HUMANART e a revolta com o underground nacional
FOTO: Susana Vieira |
«Lightbringer»
é o culminar de dezasseis anos de luta, especificamente de JJ, guitarrista e
mentor do colectivo de black metal de Santo Tirso HUMANART. Editado em Abril de
2014, o álbum de estreia do grupo nortenho é o seu grande foco de atenção (com pelo menos mais um ano de promoção dedicada à estrada), mas apesar da convicção
na qualidade do seu trabalho, JJ confessa que está cada vez mais desiludido com
o underground nacional e acredita mesmo que "forças estranhas"
tentaram "abafá-lo".
"O
sucesso deste trabalho só não teve para já mais eco no nosso país porque
'forças estranhas' tentaram abafá-lo e denegri-lo", afirma à Ode Lusitana (ler aqui), considerando,
no entanto, que está satisfeito com as reacções vindas do estrangeiro.
Já sobre o
underground nacional, o músico não tem dúvidas sobre a sua inabilidade para ser
unido, mesmo que proliferem as bandas e os eventos para actuar.
"O underground nacional está disperso e desestruturado pelos factores que
já mencionei e mais alguns, e nem me vou pôr com saudosismos do tempo das zines
em papel (que vou matar agora) e dos grandes eventos a que todos acorriam em
massa pelo prazer de apoiar o underground. As coisas mudam e há que
tentarmo-nos adaptar, mas a desilusão passa por outros factores. Dou-vos o
exemplo do ridículo de não nos convidarem para a participação em determinados
festivais, pois não nos viram nas últimas edições dos mesmos no público, quando
já comparecemos a inúmeras edições de alguns. E mesmo que não o tivéssemos
feito, qual era o problema?", conclui, questionando ainda a isenção da
comunicação social. "Há publicações que só publicitam e dão relevo às
bandas dos amiguinhos."
Os HUMANART actuam a 14 de Março no Monasterium Fest, em Paços de Ferreira, com os DOR NA RÓTULA, EVILLUTION, ASHES REBORN, SKINNING, TOXIK ATTACK e ADARKPLACE. Os concertos têm início pelas 21h30 e o bilhete custa 4 euros.
O grupo formou-se em 1998 e mostrou-se pela primeira vez em 2000 com
a demo «Fossil», gravada nos estúdios Rec'n'Roll com Luís Barros [TARANTULA].
Quatro anos depois regressam com nova demo,
«Hymn Obscura», pouco antes do guitarrista JJ ver os seus colegas abandonarem o
projecto. Em 2007 conseguem repor a normalidade na sua formação e nos meses seguintes lançam a cassete «X Years Of Black Crusade», comemorativa de uma década de carreira, com dois temas originais e
uma versão dos CARPATHIAN FOREST. Em 2014 chega então «Lightbringer», editado em Abril de 2014 e produzido por André Rodrigues nos FullPower Studios, em Braga.