Nuno Rodrigues [W.A.K.O.]: «Estamos todos a ruir por dentro»
Há treze anos, quando um grupo de adolescentes se juntou para
tocar metal na cidade de Almeirim, adoptando o acrónimo W.A.K.O. [We Are
Killing Ourselves], talvez nunca pensasse que o seu significado se mantivesse tão actual ao fim de tanto tempo. Segundo o vocalista Nuno Rodrigues, em entrevista ao Portuguese Distortion, o nome da banda continua a poder-se seguir à letra, mesmo que internamente a sua interpretação tenha tomado um sentido mais contemplativo e menos contestatário.
"[O nome da banda] É mesmo
dedicado a tudo o que nos envolve. A toda a realidade, a todos os alicerces
obscenos e obsoletos que suportam todas as éticas e valores morais, ao instinto
do Homem e a todo o processo de auto-destruição, à procura insana por algo
ancestral ou divino e ao desejo do Homem de se colocar nesse papel para depois
perceber que poderá destruir tudo", argumenta.
Apesar do frontman entender que W.A.K.O. já não reflecte "uma crítica mas sim uma consciencialização desses valores", a verdade é que continua a percepcionar a decadência do Homem como algo bem palpável. "Estamos todos a ruir por dentro e exteriormente, e esta é a nossa
'wake up call'. Há mais bandas a fazer isso. Esta é a nossa forma de apelar ao
pessoal para não se deixar de preocupar com a vida e com o que se passa à nossa
volta. Mantenham os vossos valores e tentem descobrir algo de bom dentro do
Homem."
Paralelamente, o também membro dos CUT manifesta algum optimismo face à capacidade das pessoas estarem hoje mais despertas para os problemas sociais. "Apesar de poder ser
assustador pensar que passaram treze anos e nada mudou, a verdade é que as
coisas estão a mudar e cada vez mais há pessoas com muito mais
consciência, com mais percepção da realidade e sensibilidade perante as
coisas."
Os W.A.K.O. têm ocupado os últimos meses com a preparação do
seu terceiro longa-duração. Em Abril, o guitarrista João Pedro revelou que mais
de metade do novo disco está concluída e já em Agosto, na antecâmara do concerto no Vagos Open Air, Nuno Rodrigues explicou que depois da presença no emblemático festival, o objectivo é dedicarem-se exclusivamente ao sucessor de «The Road Of Awareness» (2011). "Já temos vários temas
feitos. O conceito está quase acabado, bem como a sua respectiva temática", declarou ao programa Alta Tensão [Antena 3].
Em Fevereiro último, os W.A.K.O. apresentaram Marcelo Aires como seu novo elemento. Aires é actualmente um dos bateristas mais activos da cena de peso nacional, fazendo parte dos SULLEN, COLOSSO e PÃODEMÓNIO (projecto de jazz/fusão), registando ainda passagens, como músico efectivo ou de sessão, pelos NEBULOUS, OBLIQUE RAIN, HEAVENWOOD, SLEEPING PULSE e HUSKY RIDERS. O músico do Porto, de 24 anos, substitui assim Bruno Guilherme que abandonou (amigavelmente) o grupo de death metal moderno ao fim de três anos de colaboração.
Os W.A.K.O. regressam já este sábado aos palcos para uma actuação no RCA Club, em Lisboa, com os QUINTETO EXPLOSIVO, THE QUARTET OF WOAH!, HO-CHI-MINH e SKILLS AND THE BUNNY CREW. O evento, inserido no Rockline Tribe Fest IV, tem início pelas às 20h30.