos em conta as primeiras edições discográficas de rock’n’roll. Desde os anos 60 que o rock tem absorvido as mais diversas influências, desde o jazz até à música electrónica. Quando o conceito do AngraRock foi pensado no final da década de 90 e posto em prática a partir do ano 2000, nunca esteve nos nossos propósitos restringir o festival ou o concurso a apenas aquilo que se pode considerar como "rock puro e duro". É preciso ter em conta o meio em que estamos inseridos e, atendendo a esse facto, não me parece de todo viável apostar num evento nos Açores com uma vertente demasiadamente especializada, até porque se a opção fosse, por exemplo, o metal, todos nós sabemos que dentro desse género também existem as mais variadas vertentes. O AngraRock é, antes de mais, um espaço para os músicos de cá e de outras paragens mostrarem a sua música e o seu talento de acordo com as suas influências musicais, sem qualquer tipo de compartimentos estanques ou sectarismos.

Sente alguma pressão por parte dos financiadores do evento para manter a oferta virada para as massas?
Os financiadores do evento não têm qualquer participação na escolha dos nomes que integram o cartaz do AngraRock que é da inteira responsabilidade da entidade produtora do festival. Naturalmente que procuramos todos anos, dentro das nossas possibilidades em termos orçamentais, apostar num cartaz com oferta capaz de agradar a um maior número de público sem nunca prescindir da qualidade. Pelo palco do AngraRock não passa nenhuma banda que no nosso (discutível) critério de selecção não tenha algo que justifique a sua participação. Temos apostado ao longo das dez edições do festival em bandas dos mais variados estilos e, sobretudo, trazer aos Açores bandas como Paradise Lost ou Die Happy que se não fosse o AngraRock dificilmente viriam cá.

Como tem sido a afluência de inscritos para edição deste ano do concurso?
Está dentro daquilo que tem acontecido nos últimos anos. Ou seja, é notório que existem poucas bandas na região, o que se reflecte no número de concorrentes. No entanto, as inscrições terminam a 31 de Maio e até lá contamos com mais inscritos para o Concurso AngraRock 2011 que terá lugar a 09, 10 e 11 de Junho, no grande auditório do Centro Cultural de Angra do Heroísmo.

Com as tarifas aéreas a preços proibitivos entre as ilhas, que medidas acha que podiam ser tomadas para estimular a participação de concorrentes de outras zonas do arquipélago?
Essa é uma velha questão que julgamos que não existe possibilidade de se alterar por uma razão de justiça e equidade em relação a todos os concorrentes. Por outro lado os prémios do concurso entre 1.500 e 500 euros permitem às bandas que se deslocam de outras ilhas e que se classifiquem nos três primeiros lugares serem, de certa forma, compensadas por essas despesas.

Não seria interessante, para travar a notória inconsequência dos concorrentes já premiados, oferecer, total ou parcialmente, como um dos prémios, uma gravação num estúdio profissional?
Essa é uma possibilidade que já equacionámos mas que coloca alguns problemas em termos práticos. Julgamos que, apesar de tudo, é preferível atribuir um apoio monetário porque assim cada banda aplica o valor do prémio naquilo que considera mais prioritário (gravação em estúdio, aquisição de material, instrumentos, etc).

Para Setembro estão já confirmados alguns nomes, mas não se vislumbra um grande pendor para o peso. Haverá inclusivamente a presença de um DJ. Pode-se com isso, definitivamente, esquecer que o AngraRock é um festival alternativo?
Estão ainda por anunciar alguns dos nomes que fazem parte do cartaz do Festival AngraRock 2011, mais concretamente a banda que encerra a primeira noite (2 de Setembro) e uma banda convidada para a segunda (3 de Setembro). Enquanto a segunda noite será dedicada a sons mais pop/rock, por força da participação dos GNR, a primeira será, seguramente, "mais pesada". Quanto aos DJ's, vão actuar após os concertos e são uma forma de animar o recinto por mais algum tempo.

Para evitar a interrupção do evento, como se registou o ano passado, estarão planeadas formas de aumentar a receita e consequente auto-subsistência do evento?
Pela primeira vez, o Festival AngraRock terá entradas pagas, embora se trate de valores que se podem considerar como simbólicos - 7,5 euros para uma noite e 10 euros para as duas. Numa altura de contenção, em que o orçamento do festival foi reduzido, essa poderá ser uma forma das pessoas também contribuírem um pouco de modo a que possa ser assegurada a sua continuidade no futuro.

Há algum tipo de upgrade programado para as edições deste ano do concurso e festival AngraRock?
Tal com aconteceu na primeira edição, em 2000, o Festival AngraRock volta a realizar-se em apenas duas noites e não em três como era habitual. Teremos também as entradas pagas. Em relação ao concurso, mantém-se tudo na mesma, porque consideramos que se trata de um modelo que funciona e não vale a pena alterar só por alterar.

Nuno Costa

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